07 - Vermelho.

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Harry

Londres, 12 de Julho de 2017.

— Harry? Onde você está? — Grace grita com uma tijela em mãos andando pelo jardim.

Silêncio. Penso que consegui o que queria, me esconder entre os lençóis.

— Há! — uma voz feminina grita atrás de mim, o que me faz esbravejar.

— Não precisava me dar um susto! — exclamo dando meia volta e caminhar até o pano vermelho sobre a grama, sem olhar em sua cara.

— Ficou bravo? A culpa não é minha se você se esconde como um burro e tem a altura de uma girafa. — se senta colocando a tijela de morangos ao lado dos croissant. — Vai sentar ou não, Senhor Esquentadinho? — inclina sua cabeça para me olhar enquanto seus dedos projetem seus olhos.

— Você é uma fingida, sabia? Uma atriz, deveria estar em um filme! — sento em sua frente.

— Queria te dar uns momentos de felicidade, mas se você me acha uma fingida, então podemos parar de fazer cert... — não a deixo terminar de concluir.

— Não, eu não quis dizer isso. — dou um sorriso sacana e deposito um selinho em seus lábios.

Entendo o que Grace quis dizer com isso. Nas últimas semanas eu venho me distanciando dela, não quero machucá-la, não suportaria isso. Penso que se eu me afastasse, ficaria de fato mais fácil para ela procurar alguém que seja quem ela realmente quer, já que eu já estou saindo com uma outra pessoa. E entendo perfeitamente se ela quiser acabar com isso, porque eu não faço a mínima ideia de como fazer da maneira certa. Se há uma maneira certa para tudo isso.

Depois de alguns morangos, Grace volta a ler seu livro. Ver ela lendo um livro a cada mês, me deixa parecendo um burro. Quando entrei em sua casa, e vi livros empilhados em prateleiras, livros no centro da mesa, livros na cozinha, percebi que se eu quisesse conquistá-la era melhor eu começar a ler algo. Se eu li vinte livros em toda a minha vida até agora, já são muitos.

Observo os olhos de Grace passando rapidamente pelas palavras impressas, mostrando seu sorriso prestes a gargalhar, até que ela gargalha jogando sua cabeça para trás e deixando o livro na grama.

— O que há de tão engraçado? — pego o livro e abro na página que estava

— Tudo nesse livro, H. Acho que é o meu preferido a partir de hoje.

— Açúcar de melancia? — pergunto levantando minha sobrancelha enquanto encaro seus olhos, ainda rindo.

— Essa é a graça! Tudo é feito de açúcar de melancia, até o amor. — intercalo meus olhares entre Grace e a página 203.

— Grace... você estava rindo de uma piada de mamilos?

— Não é engraçado? Quem tem o sorriso da cor dos mamilos e apaixonante como ele descreve a Pauline?

Você.

— Ninguém. — respondo negando com a cabeça tentando segurar o meu riso e minha boca mole.

— Exatamente, ninguém! — começa a gargalhar outra vez.

Los Angeles, 30 de Junho de 2017.

Quando virei meu rosto, não encontrei mais a imagem de Grace em minha frente, ela desapareceu como mágica. Podia ver em seus olhos que algo estava acontecendo, e me mata saber que eu não sou mais o cara que ela corre para pedir ajuda. Tenho o sentimento que ela nunca mais precisará de mim.

Westminster Bridge | h.sOnde histórias criam vida. Descubra agora