2: aperte o play para começar

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PLAYLIST
Rachel Platten - Fight Song
Ariana Grande - No Tears Left To Cry
Nina Simone - Feeling Good

🥊🎼

L I Z

Eu não sabia exatamente o que estava fazendo quando decidi colocar os pés na sala de dança. Céus. Não era para ter estado ali e eu sabia que aquilo era muito errado. Apesar de ir contra todas as minhas convicções, a situação poderia ter sido muito desastrosa se Hunter não estivesse comigo naquele momento.

Os alunos de artes costumavam ser bem territorialistas e regrados quando relacionado a algo deles, isso incluía a sala de dança. E eu não os culpava, tinha havido alguns, digamos, ataques, lá. Então não era para menos que eles tivessem todo esse cuidado. Eu não sabia bem sobre eles, afinal eu ainda era apenas uma caloura, mas parecia ter sido algo bastante incômodo ao ponto de eles terem tomado esse posicionamento um tanto quanto rude e radical.

Me sentia um pouco culpada e também preocupada, já que meus sapatos e meu som portátil continuavam lá. Por ora, eu preferia confiar em Hunter na missão de trazê-los para mim, em especial a minha caixinha de som, que havia sido um presente da minha mãe de quando eu ainda era apenas uma criança.

Eu ainda andava em passos rápidos e cambaleantes com os sapatos enormes de Hunter, que eu julgava calçar algo na faixa dos quarenta... o que era demais para mim, já que eu calçava trinta e cinco. Eu me sentia grata por ele ter me emprestado, apesar de não ter o agradecido, torcia para que ele soubesse disso.

Eu costumava praticar dança contemporânea e balé quando mais nova e mesmo a dança sendo uma grande paixão, eu nunca vi isso como uma possível profissão. Eu sempre recorria a ela quando me sentia com algum problema e em momentos difíceis, era como se fosse minha válvula de escape e um lugar de fuga quando me sentia insegura com algo ou alguém. Até que decidi torná-la minha profissão.

E no momento, eu me sentia pressionada por estar em uma rotina completamente nova e contrária ao meu eu de alguns meses atrás.

Minha mãe costumava dizer que o ser humano precisava de uma âncora para aguentar as coisas na vida. E, talvez, a dança fosse a minha.

Andei mais alguns passos antes de avistar o prédio de cor bege a minha frente, subi uma pequena escadaria antes de adentrá-lo e fiquei um pouco frustrada ao ver que o elevador estava em manutenção, mais uma vez, naquela mesma semana. Suspirei fundo até encarar as longas escadas até o quinto andar, onde eu morava com Katherine. Minhas pernas estavam bambas e meu peito subia e descia de tão ofegante que eu estava, mas depois de longos minutos, eu estava dentro do meu apartamento.

Vi Katherine no sofá assistindo alguma coisa na televisão, que eu julgava ser algum reality show em que ela era incrivelmente viciada. Ela tinha uma maleta de objetos de manicure no sofá, enquanto cerrava suas unhas e parecia bem concentrada no que estava fazendo. Sem trocar olhares ou dar uma palavra, pois eu estava com pouco fôlego e com muita sede, eu apenas a ignorei ali e fui direto para a geladeira, pegando a minha garrafinha com a água bem gelada.

— Para onde você foi e por quê está usando esse sapato? — Ouvi sua voz curiosa me questionar e virei para encará-la, ela me olhava da cabeça aos pés, tentando procurar por alguma coisa. — Espera... esses sapatos...

Eu olhei para os meus pés, balançando-os em seguida. Eram escuros, dava para notar que não eram novos, mas não deixavam de ser bem cuidados. Eu dei mais um gole na água antes de enfim respondê-la.

— É do Hunter — falei sem rodeios e antes dela começar a teorizar alguma coisa quando a vi arquear as sobrancelhas, eu neguei rapidamente. — Seja lá o que você está pensando, pare. Eu fiz algo errado e ele me ajudou.

NOCAUTE | Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora