As emoções humanas são, até hoje, um grande mistério para todos nós. Tratam-se de verdadeiros impulsos comportamentais que transcendem o pensamento racional, os quais nos levam a novos patamares de percepção do "viver".
O sentir e contagiar do que conhecemos como emoção vai muito além do que podemos imaginar.
Está presente nos mares, nos céus, na terra e nos montes, assim como nas mais poderosas tempestades e erupções vulcânicas, nas gélidas montanhas e nos cânions mais extensos, até as fendas mais profundas do planeta...
Finalmente, em nós.
A energia que tudo circunda, tudo toca e tudo conecta, em sua grandiosa origem, oculta dos olhos nus, permanece em constante manutenção, sem pausas para descansar.
Posso assegurá-los que já senti, literalmente, o que é a mais pura emoção aflorar e queimar na pele.
Porque eu sei como a verdadeira face da emoção se parece.
Porque eu já estive lá.
"FLASH!"
Um flash de luz era disparado de uma câmera fotográfica. Em um único instante de tempo, um fragmento do mundo era eternizado em um display digital; a imagem singela de uma borboleta branca, a descansar sobre uma folha verde ao meio de um mato de flores claras, era capturada.
Por trás da câmera, estava um rapaz de cabelos castanhos curtos, rentes à nuca, ainda que volumosos, com suas pontas sutilmente espetadas, formando um penteado bonito e moderno. Seus olhos azuis claros apresentavam-se sempre bem focados ao que o rapaz punha-se a fazer, como se por conta própria, estes tivessem um mecanismo próprio de 'zoom': suas pupilas dilatavam, igual fazia o diafragma de sua câmera.
Com seu dedo indicador, o garoto clicou mais uma vez, agora sem disparar o flash. Registrava os detalhes do inseto em repouso com cautela e paixão. Clicou mais, movido por sua intrínseca curiosidade.
Não demorou muito para que a tão delicada borboleta branca levantasse voo. O jovem fotógrafo amador surpreendeu-se com o bater de asas de sua musa, arregalando levemente seus olhos doces que a seguiam por toda a sua elegante trajetória.
Keiha sorriu.
O rapaz, então, caminhou em direção ao prédio universitário: encontrava-se no campus da universidade Kyokanjo. Podia ouvir as pessoas conversando, mas não as escutava; prestava atenção naquilo o que lhe interessava.
Era mais um dia de estudos.
Ele se aproximou de um dos elevadores que ali haviam, o único disponível, cujas portas se abriam:
"Subindo!" disse a funcionária dentro da cabine.
Keiha entrou, sem pressa:
"Subindo..!" ele repetiu, em murmúrios.
Magro e alto, o rapaz vestia uma camisa social branca, impecável, abotoada até o último botão, por baixo de um suéter quadriculado, cinza e azul, com suas mangas compridas em tons mais escuros. Parecia bastante confortável.
Suas calças combinavam com suas mangas e seus sapatos, polidos e castanhos, combinavam com seus cabelos. Ele carregava uma bolsa a tiracolo transversal ao estilo mensageiro nas cores azul e marrom em seu ombro esquerdo.
Keiha não olhava para as pessoas, mantendo seus encantadores olhos aéreos a flutuar por qualquer vislumbre que passasse por sua mente.
"DING!" fez o elevador ao chegar ao seu destino.
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Katathorium
AdventureKeiha Mishima é um jovem estudante universitário apaixonado pela arte da fotografia. Ao meio de uma misteriosa crise global de surtos emocionais, Keiha é surpreendido por uma oculta face da realidade conhecida como "O Katathorium", que passa a se ma...