Capítulo 32

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"A temperatura está baixa demais. As cobertas devem ajudar, mas mantém um olho nele." Heath diz alguns minutos mais tarde, quando nós dois estávamos no quarto de Hardin, com o menino deitado na cama, agora seco, limpo e com dois grossos cobertores.

Eu concordo com a cabeça, e Heath me oferece um leve sorrisinho, provavelmente vendo a tensão que eu tentava esconder. Coloca uma mão em meu ombro, dando um leve aperto de apoio, e logo sai com um aviso para chamá-lo caso algo acontecesse.

Olho para Hardin, deitado na cama de olhos fechados, e suspiro, tirando meus sapatos e me aproximando. Sento ao seu lado e o encaro em silêncio por alguns instantes. Me assusto ao ouvir sua voz quando afasto uma mecha de cabelo de sua testa, acreditando que ele estava dormindo.

"Quanto tempo passou?" Sussurra, abrindo os olhos apenas um pouco, uma expressão sonolenta em seu rosto. Engulo em seco, passando levemente a mão pelos fios do seu cabelo.

"Quase dois meses." Murmuro. "Deu um susto do caralho." Um leve sorrisinho aparece em seus lábios.

"Sentiu minha falta?" Eu sei que ele pretendia que saísse como uma provocação, mas eu não consigo retribuir seu humor, e me xingo internamente ao sentir uma lágrima escorrer pela minha bochecha. Hardin franze a testa. "Não fica assim, wolf girl. Eu voltei, e não vou a lugar nenhum."

"Promete?" Questiono, odiando o quão fraca minha voz soava, mas sem conseguir fortalecê-la. Quão patético é o fato que ele está me consolando, e não o contrário?

"Prometo. Vem cá." Diz, envolvendo uma mão gelada ao redor do meu pulso e me puxando para deitar ao seu lado. Apesar de não ser forte, eu deito ao seu lado, cara a cara com ele.

O tanto que eu senti falta de seu rosto me atinge naquele momento. Seus olhos dourados que me lembram de ouro derretido, seu cabelo castanho com as pontas pintadas de um verde que me lembrava folhas de árvores. Eu percebo apenas ali que tinha, sem notar, decorado cada marca de sua feição. A leve e quase imperceptível cicatriz no canto esquerdo de seu lábio superior, o modo como seu nariz tinha uma leve imperfeição que mostrava que ele já havia quebrado antes. Eu gostava até mesmo dessas pequenas coisas.

"Canta para mim." Eu sorrio quando as palavras deixam seus lábios porque, bem... Eu senti falta disso também.

Assisto enquanto ele fecha os olhos novamente, minha voz cantando Make you mine suavemente, em um tom baixo, mas que era a única coisa que escutamos no quarto escuro e vazio. O vejo adormecer com um leve sorrisinho nos lábios, e por mais que estejamos no meio da madrugada, não consigo mais cair no sono.

Apenas continuo o observando. Era incrível como todas as feições de Hardin suavizam em seu sono, o deixando com uma aparência quase angelical, como se ele não passasse a metade de seu tempo fazendo caretas ou dando sorrisos maliciosos e sarcásticos para todos ao seu redor.

Passo o que devem ser horas apenas o encarando - sim, eu sei que é levemente estranho e psicopata, mas tenta achar que uma pessoa que você se importa morreu por dois meses apenas para tê-la de volta na sua frente e depois conversa comigo - passando levemente a mão pelos fios do seu cabelo.

Hardin acorda rapidamente de manhã, mas logo está dormindo novamente. Sua temperatura vai lentamente retornando ao normal, mas eu deixo que ele durma. Faço um café na máquina de expresso que ele tinha no quarto, e observo os diversos desenhos que ele tinha presos na parede. Eram realmente muito bom, feitos com grafite, de diversas coisas. A escola, Ashy, paisagens de lugares que eu não conhecia.

Eu ignoro a hora do almoço, e Hardin apenas abre os olhos um pouco depois de cinco da tarde. Eu havia comido rapidamente, mas não queria deixá-lo sozinho por muito tempo.

"Como está se sentindo?" Questiono ao ver o par de olhos dourados me encarando. Hardin suspira e senta.

"Como se eu precisasse urgentemente de um banho." Diz, me fazendo abrir um leve sorrisinho. Hardin retribuí e eu coloco a minha mão em sua testa, relaxando ao sentir a temperatura normal, antes de deixá-lo ir para o banheiro.

