08 - Ligação.

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Grace

Londres, 14 de Setembro de 2017.

Estou em casa, finalmente. Depois de tudo e de todos. Depois de longos dois meses e meio, decidi que era hora de voltar, e de enfrentar novas e antigas coisas que ainda continuam aqui. Cheguei de viagem tem dois dias, e tudo que eu fiz foi desfazer as minhas malas, ir ao mercado, e receber as trinta e uma ligações de Zoe, perguntando se tudo estava bem e se eu já tinha procurado ajuda.

Delilah está passando esse tempo comigo em Londres, amanhã levarei ela para Manchester. Achamos que seria bom ela conhecer a minha casa e passarmos mais um tempo juntas, e está sendo adorável. Fazemos uma sessão cinema o dia inteiro, com algumas bebidas e principalmente, pipoca. Minha irmã tem me ajudado a tentar não pensar muito e focar na minha vida daqui em diante, e talvez aceitar a proposta do nosso pai. Qualquer coisa que me distraía agora, pode ser como o paraíso.

Meus últimos meses foram difíceis, de verdade. Tinhas dias que não estava me sentindo confortável nem para sair da cama, como tinha dias que eu perguntava se o vizinho já havia saindo no dia, para que eu pudesse correr sem dar de cara com pessoas que eu não estava nem um pouco afim no momento. Por falar em pessoas das quais eu não estava nem um pouco afim de conversar, silenciei o chat com o Harry. Não é como se ele ficasse me mandando mensagens, mas nos primeiros dias, ele mandava e mesmo depois de ter parado, achei confortável o deixar silenciado ainda. Não o sigo mais em suas redes privadas, não acho que tenho o direito para tal, não mais.

Exceto que nos últimos dias, Zoe me contou que Harry passaria por um cirurgia, não sei como isso chegou até ela, mas nada muito sério, apenas retirar o tendão do pulso, algo que realmente o incomodava de vez em quando. Lembro-me de estarmos no jardim de sua casa uma noite olhando para o céu nublado de Londres, quando quis tocar alguns acordes no seu violão, e ficou extremamente frustado quando seu pulso não estava mexendo da maneira correta. Aquela foi uma bela noite, chega a ser engraçado quando me lembro que ele só se animou novamente quando eu estava sobre ele.

No inicio achei que era melhor não mandar absolutamente nada já que eu venho ignorando suas mensagens desde Julho. Foi impossível não me sentir um pouco culpada por isso, então mandei uma mensagem. Mas escolhi tomar essa decisão em um momento errado. Estava tendo uma crise no meio da madrugada, não sabia o que estava fazendo, minha cabeça estava no mundo da lua, era a única da casa acordada, havia um vinho aberto na mesa, e pensei que se dane, não será nada demais.

"Hey Harry. Fiquei sabendo sobre a cirurgia, espero que ocorra tudo bem e que fique bem" 03:34

"Obrigado Grace, espero que esteja bem também." 10:12

Me arrependi depois de ter mandando e não ter recebido uma resposta imediata, mas lembrei que estava mal acostumada e que se voltasse a pensar novamente sobre tudo isso, eu ia cair, outra vez. E não queria isso, não desta vez, não agora.

Zoe e Brian foram as pessoas mais importantes para mim durante esse tempo, me deram uma casa para ficar, comida, além de estar sendo acompanhada 24horas por dia, a cada movimento estranho ou atitude estranha que eu viesse a ter. Foram eles que me contaram com a maior delicadeza do mundo, depois de uma semana, que os médicos do hospital utilizaram o meu caso para fazer um estudo, e haviam descoberto que seria uma menininha. E foi quando eu não aguentei todo o fardo que contei sobre tudo com Delilah, George, Francesca e Adam. Todos me deram o total apoio sobre tudo, obviamente ficaram chocados, principalmente Delilah e Adam, o que eu compreendi completamente vendo todas as conversas que tivemos sobre mim nos últimos meses durante minha ia à Manchester. Pedi a todos para que nossa conversa ficasse somente entre nós, se um dia eu decidir contar para o meu pai, ou para os meus avós, que seja pessoalmente e da minha boca. 

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