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Hoje está tão frio querido
Espero que possa vir me acompanhar
Com seus belos olhos esmeraldas
Esquentar minha alma
E poder me levar até
o meu profundo
e obscuro
sonho...

Capítulo Dois, caminhos

A noite se revelou particularmente longa para Harry Potter. Os sussurros e comentários incessantes sobre a fatídica situação do cachecol ressoaram por todo o dormitório, alimentando um burburinho constante que perdurou quase a noite inteira. Ron, Seamus e Neville não cessavam de fazer piadas e tentavam arrancar informações de Harry por todos os meios possíveis. Exasperado, Harry só conseguiu pregar os olhos depois de ameaçá-los com uma azaração.

Ele acordou com os olhos pesados e, ao constatar a hora, levantou-se apressadamente, atrasado para sua primeira aula do dia: Poções, sob a temida supervisão do professor Snape. Harry sentiu que seu pesadelo estava longe de acabar.

Enquanto se banhava, apreciando o calor das gotículas de água que deslizavam pelas suas costas sob o chuveiro recém-consertado, Harry ponderava sobre a esperança de que, ao menos na companhia de Hermione, pudesse evitar o constrangedor assunto do cachecol. O jovem bruxo não conseguia compreender toda a comoção gerada em torno desse incidente.

Sentindo o vapor quente preencher o ambiente, ele se esforçava para afastar os pensamentos sobre a inevitável interação com Snape e as prováveis provocações que enfrentaria ao longo do dia. Cada detalhe da noite anterior, desde as risadas abafadas até os olhares curiosos de seus colegas, contribuía para seu crescente desconforto. Harry desejava, com todas as forças, que aquele dia fosse menos turbulento, embora soubesse que as chances eram escassas.

Harry estava tão atrasado que pulou o café da manhã e apressou seus passos. Suspirava lentamente enquanto caminhava pelos corredores de Hogwarts, e foi possível ouvir passos frenéticos vindos do norte.

Ele apertou os olhos numa tentativa inútil de reconhecer o som e, ao longe, avistou a cabeleira de sua amiga balançando. Ela vinha com livros nos braços e uma expressão que dizia "Eu vou te pressionar", uma feição que Harry temia profundamente.
Em resposta, arregalou os olhos e começou a correr pelos corredores em direção à sala de aula, tentando desesperadamente escapar da iminente repreensão.

— Você não vai escapar, Harry Potter! Venha aqui agora! — exclamou Hermione Granger, sua voz ecoando pelo vasto corredor, desgastada pelo cansaço de correr atrás de seu amigo.

Harry respirava profundamente, acelerando seus passos na esperança de se livrar rapidamente. Suas pernas doíam e o coração batia descompassadamente, mas ele continuava. Contudo, Hermione foi mais rápida, e num movimento ágil, agarrou-o pelo capuz da capa.

O som dos sapatos ecoou mais alto que a respiração ofegante de ambos. Por longos dois segundos, Harry se viu caindo de costas no chão devido à força com que sua amiga o puxou. O impacto foi forte, e ele sentiu o chão frio contra suas costas.

— Hermione, pelo amor de Merlin! Você quase me derruba! O que pensa que está fazendo? — ele questionou, seus olhos arregalados enquanto se afastava assustado, esfregando a parte dolorida das costas.

Hermione, ainda respirando pesadamente, franziu as sobrancelhas indignada.
— Eu não precisaria te puxar se você simplesmente não fugisse de mim, ora bolas — retrucou ela, colocando as mãos na cintura. Sua expressão estava severa, os olhos faiscando de determinação.

— Fugir de você? Eu só queria evitar mais uma conversa sobre aquela besteira do cachecol — resmungou Harry, desviando o olhar.

— Pois é exatamente sobre isso que precisamos falar — insistiu Hermione, abaixando-se para encará-lo de frente.
— Não adianta fugir, Harry. Você sabe que precisa esclarecer isso.

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