Katathorium

Reencontro

...

Em algum lugar no Katathorium, nascia um guerreiro.

O céu era laranja.

A água, um profundo azul.

De pé sobre a fina camada de azul, Keiha não guardava mais mágoa.

Um lindo pôr-do-sol podia ser visto, iluminando a infinidade molhada que tocava seus pés descalços tão gentilmente. Sem muito som, o garoto admirava o horizonte de cores complementares com olhos da mais pura melancolia. Uma imensa torre tocava o céu, muito longe dali.

Melancolia.

Suave, complexa.

De Motus azuis, intensas e profundas,

como um oceano de incontáveis lágrimas moribundas.

A eterna doçura nos olhos de Keiha mesclava-se a uma belíssima, mesmo que tão simples, tristeza. O que mais podia o aguardar? Cheio de feridas em seu rosto e corpo, tinha certeza de uma única coisa: suas vestes brancas e coladas ao corpo provavam-se incrivelmente resistentes.

Ele fechou os olhos devagar.

E sem mais delongas, ouviu uma voz:

"Bem-vindo à sua provação final..."

Keiha abriu seus olhos, de súbito, em mais um arquejar vindo de sua alma. Trêmulos de tamanha surpresa, sentiu sua Motus subir seu corpo de uma vez só.

O garoto virou sua cabeça na direção da voz, vinda de trás...

"... Querido."

Satou Umegaki abriu seus braços. De pé, à alguns metros de Keiha, vestia em seu corpo seu traje, como um verdadeiro Guardião Lacrimal. Sua capa esvoaçava com o vento fraco daquele lugar.

O rosto de Keiha, tomado pela mais genuína surpresa, passava a desabar. Desmoronavam-se suas sobrancelhas, apertando-se contra seus olhos que, por sua vez, apertavam-se por si só: Uma expressão triste.

A tristeza que tangenciava a linha tênue do alívio, da gratidão, do amor, do susto e da preocupação.

O menino, tão apaixonado pela simples arte de fotografar, correu em direção àquele que sempre estivera ao seu lado, acelerando, quase ao ponto de tropeçar.

Caía sobre Satou com toda sua alma. Era leve como uma pluma. Envolviam-se num abraço; o mais lindo abraço. Keiha não continha suas lágrimas, rangendo seus dentes e apertando seu companheiro com a força que ainda lhe restara.

O mais novo guardião lacrimal sorriu, em melancolia, confortando seu amado.

O mais firme e forte abraço, a mais delicada manifestação da Motus:

Lágrimas de coragem ao enfrentar a tristeza. 

...