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* Alguns dias depois*

Era madrugada, Ashy estava sentada no chão da cozinha de pernas cruzadas e olhos fechados.

~Sonho on ~

— Hahaha hahaha...

— Venha Ashy..._ a voz de um garotinho a chama. Tudo está embaçado, mas ele tem olhos azuis como o dela.

— Hugo! Ashley! Venham, hora do banho!

***
—Não, por favor! Ela é só uma criança! Ela não tem culpa! Ela...

  Disparo de uma arma ecooa por um beco escuro e o grito de uma menininha assusta se torna ensurdecedor.

~Sonho off~

     Marco saí do quarto em passos leves, boceja e abre a geladeira, ao olhar para o lado toma um grande susto ao ver Ashy o encarando sem expressão enquanto o observava assaltar a própria geladeira.

— Crise de ansiedade? – Ashy sussurra calma e volta seu olhar para a parede a sua frente.

— Eu não tenho crise de anciedade. – Marco diz sério pegando o pote de sorvete e Ashy arqueia a sobrancelha. – As vezes...

— Tudo bem então. – Ashy fecha os olhos e Marco a encara.

— Pelo menos dorme? – Marco pergunta e Ashy suspira maneando a cabeça.

— Eu estava dormindo quando você resolveu sair da cama como um ladrão no meio da madrugada. – Ashy sussurra. – Assaltando a própria geladeira...

    Marco bufa e enfia a colher no sorvete e experimenta.

— Você quer? Não te vejo comer também.

    Ashy tira de trás de si uma lata de feijão enlatado e  Marco faz uma careta.

— Isso não é comida. – Marco resmunga com desgosto.

— Eu vivo com o mínimo. Eu aprendi a viver assim. O que não é comida para vocês senhores do monopólio, é um banquete para muitos. – Ashy diz seca.

— Senhorita Ashley, como se tornou uma assassina de aluguel? Como deveria dizer?... Como foi sua vida para lhe fazer se tornar esse tipo de pessoa? – Marco se escora no balcão encarando Ashy com um olhar intrigado, no rosto da garota não há resquício de humor, parecia que nunca havia.

— Como um garoto mimado se tornou um dos grandes acionistas do mercado? Herança? Quem matou seu pai? Você? Sua mãe? Parentes interessados na fortuna? Um segundo ou terceiro acionista que queria que seu pai vendesse a maior parte da empresa para eles, mas lhe foi negado? A máfia é seu ponto forte ou prefere a vida de acionista? – Ashy levanta devagar e tira a pistola do bolso e a carrega. Marco a olha com aspereza. – Volte para o quarto! Você tem visita...– Ashy sussurra olhando para a porta.

   Marco vai para o quarto em passos rápidos e Ashy espera em silêncio, o som da porta sendo trancada é seu sinal que ela possa agir. Retira a adaga da pequena bainha e a deixa firme em suas mãos.

      A porta é arrombada e Ashy esfaqueia o primeiro a entrar. O sangue do mesmo espirra em seu rosto. Suas pupilas dilatam, seus olhos são frios e seu corpo implorando por sangue, por morte.

   Marco deixa o sorvete de lado. Ele segura sua própria arma com firmeza na empunhadura, pôde ouvir do quarto o barulho do líquido a pingar no chão, da carne sendo rasgada pela lâmina.

  Um estrondo com o barulho de vidro sendo estilhaçado lhe faz imaginar uma luta corporal intensa.

    A espera é agoniante pela resposta. Ele se esconde atrás da porta para poder escutar melhor.

      Código X-04Onde histórias criam vida. Descubra agora