Way Finder [FRERARD]

3. Chaleiras e churros

Oi gente! Falando aqui no começo só pra avisar que esse capítulo vai ser maiorzinho, mas juro que valerá a pena.

Faltam só 3 postagens pro fim, já estou com saudades :(

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Capítulo Três

   Sabe quando os poetas escrevem sobre o destino ser incerto e os caminhos da vida imprevisíveis? Eu nunca achei que isso fosse ser algo tão literal. 

   Depois de passar um dia inteiro chorando as pitangas por não ter feito o suficiente no passado, finalmente me dão a oportunidade de voltar e mudar tudo, mas me jogam no dia mais inútil do universo. Sem a possibilidade de terminar de uma vez com Jamia, me restava somente enfrentar o outro lado da situação sem garantia alguma. Porra, destino...

   Nesse exato momento eu estava determinado a fazer algo com o tempo que me foi dado, mesmo que não surte o mesmo efeito que eu desejava inicialmente. Argumentar com os astros sobre a péssima angulação do espaço-tempo não adiantaria de nada, e é por isso que talvez valesse a pena espionar um pouco a conversa que o meu ex estava tendo com sua atual. Os dois continuavam na frente do ônibus e dessa vez Lindsey parecia em pânico, gesticulando afobada. 

   – Gerard, eu não gosto da amizade de vocês. Acho muito estranho tudo isso – A mulher de cabelos pretos sussurrou.

   – Ele tá na banda, Lyn. Eu não posso deixar de ser amigo dele. – Way respondeu, em um tom de voz impaciente.

   – Você sabe que toda essa ceninha que vocês fazem no palco vai dar má publicidade né? Além disso, você nunca teria futuro com um homem do lado. – Ela agora adotava uma feição prepotente no rosto.

   – Como assim? – indagou, enquanto passava as mãos pelos cabelos, sinal de nervosismo – Que papo estranho é esse? 

   Realmente não entendia todo o ódio que ela subitamente tinha de mim. Gerard teria deixado bem claro que acataria as sugestões da mulher quando me empurrou no meio de um show, só porque fiz menção de abraçá-lo. Ainda que eu já tivesse o perdoado, e a animosidade esquecida, percebia que Lindsey não estava satisfeita e seguia me vendo como uma ameaça – hoje mais que o habitual, por algum motivo. Portanto, lá estava ela, argumentando com os olhos arregalados, como se precisasse me tirar da vida dele com urgência. Infelizmente eu sabia que ela havia conseguido, pelo menos na realidade que eu vinha.

   A mulher ia começar a discorrer sobre o "namorado" aparentar não querer assumir algo sério com ela, quando Mikey me flagrou espiando pelas frestas da cortina do ônibus. Minhas bochechas coraram enquanto ele encarava a situação com o típico sorriso irônico.

   – Espionando, Iero? Sempre pensei que você fizesse mais o tipo que finge não ligar.

   – Só estava checando o céu, parecia que ia chover mais cedo. – A desculpa esfarrapada não convenceria nem a pessoa mais tapada do mundo.

   – Certo... – ele soltou mais umas risadas involuntárias, se divertindo muito com minha falta de jeito – Espero que você já esteja pronto pro show, a banda que vai abrir pra gente já vai subir no palco.

   – Eu nasci pronto, Mikes. – Respondi, enquanto reunia meus pertences e os levava para o banheiro.

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   O espaço era como uma grande chaleira sendo aquecida. A princípio era calmo, silencioso, sendo preenchido aos poucos. Uma vez cheio, começava o burburinho, semelhante ao chiar inicial da panela entrando em contato com o fogo, as vozes amontoadas em expectativa, movidas por um só motivo. A próxima etapa era a ebulição. Assim que colocávamos os pés no palco, a tensão aumentava na expectativa para os próximos movimentos. Era aí que a música iniciava, e todos nós fervíamos. A energia transmitida naquele ambiente era algo tão puro, tão brutal e único... Não perderia a graça nunca.