CAPÍTULO 20

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Isa

Eu surtei.

Tive uma crise, um ataque de pânico, não sei descrever.

Só sei que eu desabei de uma hora para outra.

Eu estava leve, tranquila.

Enfim o dia de reencontrá-lo havia chegado. Eu estava feliz, e ao mesmo tempo nervosa. Tão nervosa que em um momento de insanidade pensei em desmarcar, e a Gabi teve que dar um grito comigo quando cogitei ligar para ele.

—Se você desmarcar eu vou ligar para ele e eu mesma vou nesse encontro. Está me ouvindo? Se você não quiser, tem quem queira.

Sei que ela falou somente para que eu me acalmasse, mas o efeito foi o contrário. Só de imaginá-lo com outra mulher senti uma pontada no coração e uma raiva que nunca senti querendo me dominar. Acho que entreguei o que estava sentindo porque ela apenas falou: —Viu... uma merda pensar em quem a gente gosta com outra pessoa ?

E assim eu deixei que ela me arrumasse como uma boneca para o meu encontro.

Passei a semana inteira ansiosa, sem saber como seria meu reencontro com o Pedro depois do que fizemos no Solar. Depois que ele me tomou em seus braços, me beijou como se eu fosse a única para ele, e não me deixou ir enquanto não prometi pensar em nós.

Apesar das inúmeras mensagens trocadas, nada se compara a esse nervosismo de um encontro. E a antecipação do que pode acontecer deixa-me tonta.

Imaginei um milhão de cenários no momento que nos veríamos, mas nada me preparou para o Pedro cavalheiro e galanteador que me aguardava dentro de uma calça jeans escura e uma blusa de botões azul clara. Lindo, mas com olheiras que demonstravam o quanto estava cansado. Isso só me fez ter mais certeza que tinha feito o certo ao aceitar me encontrar com ele.

Estávamos ouvindo uma música suave, sua mão livre fazia círculos na minha, como se não conseguisse ficar sem me tocar, e eu estava gostando daquele carinho... muito, muito mesmo, até que ele entrou naquela rua e eu me desesperei. E quando encostou no restaurante onde tive o pior dia da minha vida, eu não aguentei.

O ar começou a faltar e as memórias dolorosas vieram me assaltar.

O jantar com o Marco, aquela mulher entrando, jogando as fotos em cima da mesa... os gritos, a verdade vindo a tona e por fim o acidente.

Não aguentei a tormenta das lembranças e fugi. Do lugar, do carro, do Pedro. Ele viu o pior de mim.

Escoro-me em uma parede sem saber ao certo onde estou, e passo os braços ao redor do meu corpo, em uma tentativa frustrada de espantar as lembranças do que perdi.

Eu estava me reerguendo, eu tinha certeza que sim. Mas hoje foi a prova que não, ainda falta muito para que eu volte a ser a Isa.

De repente o cheiro dele entrou pelas minhas narinas e eu sabia que ele estava ali, seu perfume é único, algo que nem em mil vidas eu poderia esquecer. Então ele fez o que eu jamais imaginei. Ele estendeu a mão para mim. Me disse que eu não precisava estar sozinha, que ele queria estar comigo, do meu lado. Ele pediu com tanto sentimento na voz, com tanta vontade, com tanto... carinho. Que eu fiz a única coisa que poderia naquele momento.

Eu não aceitei sua mão.

Porque aquilo era pouco demais para aquele homem que estava ali ao meu lado, disposto a lutar com os meus demônios, mesmo sem conhecê-los.

Ele estava ali para mim, e eu queria muito, com todas as minhas forças acreditar naquilo.

Desliguei minha mente e deixei somente meu coração me guiar.

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⏰ Última atualização: Sep 24, 2020 ⏰

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