Grace
Manchester, 30 de Setembro de 2017.
Bloqueio meu celular o largando ao meu lado do sofá contra a janela do closet, enquanto volto a observar as árvores se movimentando contra o vento lá fora. Tento lembrar de como minha infância era feliz quando encarava meus pais fazendo bonecos de neve desta mesma janela em meados de Janeiro. Tentava esquecer de como eu odiava todos os jantares que era obrigada a ir com a família Kardashian-Jenner, que sempre acabavam em discussões monopolistas ou em brigas pessoais, das quais ninguém colocava a colher, apenas deixavam eu ser humilhada durante todo o jantar. Apenas não consigo ignorar o quanto escutar a voz de Kendall tenha me afetado enquanto esperava escutar apenas a voz de Harry. Sabia que eles se conheciam, mas não fazia ideia que ele realmente corre para ela sempre.
Do jeito que ela falou, meu estômago embrulhou rapidamente, arrependi no mesmo minuto de ter ligado para Harry com a intensão de me desculpar por ter sido grossa, deveria ter deixado se soubesse que teria que ouvir uma voz não amigável, respostas secas e grossas, das quais vinham dele mesmo. Ele estava me esnobando e eu definitivamente não mereço isso. Não sei porque um dia achei que merecia ou achava que uma amizade daria certo, sendo que não, isso não vai funcionar. Sou boa demais e ele arrogante demais. Fui burra em pensar que sim, burra em ligar para se desculpar por algo que, agora eu não sinto muito por e principalmente burra em não ter desligado na primeira vez.
Respiro fundo encostando minha cabeça na madeira antes de me levantar e caminhar em direção ao quarto onde observo Adam ainda deitado em meio aos lençóis. Sorrio lembrando da noite passada, meus olhos encaram a cômoda com duas garrafas de vinho tinto e duas taças com resquícios do líquido vermelho. Duas pessoas bêbadas de vinho, assistindo The Office sem parar de rir por nenhum segundo, nem deu tempo para causarmos dores musculares pelo nosso corpo. Sinto que preciso tomar um ar, deixo meu celular no silencioso sobre a cômoda embaixo da televisão, coloco as embalagens do Mc Donald's que pedimos para almoçar algumas horas atrás, dentro de uma sacola de papel grande e volto para o closet pegando uma manta xadrez cinza para me cobrir durante minha visita ao jardim.
O frio ainda não chegou mas o vento gelado já se faz presente, não esqueço de pegar minha cartela de cigarros já começado e um isqueiro para me esquentar além da manta. Sou cuidadosa ao abrir e fechar a porta do corredor para o quarto, e assim que saio percebo uma casa silenciosa. Não me importo se há alguém no recinto às quatro da tarde depois de um almoço longo típico após as partidas de golfe do meu pai, a qual obviamente, Adam e eu não tínhamos nenhum interesse de comparecer enquanto devoramos o nosso delivery com os nossos olhos caindo de sono mas com a fome prevalecida.
Paro no meio do caminho, deixando a sacola do fast-food no chão e pego um cigarro da cartela colocando em minha boca antes de ascender e voltar minha atenção pela grande escada de mármore branco. Observava os corredores e a grande sala de estar tragando a nicotina tentando encontrar alguém, mas não havia sinal humano de ninguém além do vento nas cortinas pesadas. Caminho em direção a cozinha para jogar o lixo que fizemos, rezo para que não encontre meu pai durante o meu trajeto. Não por não querer encontrá-lo, mas sim porque sei que ele odiaria que eu estivesse fumando dentro de sua preciosa mansão.
Não há ninguém na cozinha branca além de adereços de jantar já organizados entre as bancadas. Dou de ombros pensando em qualquer jantar que meu pai estará fazendo hoje a noite. Com os meus pés o grande lixo de inox no canto da cozinha se abre de forma pateticamente rápida, e logo jogo meu pacote no lixo branco posto. Tiro meus pés tirando o cigarro da boca, do qual ainda não traguei e tenho total consciência de não fazer isso na cozinha da minha mãe. Observo o tampo do lixo fechar, agora lentamente. Que coisa patética. Talvez o mais patético seja a minha imagem agora, como daqueles filmes em que tem uma mãe fumante, cigarros por toda parte enquanto o filho se forma em medicina. No caso, infeliz mãe seria eu.
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Westminster Bridge | h.s
FanficGrace conheceu Harry em um momento horrível e triste em sua vida. Mantendo um sexo casual, minutos antes de entrar no palco, Harry traz uma acompanhante diferente aos olhos de Grace, que se vê em um show onde estavam milhares de pessoas esperando, a...