Antes da obra prima
Há a prima materia
Nada do que nasce
Vem do nada, da miséria
O sofrimento e a dor
São os maiores mentores
Na germinação da flor
Entre pestes e roedoresEntre um grão e uma semente
Só alguns se salvam
No sertão e na enchente
Poucos não se calam
Perante á tribulação
Perante o julgamento
Do ser divino do sermão
Do antigo testamentoO atleta quando corre
Deixa pegadas e suor
Mesmo que a dor seja constante
A conquista é maior
A energia liberada
Em combustão pela vitória
Não emancipa o guerrilheiro
De sua carga da estrada
Obtida pela escória
Dos inimigos traiçoeirosAs fagulhas que a lâmina
Remove do metal
São agulhas perfurantes
Originárias do esforço braçal
A roda nunca para
E o ruído te irrita
Mas se quiser polir o ferro
Deve ferrar a sua vidaA tela no cavalete
E a pintura do artista
Não ficam bonitas de primeira
Nem á primeira vista
Não fica pronto na primeira
segunda ou terceira mão
Antes de passar o acrílico
E finalizar o rito místico
Deve sacrificar o seu espíritoO sangue derramado
Pelas garras de suas mãos
Pinta cada pincelada
Que cobre uma nova camada
E suja o avental
Que antes branco como tal
Era de um cientista
Que acha uma nova pista
Para uma nova corrida
Que pode ser especialDescobrir novos limites
E transpassar a estratosfera
Não vou ficar preso ao chão
Ou á gravidade da terra
Que não reconhece os perdedores
Que carregaram a pedra
Mesmo sendo essa carga
Tão imensa e pesada
Com mais de uma tonelada
Fortaleceu os músculos
Tornou os pesos minúsculosPor trás da cortina
De todas as peças
Há uma bagunça
Que nem imagina
Os atores bem vestidos
E as atrizes maquiadas
Disfarçam uma história
De tiros e facas
Uma luta darwinista
Pelo trono do céu
Onde os grandes perdedores
Ficam com o papelQuem perde mais
É quem mais venceu
Pois tampou as rachaduras
Que o tempo rompeu
Resistiu ás erosões
Tempestades e trovões
E o que era pedra bruta
Agora é jóia polida
Simplesmente a mais bonita
É mineral magmático
Das profundezas do planeta
Material enigmático
Do fogo originárioDa chama incadescente
Floresceu sua semente
Veio pra fora na erupção
Como um imenso vulcão
Se tornou uma fusão
De calor e combustão
E diamante se tornou
Após toda sua dor
Após todo seu inferno
Hora de abandonar os medos
Hora de brilhar eterno
Até o fim dos tempos( comecei a refletir sobre o caminho do sucesso, muitos enxergam as pessoas bem sucedidas como pessoas fantásticas na qual ninguém consegue chegar perto, mas na verdade essas pessoas são as que mais perderam de alguma forma. Comparei isso com o fato de que para se produzir uma obra de arte, antes existem os rascunhos, as falhas, os rabiscos, as idéias descartadas. Já viu como é bagunçado um ateliê, um estúdio, um laboratório, uma cozinha? Muita sujeira é deixada no processo de alcançar o grande objetivo, nada é simples como fazem parecer. No fim, os vencedores são super perdedores, aprendendo com os erros e se tornando melhores. )
Matt Kai
Neopoetika
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𝙉𝙚𝙤𝙥𝙤𝙚𝙩𝙞𝙠𝙖
PoetryUma pluralidade de pensamentos de um poeta juvenil. Poemas escritos no ano de 2020. 🥈 2º Lugar em Microconto no concurso poucas palavras. 🥉 3º Lugar em Haikai no concurso poucas palavras.