NOCAUTE | Livro 1

17: silêncio pode ser bom às vezes

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🥊🎼

L I Z

— Como assim você caiu em cima do cara quando foi beijá-lo pela primeira vez? — disse Chris, rindo pela milésima vez da história que eu havia contado sobre o meu primeiro beijo.

Nós estávamos na Stones, eu tinha vindo para cá para comer alguma coisa e acabei acompanhando Christian que estava no mesmo caminho que eu. Estávamos conversando por algum tempo, até mesmo tínhamos terminado nossos lanches. A companhia dele era muito agradável e não tinha clima estranho entre nós mesmo depois de toda aquela situação.

Ainda bem, até porque eu fiquei totalmente envergonhada sobre tudo ter sido exposto e como foi exposto, Katherine tinha tentado arrancar algo de mim na mesma noite, mas eu estava embaraçada demais para poder comentar algo com ela.

— Pressão baixa — rolei os olhos — Eu levantei muito rápido quando ele disse que gostava de mim, minha pressão baixou e eu caí para frente. Ele achou que eu tinha desmaiado, mas eu fiquei bem depois de alguns segundos — Chris riu mais uma vez — Para de rir!

— Desculpa, me desculpa — tentou falar entre as gargalhadas, mas aos poucos cessando sua crise de riso, um pouco ofegante ele tentou continuar — Ele deve ter se assustado de verdade.

Eu balancei a cabeça, dando um riso fraco e acompanhando o humor de Christian, mas ele ficou sério quando viu Pen. Eu levei meu olhar a minha amiga e ela tornou seus lábios pressionados um no outro, suavizando logo depois. Os dois abaixaram o olhar, mas tentaram disfarçar a situação olhando para mim, o que me fez desconfiar ainda mais da situação.

— Precisa de mais alguma coisa, Lizie? — questionou Pen, perguntando calmamente com a voz doce de sempre, mas parecia claramente afetada. Poderia ser coisa da minha cabeça, mas eu tinha quase certeza que era algo relacionado a Chris e eu não seguraria minha língua para nenhum dos dois.

— Não — sorri gentilmente, algo que me foi retribuído.

Penny fez a mesma pergunta para Chris, que a respondeu - negando - sem tirar os olhos do copo de suco quase vazio do líquido avermelhado que antes estava cheio até o topo. Ela murmurou um "ok" baixo, saindo dali em passos rápidos.

Eu observei Chris e em como suas expressões mudavam gradativamente, eu não precisava conhecê-lo há anos para saber que tinha algo ali. Ele era bem transparente apesar de estar sempre bem humorado, então não era tão difícil notar que tinha algo diferente ali.

— O que há com vocês? — perguntei enquanto mexia no meu canudo, mas sem tirar o olho dele, prestando atenção a cada detalhe dele ali.

— É tão na cara assim? — fez uma careta duvidosa e eu assenti, confirmando para sua pergunta — Sinceramente, eu acho melhor você perguntar para a sua amiga, ela é complicada demais.

— Por que?

— Não sei te responder isso, Liz, mas nem tudo sai como planejamos — afundou-se na cadeira, bufando logo em seguida e dando uma breve olhada para Pen que atendia um casal próximo a nós — Nós temos... na verdade tínhamos um lance, mas Pen tem algumas pendências que só a faz andar para trás, mesmo que eu diga que não me importo com isso.

Eu não entendia todo o contexto daqueles dois, afinal, já me sentia um pouco surpresa por descobrir que eles tinham algo. Devo dizer que ambos eram bons na arte do disfarce até aqui, já que eu não tinha percebido nenhum sinal de que eles pudessem ter um tipo de relacionamento. Já tínhamos vindo para cá em grupo antes e eu nunca tinha observado como eles se comportavam um na frente do outro.