capítulo 8

241 15 86
                                    




Anna piscou algumas vezes e se remexeu nos lençóis, confusa por acordar na sua cama sem saber como tinha ido parar nela. Ainda sonolenta, virou-se de lado e seu coração quase parou de bater ao notar com quem estava dividindo a cama. Respirando tranquilamente, Lilly dormia com o semblante sereno, os cabelos cobrindo parcialmente metade do seu rosto. Aquela visão foi a responsável por fazer Anna suspirar aliviada e deixar um sorriso bobo repleto de gratidão se alastrar por seu rosto. Delicadamente, retirou uma mecha do cabelo do rosto da filha e a observou milimetricamente, nunca cansada de perceber o quanto ela era linda e perfeita e o quanto estava grata por vê-la em segurança.

- Mãe, para de me olhar assim, é perturbador. - Lilly murmurou de olhos ainda fechados e Anna piscou, congelando no ar sua mão que fazia carinho no rosto da filha. Parecendo perceber que sua mãe estava incerta de suas reações, Lilly sorriu e abriu os olhos encarando-a com humor - Bom dia.

- Bom dia... Voltou a falar comigo? - Anna perguntou esperançosa e Lilly soltou um risinho, assentindo com a cabeça. No segundo seguinte, sentiu o peso da mãe sobre seu corpo com o abraço de esmagar ossos que ela lhe dava, enchendo seu rosto de beijos.

- Mãããe!

- Voltou a falar comigo? Oh, Lilly senti tanto sua falta, isso significa que você perdoa a mãe? - Anna perguntou soltando Lilly, sentando-se na cama vendo a filha fazer o mesmo ao limpar o rosto.

- Sim, descobri que não consigo te odiar - Lilly deu de ombros e sorriu para Anna que mordia o lábio inferior de um jeito culpado. - Também senti sua falta, mãe.

- Eu fiquei tão angustiada quando você saiu de casa ontem, me desculpe, Lilly, eu nunca quis que você tivesse escutado aquelas coisas, nunca desejei que você tivesse presenciado o que presenciou, eu...

- Mãe - Lilly interrompeu, tocando nas mãos de Anna na intenção de tranquilizá-la. - Eu sei, tá tudo bem.

Anna respirou fundo parecendo aliviada. Alguns segundos de silêncio se passaram até que um pensamento recorresse a Black mais velha.

- Mas como eu vim parar aqui? E quando você ficou forte a ponto de me carregar?

Lilly deu um risinho.

- O Eddie... Eddie te trouxe até a cama.

O rosto de Anna ruborizou completamente quando ela pareceu sem jeito com aquela informação.

- Ele ficou aqui até que horas?

- Só depois que eu cheguei e só depois de te colocar na cama. Até insisti que ele ficasse no quarto de hóspedes, estava tarde demais para voltar para casa, ele devia estar com sono, mas ele preferiu ir embora.

Anna ainda parecia desconcertada com a informação de que Eddie tinha a colocado na cama durante a noite. Era um turbilhão de sentimentos, a noite anterior havia sido muito intensa trazendo consigo acusações, ofensas, mágoas, mas também um amor mal resolvido. Eram muitas coisas para lidar de uma só vez, sua mente ainda precisava de um tempo para processar. Sua mente e, principalmente, seu coração.

- Então, você me perdoa? - Anna perguntou cansada e Lilly sorriu suavemente ao acenar com a cabeça.

- Ontem a conversa com a vovó foi muito esclarecedora. Acho que consegui me colocar um pouco mais no seu lugar e percebi que você fez o que pôde na circunstância em que estava.

Os olhos de Anna encararam Lilly completamente marejados. Parecia que toda tensão estava dissolvendo em seus ossos, um aperto que comprimia seu peito pareceu suavizar permitindo que respirasse novamente.

- Mãe, você tá bem? - Lilly perguntou preocupada quando percebeu Anna tremer, sucumbindo ao choro.

- Eu achei que tivesse perdido você, achei que você fosse mudar comigo para sempre... - Anna confessou entre o pranto e abraçou a filha com força quando sentiu ela se aproximar.

All About Future DaysOnde histórias criam vida. Descubra agora