A porta do quarto range quando alguém abre, resmungo me revirando na cama. o colchão afunda quando Sara deita ao meu lado.
- Não vou deixar você dormir aqui se é o quer - viro na sua direção e a encontro sorrindo com os dentes à mostra.
- Mamãe e Papai já foram dormir, vamos terminar de ver o episódio - ela sussurrou como se fosse um segredo.
- Está tarde, amanhã terminamos.
- Por favor, vai, por favorzinho - ela junta as mãos diante do queixo - preciso descobrir o que aconteceu, você não está curiosa também?
- Estou muito, mas se eles acordarem e pegarem a gente, não vão deixar eu ir na festa da Osana amanhã.
- Puxa...já sei! a gente coloca a tevê no mudo e liga a legenda - ela diz me sacudindo - vai Rê, só faltam 10 minutos pra acabar.
- Com uma condição, se eles nos pegarem você vai lavar a minha louça por três finais de semana.
- Combinado.
Caminhamos na ponta dos pés até a sala e ligamos a tevê. Passei o tempo inteiro tensa com medo de um deles levantar da cama. Mas graça aos cosmos conseguimos terminar de assistir sem sermos flagradas.
Antes que eu pudesse enxotar sara para seu quarto ela correu e se aninhou na minha cama, se cobrindo até a cabeça.
- Você não vai dormir aqui, vaza.
- Não vou, só quero ficar um pouquinho aqui - sua voz já sonolenta.
Quando deitei na cama pude ouvir sua respiração pesada, sara já estava dormindo, sorri comigo mesma enquanto me espremia ao seu lado na pequena cama e fechava os olhos.
∆
Acordo com a cortina sendo aberta e a claridade adentrando no quarto.
- Imagina você ir no quarto da sua filha mais nova e descobrir que ela não está lá - resmungou minha mãe como um bom dia - vocês quase me mataram de susto.
- Não consegui dormir - defendeu sara no meio de um bocejo. Mentirosa - ela não queria que eu ficasse de qualquer maneira.
- É, mas ficou, e ainda roubou toda minha coberta - ela me deu língua, retribui o gesto emburrado ela da minha cama com o pé.
- Andem ou vão se atrasar para a escola - disse minha mãe entregando uma toalha na minha mão e outra na de sara.
Tomei meu banho e coloquei o uniforme, passei uma camada razoável de maquiagem no rosto e um glos nos meus lábios carnudos. Antes de ir para cozinha tomar café dei mais uma olhada no espelho, alisei minha blusa e levantei um pouco mais a saia para mostrar ainda mais das minhas grossas coxas que tanto tinha orgulho.
Sara chegou depois, com os cabelos despenteados, sinceramente nem parecia que tinha se dado o trabalho de tomar banho, a camisa estava somente metade abotoada e carregava as sapatilhas na mão. Ela ergueu uma sobrancelha pra mim.
- Perdeu alguma coisa?
- Você sequer tomou banho? - fiz uma careta.
- Tomei, ontem à noite - ela disse indiferente colocando a sapatilha no pé. - Faz uma trança em mim?
- No caminho eu faço - conferi a hora no relógio da cozinha - já estamos atrasadas, pega uma xuxinha e me encontra no carro. Minha mãe já tá lá.
Sara assentiu e saiu em disparada para o seu quarto.
O carro já estava ligado quando cheguei e tivemos que esperar mais alguns minutos pela minha irmã que, como sempre, dava um jeito de se atrasar.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Arcanjo
FantasíaRebeca está em um conflito interno depois que um acidente levou sua irmã. Além de passar pela dor interminável do luto a jovem precisa lidar com a maldição na qual acredita que carrega, mas está disposta a mudar de opinião quando conhece um garoto...