"Sua chamada está sendo encaminhada para a caixa postal. Deixe um recado após o bi-"
Desligou. Já era a terceira ligação seguida só hoje. A menina de mechas azuis não conseguia nem focar nos grandes livros espalhados pela mesa de estudo. Ela não era nenhuma idosa que não estava familiarizada com a tecnologia para enfiar o nariz em várias obras de biblioteca ao invés de usar o computador, mas se tratando de trabalhos antropológicos, não tinha como fugir das páginas empoeiradas.
Júlia trabalhava na administração de um museu conceituado em Nova Jérsei e sabia de cor praticamente as especificações de todas as relíquias do estado. Ela sempre foi apaixonada pela museologia e tudo que cercava esse universo, passava horas e horas pesquisando e se especializando. Não era a toa que possuía um currículo invejável para alguém de apenas 27 anos.
No entanto, naquele dia em específico, nem todo seu amor pela profissão a tirou da preocupação. A jovem nunca teve muitos amigos, mas confiava a vida aos poucos que possuía. Dito isso, todo o caos na situação atual era completamente justificável, já que faziam 3 dias que sua melhor amiga havia desaparecido.
Lindsey Ballato fora a primeira amiga que Júlia teve, eram inseparáveis desde que se esbarraram no campus da faculdade. A mulher de cabelos negros era alguns anos mais velha, trabalhava com arte e possuía uma energia vibrante que chamava atenção de todos. As duas brincavam que Lindsey tinha Júlia como introvertida de estimação, de tão diferentes que eram as personalidades das jovens.
Mesmo com todas as disparidades, elas sempre se deram bem. Ou pelo menos costumava ser assim, até os últimos meses. A artista era habituada a dormir na casa da família de Júlia e sempre soube dos projetos da museóloga com detalhes. No entanto, quando a pesquisa sobre os Way Finders e suas ações místicas começaram, Ballato passou a agir estranho.
Júlia recapitulava mentalmente todos os momentos que dividiu com a mulher. Todas as noites em claro analisando pingentes e visitando sessões proibidas de bibliotecas juntas, todos os almoços de família... Ela estava entrando em parafuso. Saiu do escritório e atravessou o apartamento, a fim de beber um pouco de água.
Enquanto enchia o copo, resolveu ligar para os pais. Eles eram os melhores em a acalmar, além de conhecerem pessoalmente Lindsey.
Não atenderam. Merda. Em New Jersey, Gerard e Frank provavelmente estavam cuidando dos cachorros ou das plantinhas que os músicos tanto amavam.
Sem poder ouvir a voz de nenhum dos pais, a jovem recorreu ao presente que os dois haviam dado a ela um ano depois da mudança definitiva. Era um álbum de fotos em que ambos trabalharam, Gerard enfeitando e Frank recortando. Júlia não cansava de sorrir enquanto terminava sua água e analisava as fotos: sua adoção, primeiro aniversário, fotos antigas dos dois, fotos da banda...
Tudo estava perfeitamente normal, até ela reparar algo que não estava lá antes. Júlia piscou várias vezes, temendo que a visão tivesse traído ela. Mas não era o caso, já que quando os olhos abriram, a imagem permanecia lá. De saia quadriculada, jaqueta preta e lábios vermelhos, Lindsey aparecia sorrindo em uma fotografia de 2007, junto com a antiga banda dos pais e outros artistas.
O choque tomou conta da garota. Aquilo não podia ser real. Folheou as paginas e lá estava ela de novo, junto com o staff. Júlia largou o álbum na mesa da cozinha e correu até o escritório.
Jogou o nome de Ballato no Google, obtendo subitamente inúmeras páginas que a identificavam como baixista do Mindless Self Indulgence. Júlia sentia que ia desmaiar. A amiga nem sequer tocava baixo!
Temendo que suas teorias estivessem certas, abriu o cofre onde mantinha algumas unidades de colares que seriam enviadas para o museu e contou. Haviam 2 Way Finders onde deveria ter 3.
– Puta. Que. Pariu. – Júlia xingou pausadamente.
Como se um quebra-cabeças tivesse se encaixado, a mulher começou a se lembrar de momentos suspeitos: a obsessão contida que Lindsey tinha pelos seus pais, – mais especificamente Gerard – das vezes que ela aparentava estar mais interessada do que o normal nos estudos da amiga, dos comentários desnecessários sobre a riqueza da família... Ela tinha feito isso.
Ela realmente ignorara todos os inúmeros diagramas de risco, os cálculos e lendas envolvendo as quatro pedras. O pior de tudo era que se ela tivesse ido com o intuito de seduzir Gerard... Isso fodia a linha do tempo de um jeito que a própria Júlia deixaria de existir.
Sabendo que, nessa altura do campeonato, Lindsey já teria destruído o Way Finder para não conseguir voltar para a década atual, Júlia entendeu o que precisava fazer. Ela não podia confrontar Lindsey, nem conseguiria, visto que a artista já estava entrosada com toda a equipe e poderia a fazer passar por uma fã obcecada facilmente.
Sendo assim, ela pegou um dos dois cordões e fechou os olhos, rezando para que os anos gastos no clube de teatro a ajudassem quando fosse encontrar o pai. Ele seria a única forma de endireitar o destino indiretamente.
Rapidamente, a mente de Júlia traçou possibilidades. Era quase certeza que Frank, ao usar o colar, voltaria para algum lugar onde esteve próximo a Lindsey, devido a deformação no espaço-tempo que um Way Finder quebrado causava. Ciente que aquela, ainda que precipitada, era sua única chance, a mulher agarrou a corrente até os nós dos dedos ficarem esbranquiçados.
2017, aqui vou eu.
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Aqui acaba nossa jornada, amigos. Muito obrigada por acompanhar, espero que agora vocês dividam comigo a teoria de que a current Lynz é uma pessoa do futuro que viajou para se aproveitar da riqueza dos MCR.
E gente, o Gee não viajou quando o Frank deu o colar pra ele porque o colar só funciona quando quem usa quer ou precisa mudar algo no passado (tem dizendo no livro da biblioteca). No caso do Frank, além da vontade, tinha o erro no espaço-tempo que Lindsey criou quando quebrou o colar pra não ter como voltar (que precisava ser consertado)... Enfim, eu tentando racionalizar colares mágicos skaskskksa
Espero que vocês tenham gostado e até a próxima!

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Way Finder [FRERARD]
Fiksi PenggemarFrank Iero. Ex- guitarrista da My Chemical Romance, banda que estava prestes a voltar dos mortos. Apesar de todas as vantagens do retorno, este também possuía uma enorme desvantagem: Gerard Way. Iero definitivamente não estava lidando bem com o f...