Dizer que Manuela estava cansada era um eufemismo, ela estava exausta, se sentia completamente drenada de suas forças, tanto fisicamente quanto mentalmente. Quando Rafaela abriu a porta do apartamento para elas entrarem, ela só conseguia pensar em cair em qualquer canto que achasse disponível, e dormir por algumas horas. Mas infelizmente para ela a vida não era tão fácil, e ela não podia fazer o que desejava na hora.
Ela parou ao lado da porta fechada, sentindo-se incerta.
— Pode entrar e não precisa ficar tímida, eu quero que vocês se sintam em casa no tempo em que ficarem morando aqui - Rafaela comentou, enquanto largava no sofá a única bolsa que resolveu levar para cima, fazendo o movimento dificultosamente com uma mão só, enquanto a outra apoiava as costas de Clara, que estava firmemente agarrada a sua cintura, como um macaquinho.
Manu não respondeu nada, levando um tempo para examinar o local com calma. A sala não era exageradamente grande, mas era espaçosa. Os móveis eram lindos, a maioria em uma tonalidade branca, e com a parede e o chão claros, formavam um ambiente iluminado e harmonioso.
Logo de frente com a entrada, havia uma pequena mesa de quatro lugares, com o tampo de vidro e cadeiras brancas acolchoadas. Mais além dela, havia um sofá bege de quatro lugares, e no seu oposto uma pequena estante branca com uma televisão tela plana presa à parede. Entre eles um grande tapete felpudo cobria o espaço no chão.
A primeira coisa que Manuela notou foi a ausência de vida, era um lugar bonito, bem decorado, e com móveis novos, mas era frio, não havia quadros, fotos, ou cor no lugar, era claro e vazio, sem rastros de vida. Parecia como se ela estivesse entrando em um lugar recém-inaugurado, e não em uma casa habitada.
— A sua direita há dois quartos, um do lado do outro no corredor, a terceira porta no fim dele é o banheiro. Essa entrada ali - Rafaela sinalizou para a esquerda, além da mesa de vidro. — É a cozinha.
Manuela acompanhou seus passos, quando a mulher caminhou em direção ao lugar. Ela viu rapidamente o pequeno cômodo, a cozinha era consideravelmente menor que a área da sala, com uma geladeira inox de uma porta, e um grande armário branco, com uma pia e um fogão embutidos.
Havia uma pequena divisão na área, formada por um balcão de granito, e alguns bancos ao seu redor, atrás do balcão, Manuela notou um recuo no cômodo, que formava uma pequena área para lavanderia, com uma máquina de lavar, um tanque com uma prateleira embaixo lotada de produtos de limpeza e um varal suspenso no teto.
Logo em seguida ela foi levada aos quartos, o primeiro que entrou era um cômodo não muito grande, com um guarda-roupas branco enorme, uma cama de solteiro em frente, dois criado-mudos de cada lado da cabeceira, e cortinas grossas e compridas que cobriam o que Manuela descobriu ser uma janela larga, que pegava de fora afora a parede contrária à porta.
— Esse é o quarto de hóspedes, vai ser o quarto de vocês duas. Hoje eu vou dormir aqui, enquanto você dorme no meu quarto.
— Como assim? - Manuela perguntou curiosa. — Porque eu não posso dormir aqui hoje?
— Poder você pode, nada impede - a mulher levantou os ombros, em um gesto de "tanto faz". — Mas até arrumarmos um berço ou uma cama para Clara, acho melhor você dormir no meu quarto, por a cama ser de casal, ou seja, maior para as duas.
Ambas foram para o quarto ao lado e ao abrir a porta Manuela sentiu sua respiração falhar.
O lugar diante de si era lindo, era simples, mas bem decorado com cores claras e pastéis, a cama possuía um colchão alto que aparentava ser muito macio, uma cabeceira acolchoada, nas laterais duas mesinhas de cabeceira brancas com um abajur e alguns itens pessoais, no chão um tapete suave criava uma aparência de conforto e harmonia. Atrás da cama uma enorme janela era coberta por uma cortina leve e enfeitada com detalhes rendados.
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Minha salvação
RomanceManuela Menezes é uma jovem mãe, forçada desde o início da gravidez a lidar sozinha com todas as adversidades da vida. Ela se sente perdida ao testemunhar um sequestro, e após fazer uma denúncia, teme pela sua vida, ao ter sua segurança e de sua fil...