05 - Estrelado.

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Harry

Londres, 30 de Abril de 2017.

Avanço com meu carro para dentro da minha propriedade em Hampstead, e fico surpreso por não encontrar nenhum outro carro estacionado. Achei que tivesse ouvido Grace dizer que estaria me esperando assim que chegasse de Los Angeles, depois de resolver alguns detalhes com Jeff sobre o segundo semestre do ano, após o lançamento do meu primeiro álbum solo ainda no primeiro semestre. Talvez eu tenha me enganado, ou sonhado com sua fala, já que, aparentemente, ela está pendurada em meus pensamentos constantemente.

Pego minha mala de couro no banco de trás e caminho em direção a porta de entrada. Observo que as cortinas estão fechadas, assim como deixei há alguns dias. Talvez ela realmente não esteja aqui.

Tiro um maço de chaves do meu bolso da calça jeans, logo destrancando a porta. O que esse ato me deixa um susto ao perceber que havia uma figura loira sentada na ponta da mesa de jantar, com seus olhos baixos para o prato fundo e vazio, com a mesa posta para dois e taças de vinhos. Ela realmente está aqui, Grace cumpre suas palavras.

— Oh céus, você está aqui. — digo entrando e largando minha bagagem no chão enquanto fecho a porta atrás de mim. — Por um segundo eu achei que você não estaria, você usou o Uber? — me aproximo dela, e no momento que ela levanta sua cabeça percebo que há algo de errado.

Seus olhos estão vermelhos e inchados. Suas bochechas estão molhadas, suas mãos leves e delicadas, seguram um lenço de papel, e ainda há um pouco de vinho branco em sua taça, como se ela fosse obrigada a abrir a garrafa sem a minha presença. O que eu consideraria um crime, ela não pode abrir uma garrafa de vinho sem mim, é a nossa regra.

— Surpresa. — ela diz tentando forçar um sorriso, mas logo não consegue e o que parecer ser mais uma onda de choro está em seus olhos agora. Caminho apressadamente em direção sua, e levo uma das cadeiras a sua frente me sentando em seguida, e pagando suas mãos.

— Deus, Grace, o que aconteceu? — pergunto preocupado.

Já ocorreram algumas crises por conta de tudo que ela está passando. Ela não ter para quem correr, seus avôs estão a milhas de distância. Eu sou sempre a quem ela corre, e constantemente estou lá. Mas dessa vez não parece apenas uma crise.

— Doutor Collin me ligou. — disse suavemente tentando lidar com os soluços.

Sei que Doutor Collin aparenta ser uma pessoa legal com todos nós, mas eu nunca gosto quando ele liga. Grace quase nunca fica feliz com suas palavras. Já passei por isso algumas vezes, e sei muito bem o que uma ligação do médico de sua mãe com câncer pode dizer.

— Sua mãe está bem? — pergunto enquanto levo meus dedos a uma mecha que caí assim que ela abaixa sua cabeça novamente, a ajustando atrás de sua orelha.

Ela nega com a cabeça baixa. Ah não. Médicos normalmente utilizam dos horários comerciais para fazer algum contato com a família de qualquer paciente, sei o que uma ligação meia noite e meia quer dizer.

— Ela não conseguiu, Hazz. — ela diz chorosa, e trato de juntas nossos corpos deixando sua cabeça em meu ombro.

Minhas mãos vão quase que automaticamente para seus cabelos macios e sedosos, meus dedos afagam sua cabeça.

— Eu sinto muito, Ace. — digo tentando reconfortá-la, o que acabada deixando ela mais agitada e seus soluços serem capazes de ser ouvidos no segundo andar da casa.

— Harry... — ela agarra em minha camiseta, e meu coração quebra em pedaços bem ali.

— Shh... Estou aqui. — começo a balançar nossos corpos, na esperança que isso ajude de alguma forma. — Eu estou aqui com você, vai ficar tudo bem. — digo enquanto suas lágrimas mais fortes começam a molhar meu ombro.

Westminster Bridge | h.sOnde histórias criam vida. Descubra agora