Starlight ☆ | HOB [Modern Au]

Track 17

Esses laços invisíveis, essas vontades inerentes, essa necessidade de você

Com aquela sequência simples de acordes... Experimentou um dedilhado que nunca tinha tentado em suas composições.

A música soou terna como uma chuva fresca num dia de verão, apaziguando o calor excessivo do asfalto quente.

Como um milagre efêmero que preenchesse momentaneamente as lacunas abertas e vazias.

A música pode salvar apenas um, ou pode salvar multidões.

No entanto, Jun Wu sentia que ela estava salvando o instante, uma chance perdida, quebrando distâncias que eram aparentemente curtas, mas metafisicamente longas demais para serem percorridas.

Ele tocou aquela nova melodia ainda sem letra, até o clima tristonho na casa da árvore desanuviar, até aquela nuvem melancólica e escura sobre Huan Shui ser soprada para longe.

Mas, ainda... Não longe o bastante.

Quando subitamente restou o vazio das cordas emudecidas após um vibrar mais suave, o som dos pássaros lá fora e do córrego tornaram a ficar mais audíveis e Jun Wu ouviu Huan Shui suspirar.

Um suspiro curto, mas profundo.

Jun Wu encostou o violão contra a parede da cabana fixada na antiga árvore e se levantou, caminhou até a janela onde o rapaz ainda estava sentado e embora sua vontade fosse abraça-lo pelas costas, ele apenas tocou-lhe os ombros com as mãos de uma maneira muito afável.

Observando algo enternecido a curva que o cabelo trançado dele fazia ao cair por um dos ombros cobertos pela bata azul.

Ia perguntar se Huan Shui se sentia melhor, mas antes que o fizesse, a voz dele soou antes da sua.

Envergonhada, culpada e muito baixa.

— Desculpe por isso... Sou um guia horrível.

— Quem se desculpa por ficar triste? Eu que deixei a conversa íntima demais... Além disso, eu não quero outra pessoa... Você é meu único guia, minha estrela da manhã.

Talvez Jun Wu tenha se sentido um pouco tolo por estas palavras, mas sentia que era bem dessa forma... Ver o rosto de Huan Shui ao acordar era como ver a primeira estrela matutina após uma noite turbulenta ladeada por ansiedades, insônias e possíveis pesadelos.

Em verdade, Jun Wu não esperava que Huan Shui risse baixinho, ainda em sua posição sentado na janela, com o olhar na paisagem enquanto abraçava os joelhos:

— Você sabe que a estrela matutina na verdade é o planeta Vênus... Certo?

E Jun Wu se debruçou ligeiramente a se aproximar, certamente aliviado por ouvir o riso dele.

— Sei, ora... Mas, eu prefiro acrescentar um tom poético a sua existência... Se Huan Shui não se importa.

Em outra ocasião, certamente Huan Shui tomaria a deixa como a oportunidade para dar outro fora arredio no forasteiro.

Mas, dessa vez a provocação não abandonou seus lábios.

Não podia ser agressivo com quem tinha acabado de tocar uma música para aplacar o que as fissuras em seu coração causavam.

Por essa razão, após a sentença de Jun Wu, ele não disse coisa alguma.

Todavia, Huan Shui estremeceu desconcertado assim que a ausência de palavras recaiu entre os dois e Jun Wu não resistiu mais ao ímpeto de abraça-lo pelos ombros, de modo que Shui quase desequilibrou do parapeito diante do próprio nervosismo.