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Estava presa mais uma vez nas amarras de um quarto escuro enquanto algo pegajoso e frio subia pelas pernas e braços, de repente viu uma sombra passar entre as brechas de luz da porta do quarto, tinha alguém ali, quando apertou os olhos para enxergar na escuridão a coisa se enrolou em sua garganga a puxando para o chão.
Acordou assustada, os olhos cheios de lágrimas, a respiração pesada e a pele molhada de suor. Tinha que regular a respiração antes de entrar em uma crise, pegou a garrafa d'água e o antipsicótico e engoliu. Arrastou o corpo até a borda da cama para checar o horário.
3:00 da manhã
ponderou mandar uma mensagem a Shindo mas antes que fizesse isso recebeu uma mensagem do mesmo
Yo❤ [selfie] Para acordar com um bom dia 3:01
Ele estava acordado, ainda bem.
Estou indo aí, deixe a porta destravada. 3:06
Yo leu e releu sua mensagem, desde o evento traumático na vida de vocês ele sabia que você tomava remédios controlados, então tecnicamente você deveria dormir como uma pedra a noite, e para algo ter superado a sonolência dos remédios devia ser ruim, ele não gostou de pensar nisso, ele já presenciou você no seu pior (não só ele como todos os seus companheiros de dormitório) e ele jurava por todos os deuses que nunca mais queria presenciar aquilo.
Como você mandou ele destavrou a porta, parou um segundo para se olhar no espelho e perceber que estava só de boxer, então correu para colocar um moletom, assim que ele soltou a bainha da calça a porta foi aberta.
A figura miúda e nervosa entrou no quarto o cabelo cobria metade do rosto e com a iluminação do quarto formava uma sombra misteriosa.
- Aconteceu de novo. - Você confessou torcendo as mãos (o que não passou despercebido) - Eles apareceram de novo, eu não aguento mais.
Shindo gentilmente separou suas mãos nervosas que começavam a cavar a própria pele com a unhas (ou o que sobrou delas)
- A quanto tempo isso voltou? - Ele foi paciente em persuadila aos poucos até a cama para se sentar.
- Três noites, não importa o quanto de remédio eu engula, eles não vão embora. Sempre estão me soldando, quando não estão em cima de mim na cama eu estou de volta naquele quarto escuro. - A respiração começou a ficar desregulada e a euforia começava a dar os primeiros sinais.
- Você tomou outro remédio depois que acordou? - Uma das mãos de Shindo foram delicadamente ao seu rosto, analisar a profundidade de seus olhos - Você sabe que não pode fazer isso, certo?
- Eu - Eu sei, é que...
- Ta tudo bem, eu não sou seu médico, não estou aqui lra julgar, mas me prometa que vai parar com isso. - Ele tinha um olhar um tanto severo sobre você mas em um instante a aura rígida desapareceu e deu lugar a um sorriso encantador - Não precisa prometer nada agora, mas essas mãozinhas vão ficar separadas! - Ele mais uma vez colocou suas mãos grandes e calejadas sobre as suas e as separou - Eu já disse que não posso deixar você se machucar de novo e é isso que farei, agora vamos ver um filme ou dormir?
- Não quero ver nada e não sei se consigo dormir, minha cabeça está um balão.
- Ok, então vamos apenas deitar, nada de baixo astral.
- Yo... pode me emprestar uma boxer sua? - Você queria morrer depois de pedir isso - Eu suei demais e agora parece que fiz xixi na calcinha.
A cara de confusão de Shinso mais uma vez se tornou um grande sorriso com uma gargalhada um pouco mais alta do que o horário permitia.
- Claro, tem preferência por cor? - Ele estava brincando com a sua cara, enquanto você ficava mais vermelha mais o sorriso dele se alargava.
Devidamente trocada você se deitou ao lado a uma distância considerável, se sentia estranha, toda vez que as memórias em forma de pesadelo voltavam você se sentia estranha.
- Quando foi sua última crise de ansiedade? - A pergunta de Shindo lhe pegou despreparada, a mãos dele lentamente subiram sua blusa até a altura das costelas onde existia uma grande cicatriz agora toda manchada de riscos e vermelho.
- Três noites atrás. - Você se encolheu quando as mãos deles tocaram a cicatriz.
- Doi?
- Não. É só... desconfortável. - Assim que essaa palavras sairam de sua boca ele retirou as mãos de você e abaixou sua blusa.
- Nós ja falamos sobre autoagressao ,[Nome], você sabe que isso não ajuda em nada além de te ferir mais, olha como estão seus braços. Sua cicatriz, seu pescoço. Eu pensei em fingir que não tinha nada para te dar a chance de contar. Por favor, não faça isso, você não sabe o quanto doi ver quem eu amo nessa situação e saber que não posso fazer nada para melhorar você.
- Eu sei... desculpe eu só, não sabia o que fazer eu não vi escapatória da dor além se causar outra dor.
Foram longos minutos apenas ouvindo a respiração um do outro, você não estava vendo o rosto de Yo porquê estava de costas, mas o ar da respiração dele estava batendo em sua nuca.
A cama fez um barulho quando o jovem se sentou, começando a passar a mão por seus cabelos.
- O que você ta fazendo? - perguntou porque Shindo tinha a horrorosa mania de embaraçar seus cabelos com as mãos.
- Uma trança, e sim eu sei fazer tranças.
Você não disse mais nada, de repente tudo se tornou turvo e os sons exteriores sumiram com você caindo no sono enquanto Shindo passava a mão por entre seus fios.
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☉Eu praticava a autolesao então isso foi mais dirigido as pessoas que fazem isso (uma parte do diálogo de Shindo veio de uma das frases Da minha psicóloga) e também como uma válvula de escape pra quem é carente e sozinho e quer imaginar que tem alguém nessas horas.☉
☉Minha menstruação tbm ajudou pq eu tive essa ideia naquele dia que você só queria ter alguém pra te confortar enquanto você morre de sangrar☉
☉Quem gostou bate palma quem não gostou paciência☉
