Capítulo 18

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Eu não consigo impedir o grito que sai da minha garganta. Arregalo os olhos, minha visão embaçando com lágrimas não derramadas, e eu começo a andar para trás involuntariamente. Quando sinto minhas costas baterem contra algo, grito novamente e me viro, apontando rapidamente minha faca. Heath me encara, mantendo a calma.

"Respira, Sky..." Ele diz, os olhos solidários. Meu lábio inferior treme e eu abaixo as minhas armas. Eu devo murmurar algo, porque suas mãos vão para meus ombros e ele diz: "Eu sei, okay? Já chamei os outros. Respira fundo, Sky."

"Tinha um bilhete. Para eu vir para cá." Murmuro, uma lágrima escorrendo pela minha bochecha. Heath franze a testa.

"Me entrega o bilhete. E não conta a ninguém sobre isso, okay? Você não conseguiu dormir e desceu para treinar. Foi assim que encontrou Damon. Entendeu?" Eu assinto, mordendo o lábio, tentando impedir as lágrimas que querem escorrer.

Heath me guia até arquibancada, onde eu sento. o ginásio começa a encher, e eu noto todos os Jokers, alguns Aces, Queens e Kings entrarem. Nico encontra os meus olhos e suspira, se aproximando. Senta ao meu lado e segura a minha mão. Eu deixo o conforto da sua pele na minha penetrar meu organismo.

Quando Hazel entra, porém, apenas alguns minutos depois, eu sinto meu coração verdadeiramente quebrar. Ela arregala os olhos, e um grito de puro desespero deixa seus lábios. Rush se aproxima, e ela cai em seus braços, chorando compulsivamente.

Minhas próprias lágrimas começam a escorrer mais rápido, e Nico passa um braço ao redor de meus ombros, me puxando para perto. Eu deito a cabeça em seu ombro, os soluços tomando conta do meu corpo.

A elite toma conta do corpo de Dame, mas eu não olho mais naquela direção. Alguns Kings saem com ele, e assim que a porta se fecha atrás deles, eu escuto a voz de Hazel, a única coisa que me faz levantar a cabeça para olhar.

"Eu quero saber quem fez isso." Hazel diz, sua voz forte conforme ela olha ao redor da sala. "Alguém aqui matou meu melhor amigo, e eu quero saber quem foi."

"Eu quero saber quem colocou você no comando." Darko diz, arqueando uma sobrancelha. Hazel estreita os olhos e caminha até parar na frente dele. Ele era uns bons centímetros mais alto que ela, mas a menina não pareceu se incomodar.

"Eu sou uma Joker tanto quanto você." Declara. Isso me faz franzir a testa, mas eu pareço ser a única confusa por ali. O que quer que isso signifique, parece irritar Darko. Ele trinca a mandíbula.

"Você é uma dois. Nada mais." Fala, e todos encaram a cena em silêncio. Eu acho que Haze vai se afastar, mas ela não faz. Apenas cruza os braços.

"Ajoelha." Diz. Eu arqueio as sobrancelhas, e Darko solta uma risada sem humor.

"Como?" Exclama.

Hazel fica de pontinha, levando os lábios até a orelha dele e sussurra algo. O que quer que seja, faz Darko ficar completamente branco, seus olhos arregalando. Pela primeira vez, ele parece com medo. Não apenas isso... aterrorizado.

Minha amiga se afasta novamente. "Eu disse. Ajoelha. Quer que eu soletre?"

Por um segundo, o ginásio fica em silêncio completo, e eu acredito que Darko vai mandá-la se foder. Mas ele não faz isso.

Darko Snow abaixa a cabeça e ajoelha em um joelho só, como um soldado para sua rainha. Eu arregalo os olhos, e vejo a expressão surpresa de todos na sala. Os únicos não afetados eram Frost, que mantinha sua expressão entediada de sempre, e Rush, que tinha um leve sorrisinho orgulhoso no rosto.

Hazel olha ao redor para as outras pessoas no lugar. "Mais alguém tem um problema comigo dando ordens?"

Ninguém diz absolutamente nada, e Darko permanece ajoelhado, com a cabeça baixa.

"Ótimo." Haze diz. "Quero que saibam que eu vou caçar esse assassino até o fim do mundo se precisar. Com tudo que eu tenho, até eu achar esse filho da puta. E se eu não achar... Vou queimar todo esse lugar, e todas as pessoas no meu caminho." Rosna.

Hazel se vira e sai do ginásio. Por um segundo, ninguém mexe nem mesmo um músculo. Então Darko levanta, visivelmente irritado, e sai também. Isso faz o resto da elite ir embora.

"Você vai ficar bem?" Nico me pergunta, e eu vejo Hardin se aproximar até parar na nossa frente, as mãos nos bolsos. Eu engulo em seco e concordo com a cabeça.

"Yeah... vou sair daqui a pouco." Falo. Nico assente e beija a minha bochecha, levantando. Hardin me olha por um segundo, parecendo querer dizer algo, mas ele apenas suspira e segue seu amigo, os dois saindo.

Aspen se aproxima, sentando ao meu lado, enquanto Emy ocupa o lugar do outro lado. As duas seguram minhas mãos, nenhuma palavra trocada entre nós, apenas o apoio silencioso. Nós assistimos enquanto alguns Jacks entram para limpar o sangue de Dame do chão, levando a rosa vermelha também.

Quando ficamos completamente sozinhas, ficamos por mais alguns minutos. Eu levanto, e as meninas não hesitam em levantar também. Sigo para meu quarto, sem soltar a mão de nenhuma das duas, e elas não protestam. Parte de mim queria ir até Hazel, mas eu suspeitava que ela precisava de tempo, e eu vi Rush indo atrás dela.

Dou um de meus pijamas para Aspen e Emy, e nós deitamos juntas na cama. Ônix e Saphira parecem sentir a minha tristeza, porque os dois sobem na cama. Saph permanece apenas nos meus pés - mas isso por si só era seu sinal de conforto. O macho, por outro lado, se enfia entre eu e Emira.

Eu faço um leve carinho em seu pelo, tentando não pensar no que vi hoje mais cedo.

"Vocês acham que Hazel vai ficar bem?" Aspen sussurra depois de alguns longos minutos de silêncio. Por alguns instantes, ela não recebe resposta.

"Não sei." Murmuro.

Nenhuma de nós elabora essa ideia, porque nós três sabemos que as coisas estão prestes a mudar drasticamente. Um amigo morreu. Temos um assassino solto por Lockwood. Alguém me enviou aquele bilhete. E agora Hazel parece ter tomado uma posição de poder na escola, e nenhuma de nós parece saber exatamente o que isso significa para o resto da elite e dos alunos.

Eu não fecho os olhos naquela noite. Algumas lágrimas silenciosas escapam, e eu escuto Emy chorando baixinho às vezes. Nós seguramos a mão uma da outra novamente em algum ponto, e não soltamos mais.

Esse é o único conforto que podemos ter no momento.

Kill me, baby - Lockwood High ano 1Onde histórias criam vida. Descubra agora