Capítulo 26

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Aspen

Meu coração estava na garganta quando entro na enfermaria. Desde quando Jordan bateu na minha porta mais cedo, me acordando, eu não tinha conseguido me acalmar. Ele não me deixou ver Emy até que os meninos tivessem terminado de cuidar dela, mas assim que ele recebeu a ligação de Nico, eu estava praticamente correndo.

Agora, eu queria chorar com a visão que me recebe. Emy estava pálida, bem pálida. Seus olhos estavam fechados, e ela recebia sangue A+ de um tubo em seu braço. Luka estava sentado ao seu lado, segurando uma de suas mãos, com a cabeça baixa. Ele não me encara quando entro, mas eu sabia que me notou ali.

"Como ela está?" Murmuro, fechando a porta atrás de mim e me aproximando dele lentamente. Quando os olhos dele encontram os meus, eu tenho que me segurar para não me encolher. Estavam vermelhos, indicando que ele já tinha chorado pelo menos um pouco.

A última vez que vi Luka Cipriano chorar foi depois do pai dele morrer, quando ele e Emy tinham apenas oito anos. Nós três éramos grudados, melhores amigos. O trio maravilha, costumavam chamar. Mas depois que o pai deles morreu, Luka se fechou para o mundo. Até mesmo para a sua irmã, até um certo ponto.

"Eu não sei." Ele murmura. "Isso me assusta, Asp. Demais." Sussurra, e eu não consigo me segurar. Abaixo e o abraço, como não fazia há anos. Luka parece surpreso por um instante, mas logo me abraça também.

Algo havia mudado entre nós. Não só pelos anos que passamos sem nos falar direito, mas algo a mais. Talvez com o beijo naquela brincadeira estúpida no ano novo. A atmosfera entre nós estava mais... carregada. Decido tentar não explicar ainda.

"Ela vai ficar bem, Luka." Sussurro, e ele assente. Eu sento em uma cadeira ao seu lado, e ele segura minha mão assim que pode, de mãos dadas comigo e com sua irmã. Eu olho para Emy e engulo em seco.

Por favor, fica bem.

* * *

Sky

Nós não trocamos uma palavra. Mas eu sentia que não era necessário. Minha mente estava presa em Emy, e meu peito estava cheio com o medo do que iria acontecer com ela. Hardin apenas liga o chuveiro, tira nossas roupas de uma forma nada sexual, e me leva para debaixo d'água. Eu agradeço por ele não tentar nada agora. Poderia acabar saindo com um olho roxo.

Eu deixo que ele lave meu cabelo com o shampoo, e o condicionador logo em seguida. Eu mesma passo o sabonete, e meus olhos seguem o trajeto do sangue pelo chão do banheiro. Era uma visão que nenhuma garota de quinze anos deveria ver tanto quanto eu vi.

Nós dois saímos ao terminar, e eu deito na cama com Hardin depois de vestir um pijama de short e camiseta, minha cabeça em seu peito. Novamente, o silêncio era absoluto. Mas não era um silêncio que eu me sentia pressionada à preencher. Era confortável, e eu não queria quebrar essa situação por enquanto.

Não sei exatamente quanto tempo passa até que o telefone vibra na mesinha ao lado da cama. Nenhum de nós adormeceu, e Hardin estica o braço que não estava ao meu redor para pegar o celular. Fico mais nervosa quando vejo o nome de Nico no visor antes dele atender.

"E aí, cara?" Hard questiona, e eu escuto Nico dizer algo, apesar de ser baixo demais para eu escutar através da ligação. Hardin suspira. "Não sabem quando?" Mais uma vez, o menino do outro lado da linha responde algo. "Okay. Valeu, Nico. Me liga qualquer coisa."

"O que ele disse?" Questiono assim que Hard finaliza a ligação, levantando a cabeça para encará-lo. Ele suspira, deixando o aparelho celular novamente na mesinha, seus olhos dourados encontrando os meus.

