A Rosa Dourada

24.

Vossa Alteza Hyacinth,

Quando a freira Madalena me contou esta manhã que havia um convite para mim... você (me perdoe), a SENHORITA não consegueria imaginar minha felicidade! Dei pulos e rodopios por todo o quarto! Ah! Eu nunca estive mais feliz!!!!! Ainda não posso acreditar que passarei a Festividade dos Tecidos no Castelo!!

Eu achei que... a senhorita estivesse se esquecido de mim. Sei que uma princesa é muito ocupada, então como poderia lembrar de uma órfã como eu? Mas a senhorita lembrou! E todas as garotas tiveram de ficar quietas e pararem de dizer que você não sabe quem sou.

Enfim, prometo que estarei linda! A freira Madalena é muito bondosa e disse que tentará fazer um vestido para mim. Mal posso esperar para estar com a senhorita!

Um beijo do fundo do meu coração.
De sua súdita mais leal,
Lou.

      Eu consigo imaginar Lou sentada escrevendo esta carta, sorrindo de uma ponta do rosto a outra. Sua carta me deixa radiante, mas também culpada. É claro que as outras meninas estavam dizendo que eu a havia esquecido. Eu não escrevi nada para Lou desde o desfile, e não foi por maldade. Talvez por egoísmo, já que estava tão preocupada e concentrada em mim. Enquanto mandavamos os convites, eu não pude me conter e mandei um para ela. Lou foi a primeira pessoa a estar ao meu lado e não podia perder um evento desse. Não tenho dúvidas de que ela vai amar. Ela falou do vestido e entendo. Usamos uniformes no convento: um vestido preto Midi; na maior parte do tempo. A maioria da meninas não tem vestidos de sobra para ficarem se exibindo, então apenas nos domingos é permitido um vestido de escolha própria.

      As vezes, eu passava os domingos com o mesmo uniforme de sempre. Os dias são todos iguais, e eu não queria me destacar tanto das outras meninas — mesmo que isso acontecesse fora de meu poder. Mas na maioria das vezes, eu usava um dos meus vestidos mais simples aos domingos, e até emprestava alguns para as meninas mais velhas, que seriam visitadas pelos rapazes interessados do Reino. Eu não sei direito como Lou se tornou órfã, mas se ela chegou no Convento pequena, ela não deve ter muitos vestidos de sobra. Então, adiciono em minha lista mental mandar vestidos para todas as meninas do Convento e um especial para Lou usar na Festividade.

— Acha que as costureiras podem mandar vestidos para todas as meninas do Convento infantil de Viridia? — Eu pergunto a Lucy, que anda de um lado para o outro do quarto, tentando chegar a uma conclusão sobre o modelo do vestido que será usado por ela, Silvia e Jazz.

— Claro. — Ela responde de forma prática e acena com a mão. — São o que? Trinta meninas lá? — Ela estreita os olhos fazendo os cálculos.

— Trinta e cinco, com idades variadas entre um ano até treze. — Respondo porque pesquisei sobre este Convento.

       É o único Convento infantil de Viridia e abriga todas as órfãs do Reino, ou meninas que a família não tem condição de sustentar e opta por enviá-las para lá. Eu ainda não visitei, e confesso que estou um pouco apreensiva com a estrutura que encontrarei. Antes de chegar ao Convento na Irlanda, eles reformaram o prédio inteiro. Este Convento já era mais sofisticado por ser conhecido principalmente por sua Escola de Classe e Sofisticação — não por abrigar órfãs. Em algum momento, terei que estourar minha bolha e explorar a realidade do Reino, mesmo morrendo de medo do que irei encontrar.

— Irei agora mesmo até lá e passarei o recado à elas. Direi que é de extrema importância que sejam entregues até quinta. — Lucy diz e eu confirmo com a cabeça. Parece um pouco complicado dar as costureiras apenas dos dias para isso, mas elas estão acostumadas e são muitas. Espero que consigam.