Eu checo meu telefone, vendo algumas mensagem de meus amigos mas ignorando todas menos a de Heath, que perguntava se Hardin estava bem. Respondo apenas com uma confirmação, sem querer falar com ninguém que iria me arrastar de volta para o mundo real no momento.

"Onde está Ashy?" A voz de Hardin me faz levantar os olhos, para encontrá-lo encostado no batente da porta do banheiro.

"Nico está cuidando dela desde o acidente." Respondo. Ele assente, parecendo relaxar um pouco, e me oferece um sorrisinho ao estender sua mão. Arqueio uma sobrancelha. "Pensei que ia tomar banho?"

"Eu vou." Fala, aquele familiar brilho malicioso aparecendo em seus olhos. Eu tenho que reprimir minha diversão e encará-lo com uma seriedade que era apenas parcialmente sincera.

"Você acabou de ter hipotermia, Hardin. Não acha que deveria descansar um pouco antes?" Ele rola os olhos, se aproximando de mim. Fica de joelhos na cama na minha frente, abaixando o suficiente para que nós dois estejamos cara a cara.

"Já descansei o suficiente, estou bem." Murmura, seu rosto descendo até ele estar beijando meu pescoço. Eu solto uma risadinha quando ele dá uma mordidinha. "Vem." Segura minha mão e me puxa para fora da cama, sua boca encontrando a minha no instante em que nós dois estamos em pé.

Fico de pontinha, minha mão em sua nuca, e dou um leve tapinha em sua mão quando ele faz menção de me levantar no colo. Sinto que teria rolado os olhos se não estivesse ocupado demais me beijando, mas deve perceber que eu não iria deixar a preocupação de lado, porque apenas nos guia para o banheiro.

Antes que eu sequer perceba o que ele está fazendo, um jato de água me atinge, encharcando nós dois. Arregalo os olhos e me afasto para encarar Hardin, que parecia - sem sucesso - tentar reprimir um riso.

"Hardin! Está maluco? Você acabou de..." Seus lábios encontram os meus novamente.

"Para de se preocupar." Sussurra, e eu confesso que perco um pouco a linha de pensamento quando suas mãos encontram a bainha da minha camisa, que ele puxa por cima da minha cabeça - sim, eu sei que deveria ter continuado meu argumento, sou uma vergonha.

Deixo que ele tire minha roupa, mas o impeço quando faz menção de ajoelhar na minha frente. Hardin arqueia as sobrancelhas, mas eu o ignoro, tirando suas roupas e as jogando de lado no chão do banheiro. Toda a sua hesitação vai embora quando eu coloco meu cabelo para trás e fico de joelhos.

Meus olhos encontram os seus, e eu não desvio o olhar ao envolver uma mão ao redor de sua ereção e arrastar preguiçosamente a língua por todo seu comprimento. Eu sabia que o piercing na minha língua tornava a sensação ainda maior - já havia escutado isso antes - e essa teoria se prova verdadeira quando Hardin joga a cabeça para trás, gemendo levemente e envolve meu cabelo ao redor de seu punho.

Eu o coloco na minha boca, e relaxo a mandíbula, o levando tão longe quanto consigo sem me sentir sufocada. Estabeleço um ritmo que, pela reação de Hardin, parece bom. O assisto enquanto uso minha boca, língua e também minhas mãos para fazê-lo alcançar seu clímax.

Ele puxa levemente meu cabelo ao gozar, mas eu não me importo e engulo tudo. O gosto não era bom, mas não era ruim também. Era melhor que minhas experiências anteriores, e eu não me importava nem um pouco em engolir para ele, não quando seus olhos encontram os meus depois, me encarando com uma certa adoração.

Dou um sorrisinho e fico de pé, deixando que Hardin me beije depois. Ele não parece se importar com seu gosto em meus lábios.

"Minha vez." Sussurra, mas bem nessa hora, nós dois escutamos a batida na porta. Ele resmunga, e eu dou uma leve risadinha. Hey, sou eu que perdi o orgasmo, amigão, não você.

"Depois." Murmuro, e assisto com um certo divertimento enquanto Hardin se apressa para terminar seu banho e sai para atender a porta, resmungando durante todo o processo.

Kill me, baby - Lockwood High ano 1Onde histórias criam vida. Descubra agora