Capítulo um;

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"Eu acho que isso é o que é tão interessante sobre a música: todos escutam a história de acordo com seu próprio ambiente, suas próprias experiências." - Julia Stone.

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Como um simples acorde foi capaz de quase me tirar a vida? Pensar que poderia mesmo me adaptar àquela escola de música foi a coisa mais idiota que já tive em mente em toda a minha existência. E já havia pensado nisso várias vezes.

Preso à dores do passado, traumas e desejos mortais, a onda de pesar oriunda da culpa por nunca me adequar a qualquer atividade social, corria em meu peito. Tinha adquirido um violão novo — um Takamine, de dois mil e dezoito —, mas sabia que seria descartado logo, pois já previa a falha iminente ante ao teste para me adequar a maior escola de música de Bangkok.

Foi como um reflexo quando atravessei a rua, já visualizando o grande prédio à minha frente, os carros passavam velozmente pela estrada, e serviriam bem para me atropelar antes que eu pudesse falhar novamente.

Respirei fundo. Dei um passo para trás.

Lembro das palavras de meu pai: "se não tentar, nunca saberá. Se não arriscar, nunca alcançará. Se não se mover, nunca sairá do lugar" obrigado, pai, nunca tinha pensado nisso antes. Logo, chacoalhei a cabeça para lá e para cá, afastando o desejo momentâneo por ora.

Pois bem, o que diriam se eu morresse? Que foi mais um atentado? Já não prestava para nada e a morte foi só mais uma consequência? Não tinha valor. Não agregava. Não fazia falta.

Merecia.

Bangkok sempre foi o ponto de difusão entre o drama silencioso que afetava parcialmente as pessoas mais solitárias, que agregavam sentimentos ocultos e a imparcialidade entre os que não sofriam com isso, mas que também não ligavam a ponto de ter empatia suficiente para perguntar. Essa cidade sempre quebrava corações, ela e todos que moravam ali não partiam de ponto algum, mas também não vinham de lugar qualquer. Ninguém nunca ligava, se importava ou até mesmo tentavam esconder isso.

Estávamos chegando perto do fim.

O sinal abriu e depois de ser empurrado por acidente por um cidadão que logo se desculpou, voltei à Terra, onde não queria estar. Um carro buzinou para que eu me apressasse para atravessar a rua e então comecei a andar, sentindo o descontentamento do que buzinou.

Não se preocupe, sou especialista em desapontar os outros. Você verá.

Eram 19h32 quando cheguei à porta do prédio do que eu achava ser uma escola de música. Havia um balcão de mármore branco, onde listas, porta-canetas, folhas e um monitor de computador, teclado e mouse se comportavam. Meu estômago se revirou por causa da pressão social que me aguardava e mesmo que a mulher por detrás do balcão tivesse um sorriso amistoso, não consegui expressar nada aparente como retribuição.

Apenas me aproximei, esperando que ela fizesse o primeiro contato. Mas ela ficou ali, parada, me olhando e franzindo o cenho para mim.

— Posso ajudar? — ela perguntou, parecia confusa. Antes que eu pudesse dizer qualquer coisa, ela se apresentou: — Sou Film, a recepcionista. Bem—vindo à Academia de Música de Bangkok. Você fala por acaso?

— Ahm... Sim. — Eu enfim disse. — Meu nome é Win. Quero aprender a tocar violão. — Ergui o instrumento na capa, mas logo me arrependi por aquilo.

— Ahm...  — Ela murmurou.

— N'Film? O Bright já chegou? — um homem apareceu das portas por detrás do balcão, ele logo caminhou até nós, me analisando. — Hm... Quem é esse?

— P'Guy, esse é o Win, acabamos de nos conhecer — ela estendeu a mão até mim. —Quer entrar para a academia de música.

O tal Guy se aproximou ainda mais de mim, franzindo o cenho, com certeza tinha notado minha total falta de segurança. Mais alguns passos e ele cruzou os braços e seus olhos fixados aos meus me fizeram fitar o chão, então ele logo perguntou:

— Você toca bem, rapaz?

— Ahm... Eu...

— Ótimo! Estamos precisando mesmo de um novo instrumentista, já que o Vachirawit é um vacilão — Guy pegou meu pulso. — N'Film, faça a ficha desse rapaz. Win, não é? Venha comigo.

— P'Guy...! — Escutei Film chamar antes de ser arrastado para dentro do prédio.

Estar numa academia de música era realmente uma coisa incrível.

Mas a pior parte era que.

Eu não sabia tocar instrumento algum.

𝐊𝐢𝐬𝐬 𝐦𝐞 '𝐭𝐢𝐥 𝐈 𝐝𝐫𝐨𝐩Onde histórias criam vida. Descubra agora