Prólogo

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O Conde Penwood era um homem de meia idade que administrava com proeza suas propriedades e fortunas na Inglaterra. A família era uma das poucas que ainda mantinha o título e o mesmo sobrenome, fato garantido por uma linhagem imaculada de herdeiros masculinos. 

John herdara o título de Conde aos dezoito anos, quando seu pai faleceu inesperadamente de problemas do coração, e então se tornou o chefe da família. Apesar de ter sido um jovem bom e amável, suas responsabilidades acabaram o tornando muito rígido. Mas sua seriedade prematura fez com que encaminhasse seu irmão mais novo para um futuro promissor e conseguiu bons e respeitáveis casamentos para suas duas irmãs. 

Quando já passava da idade de trinta anos, era esperado que o Conde se casasse e então continuasse a antiga linhagem da família trazendo ao mundo mais um varão para herdar-lhe o título e as propriedades. Essa seria a principal função daquela que se tornasse a condessa: um herdeiro homem.

Devido a fortuna e influencia que trazia seu sobrenome John foi apresentado a diversas damas, entre elas uma dama nobre de vinte anos de linhagem exemplar e beleza exuberante. Linda Windsor era a segunda filha de um Duque e o cristal da temporada de casamentos de Londres daquele ano. Aquela era a sua estreia na  temporada, pois vinha de uma família tradicional na qual a segunda filha só poderia se casar após o casamento da mais velha, o que tinha acontecido há apenas alguns meses. Não houve paixão a primeira vista entre eles, daquelas em que os apaixonados cometem loucuras de amor, mas o amor entre eles foi construído com o tempo. Linda era muito bonita, o que facilitou o interesse de John, mas durante a corte e os preparativos para o casamento os noivos realmente encontraram afinidades e começaram a se aproximar. No dia do enlace estavam completamente apaixonados e alguns meses após se casarem se amavam com todo o coração.

Cinco anos após o casamento, Linda deu a luz ao pequeno David. Foi uma alegria inenarrável para o Conde e toda a sua família quando o seu primogênito finalmente nasceu. Após duas perdas de bebês durante a gravidez e um bebê que havia nascido morto, alguns chegavam a duvidar que a Sra. Penwood daria o tão esperado varão ao Conde, e o assunto era muito especulado nos círculos sociais da aristocracia. Embora houvesse muito amor no casamento e John não culpasse a esposa pela falta do herdeiro, foi um alivio para a Condessa, que se sentia em débito com o marido, quando o tão esperado filho nasceu. O pequeno David era saudável, e aos dois anos de idade já mostrava que seria um rapaz forte. 

Quando todos já tinham perdido qualquer esperança de um novo herdeiro, a Condessa, que já passava dos trinta anos, dava sinais de outra gravidez. Foi uma gravidez difícil e alguns médicos chegaram a acreditar que o bebê não vingaria. A Condessa permaneceu em repouso durante toda a gestação e então seis anos após o nascimento do menino, Linda dava luz a uma pequena menina que batizaram de Charlotte. A menina nasceu saudável, mas a Condessa nunca se recuperou do parto. Estava contente por ter sido abençoada com uma filha, cuidou e amou a sua bebê o máximo que sua saúde frágil permitiu e sempre repetia aos familiares e criados o quanto amava a sua família. Apesar do Conde contratar os melhores médicos do país e oferecer a esposa os melhores cuidados, quarenta dias após o parto Linda morreu.

***

Para o sério Conde Penwood era uma tarefa desafiadora criar uma pequena bebê sozinho, pois não conhecia os cuidados e a educação que uma pequena dama necessitaria. Pensou em se casar novamente, mas acreditava que jamais encontraria tal felicidade com outra mulher, então manteve-se solitário, e contratou amas de leite e tutoras para cuidar de seus filhos, especialmente da mais nova, e conforme os anos se passavam viu seus filhos crescerem saudáveis e felizes.  

Com o passar dos anos, John se tornara mais recluso e solitário e passava a maior parte de seu tempo na sua residência em Londres enquanto os filhos permaneciam na residência principal da família no Kent. Charlotte e David cresceram supervisionados por uma enorme quantidades de tutores e criados, mas sozinhos na enorme propriedade tiveram uma infância muito mais leve e com mais liberdade do que qualquer outro herdeiro de um aristocrata, e construíram uma fraterna amizade entre eles. 

O Conde mantinha-se longe das algazarras dos jovens e de qualquer assunto pessoal de seus filhos, preferindo se ocupar dos assuntos da câmara dos lordes. Mas chegara a hora em que o Conde deveria encontrar um casamento para a sua filha Charlotte, e receber o seu filho David que voltava para casa após concluir os estudos em Cambridge.

Os herdeiros do CondeOnde histórias criam vida. Descubra agora