"Emy está estável." Eu suspiro em alívio, mas pela expressão de Hardin, tinha mais. "Eles não sabem quando ela vai acordar, Sky. E não sabem as consequências exatas do corte até que ela acorde. Temos que esperar." Ele explica.

Eu engulo em seco e assinto. Parte de mim estava aliviada, mas a outra parte ainda estava com medo. Porém, Emy não morreu. É o que eu escolho me agarrar.

Eu deito novamente a cabeça em seu peito, mas sei que não vai ser a mesma coisa. Nosso silêncio confortável foi quebrado, e agora eu não podia mais atrasar o que tinha que dizer. Eu mordo o lábio, e sem levantar para encará-lo, tomo coragem e deixo que as palavras saem de meus lábios.

"Você não precisa ficar, sabe." Murmuro. Ele demora uns segundos a mais para responder, mas quando faz, sua voz é calma.

"Você quer que eu vá?" Questiona. Eu engulo em seco.

"Você sempre vai." Aponto. Eu não gostei exatamente de quão patético as palavras soaram ao sair de minha boca, mas não tinha mais o que fazer. Além disso, eu estava cansada demais para tentar provar a ele que não me importava.

"Não é o que eu perguntei, wolf girl." Hardin diz, seus dedos passando levemente pelos fios do meu cabelo, e brincando com as pontas azuis. Eu sistipo e balanço levemente a cabeça em negação. Não, não quero que vá embora. Por favor, fica. Ele parece entender. "Okay." Sussurra.

Nós não falamos mais depois disso. Hardin apenas continua passando levemente a mão pelo meu cabelo, e eu consigo cair no sono após um bom tempo. Eu não tenho sonhos, o que é bom. Temia que teria um pesadelo horrível com o assassino solto pela escola, que continuava me mandando bilhetes, por algum motivo.

Quando acordo na manhã seguinte, o lugar ao meu lado na cama está vazio, e Hardin não estava no quarto. Eu vejo um pequeno post-it verde no travesseiro que ele estava deitado, porém. Leio as palavras Tive que resolver algumas coisas, não quis te acordar. Me liga qualquer coisa.

Eu suspiro, assistindo sua letra por alguns instantes. Não era como a maioria dos meninos de quinze anos, apressada e feia. (Sem querer generalizar nem nada, mas na minha experiência, costumava ser assim). Era delicada e bonita, cada curva perfeitamente desenhada.

Deixo o post-it na mesinha e passo por Saphira deitada no chão ao lado de Ônix para ir no banheiro. Faço minha higiene matinal e troco de roupa, colocando um short jeans e uma camisa preta. Prendo o cabelo de qualquer modo em um coque, calço uma sandália e logo saio do quarto, parando no corredor apenas para pegar um copo de café na maquina.

Sigo para a enfermaria, e vejo Aspen sentada ao lado de Emy assim que entro. Ela morde o lábio ao me encarar, e eu vejo sombras escuras debaixo de seus olhos.

"Desculpa por não falar com você ontem. Quando cheguei, você tinha saído com Hardin, e Luka estava mal, então..." Eu a interrompo ao me aproximar e colocar meus braços ao redor da menina em um abraço. Ela imediatamente faz o mesmo, e eu tenho que prender as lágrimas.

"Como você está?" Murmuro. Ela se afasta um pouco para olhar para Emy. Nossa amiga estava tão pálida que a única coisa que ainda me lembrava que ela estava viva era o bip bip da máquina que controlava seus batimentos cardíacos.

"Eu só quero que ela acorde." Aspen responde, e eu concordo com a cabeça em silêncio. Eu também. "Hazel apareceu." Eu a encaro surpresa. Não é que eu acreditasse que Haze fosse ignorar isso, mas ainda sim. Ela estava passando por um período ruim. "Ela estava sozinha. Não ficou muito, e mal conversamos... mas ainda sim, sabe? É algo."

"É um começo." Falo, e consigo realmente acreditar em minhas próprias palavras.

Um começo.

Kill me, baby - Lockwood High ano 1Onde histórias criam vida. Descubra agora