Track 9

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Quatro dias em brancas nuvens e uma bomba

A última coisa de que se lembrava era de estar violando túmulos num cemitério.

Pareceu engraçado, a morte tinha um odor fétido, mas aquelas ossadas duras e pálidas tinham um encanto bem peculiar.

Qi Rong roubou as joias de um defunto e levou um crânio para casa de brinde.

Deixou perto de seu abajur de couro de crocodilo e deu um nome para o crânio.

O problema é que já tinham se passado quatro dias e ele tinha acabado de despertar num lugar que se quer reconhecia.

Uma luz difusa transpassava as cortinas verdes.

E o sonho que o despertara ainda vagava em sua mente perturbada.

Era sua nudez tatuada como que abaixo da terra e por uma minúscula fresta penetrava um raio pálido de luz... Havia trepadeiras prendendo fortemente seu corpo contra o solo úmido e frio. Qi Rong tentava se soltar, mas nem seu corpo parecia obedecê-lo! Aquelas trepadeiras insanas e grossas queriam seu corpo ali.

Era como se estivesse... Entorpecido? Que raio de droga tinha tomado dessa vez?

Devia ser da boa... Mas, quando se moveu na cama, sentia-se um verdadeiro saco de merda e vômito.

Qi Rong encontrou roupas suas e outras roupas estranhas, vestiu um pouco de tudo que encontrou... Que se danasse quem tivesse deixado roupas misturadas as suas.

Tinha até um colete de couro, ele vestiu, calçou as botas e deu o fora dali.

O lugar parecia uma espécie de sítio, mas o caso é que o lugar estava mais quieto que um cemitério, não se via ninguém. Estariam todos apagados como ele? Um bando de doidões apodrecendo em suas camas?

Ele deixou os arredores pelo portão de madeira da propriedade e deu de cara com uma estrada sem qualquer sinalização.

Por acaso ele mexeu no bolso do colete roubado e achou óculos escuros, ele sorriu matreiro para o nada, encaixou os óculos no rosto e saiu andando em busca de carona e informação...

***************

Depois de tantos porres e excessos, não se lembrar de nada fazia parte.

Quando finalmente chegou na cobertura no condomínio fechado que morava, Qi Rong lembrou que há cerca de dois ou três dias atrás devia ter começado a gravar um novo álbum com a banda.

"Ah, 'tá... Aqueles otários não fazem nada sem mim! Hehe..."

Ainda bem que achou sua chave nos bolsos da calça, já ia destrancando sua porta, quando ouviu um grito estritamente raivoso e reprovador atrás de si.

— QI RONG!!

Nem precisava se virar para reconhecer que o dono da voz bravia era seu vizinho de porta Lang Qian Qiu.

— Cala a porra da boca, Qian Qiu! — Qi Rong rebateu sem mesmo se virar. — Mal cheguei! Vá lá gritar o nome de outro!

— Não!! Pode dando meia volta, o assunto que eu tenho com você é sério!

—Humph! — Qi Rong desdenhou agarrando a maçaneta dourada sem se virar. — Eu estou fora de casa há quatro fodidos dias! COMO EU POSSO TER APRONTANDO UMA COM VOCÊ, SEU LUNÁTICO DE MERDA?

Houve um silêncio atrás de si... Espera, como assim Lang Qian Qiu não gritou pateticamente de volta?

Qi Rong resolveu se virar e foi surpreendido pela visão de seu vizinho todo bonito, certinho e bem sucedido tapando os ouvidos de uma criança de olhos grandes e brilhantes que olhava em sua direção.

Starlight ☆ | HOB [Modern Au]Onde histórias criam vida. Descubra agora