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O sobretudo estava aberto, seus olhos se acostumaram com a claridade, nesse momento não conseguia desviar o olhar do corpo de Ashy.

— Você ouviu o que eu disse? – Ashy rosna e Marco por fim ergue o olhar para encarar a expressão seca da mulher.

— Não é possível... Não, não, não... é impossível! – Marco desliza para fora da cama. Em passos rápidos para frente a mulher, com a respiração ofegante. – Há quanto tempo...

— Isso não importa! Eu vou pegar minhas e coisas e...

Marco segura com brutalidade o rosto de Ashy com apenas uma mão, a fazendo se chocar contra a parede.

— Essa criança em seu ventre não pode ser minha! As possibilidades eram mínimas! De quem é...

Ashy o chuta o fazendo ir para longe. Ela fecha o sobretudo escondendo sua barriga já volumosa.

— Eu sabia que você ia ter essa reação idiota! – Ashy rosna abrindo a porta do quarto e saindo em passos apressados. – Estou indo!

Marco vem logo atrás, a alcançando no corredor, a segurando firme no braço, o silêncio se instala por alguns instantes, enquanto se encaravam com um olhar mortal.

— Volte para o quarto! Vamos ter uma conversa civilizada...– Marco esfrega o rosto ainda descrente e solta o braço de Ashy.

— Eu não quero conversar com um homem sem graça. Por um instante achei que você havia retornado, mas me enganei. – Ashy rosna voltando a caminhar pelo corredor em direção a escada.

— Se esse filho for meu...

— Ele todo seu! Eu não quero nenhuma criança! É inconveniente para mim! – Ashy sai batendo a porta da frente.

   Marco encara a porta, os olhos paralisados, focados sem nem mesmo piscar. Ele bagunça os cabelos e senta na sua poltrona. O sono havia lhe abandonado.

Encarando as mãos, sem que percebesse um sorriso genuíno surgiu em seu rosto. Uma criança com seu sangue, seu herdeiro legítimo.

Ele se levanta apressado, quase a correr, saindo de casa. Na rua, já bem distante, ele vê Ashy com as mãos no sobretudo, caminhando rumo ao portão do condomínio. Ele corre para alcança-la.

— Ashley Bradson, pare aí mesmo! – grita em ordem, a garota aumenta o ritmo dos passos e logo está correndo também.

Ela passa pelo portão, tomando o caminho de terra da floresta que está escura. Marco não se detém, a segue sem fraquejar. Seus anos de corrida na esteira faria jus naquele momento, aumentando o ritmo de seus passos. Longos minutos se passam até que Ashy arfa, parando de correr.

   Tomando ar, ela pragueja irritada pela sua condição.

Marco a alcança também ofegante, ele a agarra pelos ombros a fazendo encara-lo.

— Por que correu?

— Eu não recebo ordens! – Ela o faz a soltar com brutalidade.

— O que deu em você? – Rosna ao ver a reação irritada da garota.

— O que deu em mim? Olhe para você! Para o que se tornou! Está longe de ser o homem que eu me sentia atraída. Agora é só um homem bobão!

— Estou cuidando da educação das crianças! Elas precisam disso, Ashy! Precisam se socializar, viver a inocência enquanto podem! Nem todos são Cod-X!

— Mas você é um! Ou era... rejeitado ou não continua a ser um Cod-X! Você sabe muito bem que nesse mundo, os fortes sobrevivem! Eles precisam aprender a se cuidar!

      Código X-04Onde histórias criam vida. Descubra agora