Vendido

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Eu acordo com o sol batendo em meu rosto e me sento na cama me levantando e vou ao banheiro. Faço minha higiene pessoal e sento-me em frente ao espelho penteando meu cabelo escuro e observo meus intensos olhos azuis.

- Castiel! - ouço o grito de meu tio.

Desço depressa e vejo meu tio sentado na cadeira da cozinha.

- Sim tio - pergunto.

- Prepara o café da manhã - mandou.

Eu obedeci sem reclamar, temia ter mais agressões do que eu já sofria, desde que vim morar com ele. Eu preparei chá e panquecas, ele comeu em silêncio e logo se levanta.

- Ficarei fora o dia todo - ele fala sério.

Eu subi, tirei meu pijama e pus uma camiseta azul com uma calça jeans apertada e ajeitei meu cabelo.

Desci arrumando a casa, não ligava de ficar sozinho, preferia mil vezes estar sozinho do que com meu próprio tio que era um viciado em apostas e vive cheio de dívidas, mesmo que eu o odeie, ele é tudo o que eu tenho. Deixo a casa brilhando e deito no sofá da sala ligando a TV e vejo o noticiário:

- Casal encontrado morto em praça, sem uma gota de sangue e marcas no pescoço, estão sendo feitas investigações sobre o caso. Pelo que sabemos, Drácula voltou dos mortos, o Drácula da noite.

Eu rio pensando na notícia e acabo dormindo.

(...)

Acordo depois e vejo no relógio que são quase meio-dia, vou preparar minha comida e como um arroz com cenoura sozinho, como sempre fazia; Meus pais não estão comigo, morreram em um acidente de carro e fiquei com meu tio, eu sofro nas mãos dele, sinto dores por meu corpo só de pensar no que ele me fez.

Além de tudo o pior foi há dois meses atrás, ele havia bebido e no mesmo dia perdi minha inocência para ele. Choro só de pensar no terror que foi naquela noite, subo ao meu quarto e fico o dia todo lá. A noite chega e eu ouço barulhos vindos da cozinha, eu chego à escada e ouço meu tio:

- Eu não quero mais fazer isso...

- Fizemos um acordo, dinheiro por ele você tem dívidas comigo - ouço outro homem.

- Não vai tirar ele daqui, só sobre o meu cadáver - meu tio fala - Afinal ele não está.

Entro em desespero ao ver que eu tinha sido dado como um objeto a um estranho. Antes que eu perceba sou de repente puxado para a cozinha.

- Ora, parece que alguém estava ouvindo nossa conversa senhor - outro homem fala me derrubando no chão.

Eu olho pra cima. Meu tio me olha com raiva, mas logo desvio o olhar para o homem ao lado dele que vestia roupas e botas pretas, e usava uma roupa de época. Parecia um deus grego, cabelos loiros e olhos verdes lindos, ele me olhava e eu notava seus olhos cintilarem, ele se virou para o meu tio.

- "Não está em casa", levem-no - ele mandou.

Homens seguraram meus braços, eu me debatia tentando me soltar a todo custo e eles me arrastaram para fora da casa, eu tinha que fugir, então num piscar de olhos eu dei uma cotovelada em um homem e soquei outro correndo depressa para o mais longe que pude ir. Mas alguém me segurou e colocou algo em meu nariz, eu fiquei zonzo e tudo embaçou até escurecer.

Ouvi mais algumas vozes e logo não tenho a mínima idéia do que houve depois.

(...)

Acordo deitado em uma cama enorme e olho ao redor. Me vejo em um quarto antigo, tento levantar, mas estou preso na cabeceira da cama por correntes, eu puxava tentando me soltar quando de repente a porta abre e o homem de antes aparece novamente.

- Vejo que acordou - ele fala suavemente.

- Onde eu estou? Que lugar é esse? Quem é você? Porque me trouxe para cá e porque estou preso?

Ele segura meus lábios me olhando irritado e suspira revirando os olhos.

- Você faz perguntas demais. Em primeiro lugar você está na minha casa e seu tio te vendeu para mim - ele fala soltando meus lábios.

Eu sinto pavor só de ouví-lo, eu sinto meus olhos se encherem de lágrimas e fecho os olhos sem saber como reagir a essa notícia. Sinto ele soltar meus pulsos e assim que me solta, eu o empurro e corro depressa tentando chegar à porta, mas ele segura meus braços e aperta ao mesmo segundo que sinto meu rosto arder e estou caído no chão.

- Não me desafie, Castiel - ouço ele dizer meu nome.

- Eu não quero ficar - choro.

Ele me ignora e me agarra me colocando na cama e prendendo apenas meu pulso direito.

- Eu não quero te machucar, mas se você for contra as regras vai receber uma punição.

- Que regras? - pergunto.

- Primeiro, não vai nunca mais sair desta localização. Segundo, só vai se dirigir à mim quando eu falar com você. Terceiro e mais importante, às oito em ponto deve ficar em seu quarto até amanhecer. E quarto, quando eu mandar deve me obedecer.

- Eu não quero obedecer à você, me deixe ir embora.

Ele sai e eu fico preso na cama, choro. É tudo o que eu podia fazer.

Fui vendido, tive que encarar.

ᴠᴇɴᴅɪᴅᴏ ᴀ ᴜᴍ ᴠᴀᴍᴘɪʀᴏ | ᴅᴇsᴛɪᴇʟ ᴀᴅᴀᴘᴛᴀᴛɪᴏɴOnde histórias criam vida. Descubra agora