Exolvuntur

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Era de manhã.

O Sol chegara, anunciando mais um dia.

A televisão, finalmente dava boas notícias:

"Domingo, 29 de Novembro de 2020! A NHK tem o orgulho de anunciar o fim de casos de histeria em todo território nacional." dizia a âncora. "Estima-se que os últimos estragos causados pelo inexplicável pânico que temos acompanhado em todo o mundo durante o ano devem custar o equivalente a 100 vezes o desastre nuclear em Fukushima, em 2011. De fato, não há precedentes..."

"As imagens a seguir foram gravad-"

Antes que pudesse mostrar mais desastre e tragédia, a televisão foi desligada.

Alguém estava cansado de catástrofes.

Satou Umegaki encontrava-se em um quarto de hospital. Deixando o controle remoto na cabeceira ao lado de sua cama, tinha um copo d'água para beber. Contemplava a vista da cidade de Tokyo, ainda com rastros de destruição, pela janela. Em suas vestes hospitalares, não dizia uma palavra.

Suspirou, deitando sua cabeça em seu travesseiro.

...

Até que ouviu alguém bater na porta:

"Umegaki-san?" chamou, a voz de uma enfermeira.

"Entre."

A porta abriu. Sorrindo, ela o cumprimentou:

"Bom dia..! Está um lindo dia hoje." aproximando-se, fazia questão de arrumar a cabeceira. Haviam alguns cartões espalhados por cima dela, no nome de 'Taishi Nakaguchi'.

"Sim..." Satou concordou.

A enfermeira o fitou:

"Você tem visita!"

"..?" Satou a olhava de volta, curioso.

"Venha, venha!" a enfermeira, animada, sorria com os olhos à entrada. Vagarosamente, criando tensão e expectativa até o último segundo, veio ele:

Keiha Mishima.

"Bom dia, Satou-senpai!"

Vestido apenas em sua camisa social branca, trazia flores azuis e brancas em um lindo buquê. Ele sorria, com seus habituais olhos tão doces e preenchidos de azul claro brilhante. Seu olhar puro e incongruente não mudava nunca, sempre aéreo, sempre disperso... Mas nunca fora de foco daquele que amava.

"Mishima-san veio até aqui para levá-lo de volta par casa. Você recebeu alta!" revelou, a enfermeira.

Satou surpreendeu-se, de olhos levemente arregalados. Sua boca, um pouco caída, logo unia-se em um sorriso sincero, emocionado.

Eternamente conectados por sua Motus, os garotos sorriram um para o outro.

...

De saída, Keiha fazia companhia a Satou pelas ruas, ainda abaladas. Era como se, recentemente, tivessem passado por uma enxurrada de fenômenos naturais, mas já estivessem trabalhando em sua reconstrução: tudo quase em seu devido lugar. Os rapazes seguiam caminho:

Juntos, compraram doces. Comeram.

Juntos, assistiam a vida voltar ao que era.

Juntos, celebraram através dos mais pequenos gestos: em abraços apertados, momentos de silêncio e conversas soltas sobre quaisquer assuntos. Geralmente, fotografia; era sobre o que Keiha mais falava o tempo inteiro, afinal.

Juntos, sentaram-se em um banco claro em uma praça. Um lindo jardim em verde e branco de detalhes azuis claros e escuros. Podiam ouvir o som de água corrente, uma vez que, por ali, havia um breve rio de águas finas...


...


Também vestido de branco, Satou aproveitava o momento tão pacífico para tirar de sua mente o último tormento que o mantivera acordado durante as noites. Ele perguntou a Keiha:

"E se ele voltar?"

Mishima fez silêncio, sem conseguir esconder a sutil surpresa que acendia em seu olhar por um único instante. Logo, sorriu em seguida, olhando para o céu azul, sem nuvens.

Pensou um pouco.

"Se ele voltar..."

"..."

"... Então, voltaremos também."

Uma borboleta branca pousava sobre uma flor da cor da luz do luar. 

KatathoriumOnde histórias criam vida. Descubra agora