Capítulo 22 - Os três espiões.

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O pequeno corte no canto da minha testa latejava, vez ou outra eu insistia em toca-lo involuntariamente como se me esquecesse do quão dolorido estava

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O pequeno corte no canto da minha testa latejava, vez ou outra eu insistia em toca-lo involuntariamente como se me esquecesse do quão dolorido estava.

— Aí... — Suspirei entredentes semicerrando os olhos.

— Está doendo muito? — Elliot perguntou em um tom culpado me espiando rapidamente, logo voltando a sua atenção nas vazias ruas de Agloe enquanto dirigia.

— Apenas dolorido. — Toquei delicadamente o curativo, sentindo a maciez protegendo meu pequeno machucado.

Lembranças da perseguição de mais cedo surgiram em minha mente; aquilo me intrigava demais. Se realmente estavam nos seguindo, qual era o intuito? Bater no nosso carro até sofrermos um acidente? Ou apenas nos assustar?

Subi meus olhos para o rosto cansado de Elliot, me perguntando se as mesmas dúvidas rodeavam a sua mente. Ele provavelmente estava se contendo em falar sobre aquilo, ou apenas estava exausto demais para se maltratar em tentar desvendar a estranha cena de mais cedo.

— Me perdoe por isso... de verdade. — Sussurrou.

Quase gaguejei ao disparar:

— Não é sua culpa, jamais seria. — Afirmei convicta, como se eu precisasse desesperadamente fazê-lo não sentir nada de ruim ao acreditar que teria culpa naquela maldita perseguição; no fundo eu sabia que o coração dele estava mais machucado que minha testa. — A culpa é daquele filha da puta da Tahoe. — Meu sangue ferveu em lembrar. Cocei meus olhos apoiando o cotovelo na janela. — Aliás... você tem alguma ideia do porquê daquilo?

Elliot subiu os ombros como se assumisse não ter resposta para aquela pergunta.

— Já temos provas que desde o meu sequestro até a morte de meu pai tudo está ligado e tem um culpado. Mas essa perseguição... não sei, talvez... — Elliot aspirou e bufou pausadamente fazendo pouco a pouco sua bochecha desencher de ar. — Talvez fosse apenas um cara bêbado querendo fazer gracinha...

— Ou não. — Adicionei.

Ele assentiu.

— Ou não... — Repetiu em um sussurro.

Elliot reduziu a velocidade virando em um conjunto de prédios aparentemente deteriorados. Parecia ser a parte mais pobre de Agloe, os prédios não tinham nada a ver com as casas luxuosas que há pouco havíamos passado em frente.

De longe avistei o amigo de Elliot, o homem de cabelo claro e porte de playboy. Seu traseiro descansava no capô de um veículo esportivo que esbanjava ostentação porém carregava um risco em sua lateral, se destacando ao estar em um bairro tão pobre e cinza. Assim que notou a presença do farol do carro de Elliot iluminando o pequeno estacionamento vazio, logo o homem se ergueu e acenou com a cabeça.

Assim que terminamos nossa pequena refeição oriental no estacionamento do restaurante, Elliot havia me convidado á acompanhá-los para invadir o apartamento do funcionário da boate que supostamente o drogou na noite do sequestro. A ideia de invadir a casa de um criminoso me pareceu tão tentadora que precisei aceitar...

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