Capítulo 7

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Com a casa cheia de visitas, David frequentemente estava ocupado, pois se não estava se inteirando das lições que seu pai ou o secretário o passavam sobre a administração da propriedade, estava fazendo companhia aos seus primos em alguma atividade. Nos poucos momentos em que não estava atarefado, entretanto, como nos momentos quando se deitava para dormir, ou quando as letras dos livros começavam a se embaralhar e ele fazia uma pausa, era Olivia que preenchia seu pensamento.

Cruzou com ela algumas vezes no corredor da mansão nos dias que seguiram ao baile, mas ela estava sempre junto dos criados, e apenas tinham se cumprimentado. Ele sabia que ela estava o evitando. 

Essa noite, sonhou com ela mais uma vez. Não era mas uma surpresa que ela estivesse presente em seus sonhos. Desde que a conhecera, sonhar com ela  tinha praticamente se tornado parte de sua vida. Nessa noite, o sonho não foi inocente... Ela estava nua na sua cama, os cabelos negros espalhados pelo lençol, e o belo corpo reluzindo à luz das valas. Ele se aproximou e a a tocou intimamente, ela retribuía o gesto. Se consumiam apaixonadamente... E então ele acordou. A respiração entrecortada e o membro rijo, o perfume dela ainda inundando suas narinas. 

David se recostou na cama, mas sabia que não seria capaz de voltar a dormir. Sua cabeça estava atordoada e o corpo não conseguia relaxar. Simplesmente sonhar com Olivia causava esse sentimento nele, como se necessitasse dela.

Resolveu descer para tomar um chá quente. Isso com certeza o ajudaria a recuperar a compostura e o sono. Pegou um castiçal com uma vela acesa da sua mesa de cabeceira e desceu as escadas. É claro que poderia ter tocado o sino para chamar um criado e ordenar que ele o trouxesse uma xícara, mas acreditava que aquele horário, todos os criados já haviam se retirado. Além do mais, seria bom espairecer antes de tentar voltar a dormir.

Quando entrou na cozinha observou que o cômodo não estava tão escuro quanto o resto da casa, pois na enorme mesa de madeira descansava uma pequena vela acesa.

- Sr. Penwood, o que faz aqui?

Era a voz de Olivia. Ela estava sentada junto à mesa, e certamente o outro castiçal à pertencia. Vestia um robe amarrado na cintura por cima de sua camisola, embora não mostrasse muito de sua pele, era um traje completamente inapropriado para estar na companhia de um cavalheiro. Assim como seu próprio traje era inapropriado para qualquer local exceto seus próprios aposentos. 

- Olivia. – disse David. Desde quando ele a tratava por seu nome de batismo e não Srta. Watson? Mas aquela altura, ele já não raciocinava direito.

- O que faz aqui? – Repetiu Olivia.

- Perdi o sono. Vim buscar um chá. – Respondeu.

- Certamente poderia ter pedido a um criado que levasse para o senhor.

- Eu sei – Admitiu. – Mas decidi vir eu mesmo pegar.

- Vou preparar para o senhor. Camomila está bom?

- Sim. Obrigado.

A moça se levantou e se dirigiu ao fogão, cruzando os braços na frente de seu corpo - como se isso fosse ocultar o fato de que ela estava vestida em um traje de dormir - pegou um bule, o encheu com água e o direcionou a chama acesa.

- E você o que faz acordada? – perguntou David.

- Também não fui capaz de dormir.

- Um pesadelo?

- Não. Somente pensamentos demais. O senhor teve um pesadelo? - Perguntou.

Ele permaneceu em silêncio enquanto a olhava disfarçadamente. O longo cabelo dela em uma trança frouxa caindo pelas costas. Despois do sonho que tivera com ela, era impossível não pensar em como ele gostaria de soltar aquele cabelo, afagar, puxar, e... Ele pigarreou para afastar os seus próprios pensamentos.

Os herdeiros do CondeOnde histórias criam vida. Descubra agora