(Continua...)
— O que é que vocês querem esconder do Elliot? — Questionei sem medo.
Um silêncio se estalou sobre a biblioteca. Os quatro pares de olhos ali presente vagavam, caindo de um para o outro.
Ouvi um suspiro exagerado vindo de William. Cruzei meus braços e pigarreei, pronta para ouvi-lo.
— Sabe, Bellatrix... — Começou, enfiando no rosto um sorriso cínico. — O que você fez pelo Elliot, foi realmente de se admirar...
— Eu sei, obrigado. Agora responda a minha pergunta. — Insisti, fazendo-o soltar uma risada abafada.
— Mas... — Continuou, se aproximando de mim em passos lentos. — Creio que devíamos te enviar de volta do buraco de onde você saiu.
— Como é? — Cruzei meus braços e soltei uma risada desacreditada.
Zoe e Gavin nos acompanhavam com o olhar, totalmente tensos.
— Perdão, fui rude? — Perguntou com uma falsa inocência. — O que eu quero dizer, querida... — Estalou a língua e suspirou entredentes, pensativo. — É que nossa família já tem muitos problemas, e lidar com mais um será difícil...; e vamos ser sinceros, você é uma bela dor de cabeça.
— Sinto muito, mas sugiro que tomem uma cartela inteira de aspirina, pois vão ter que me aguentar. — Abri um sorriso mostrando meus dentes brilhantes.
William ergueu as sobrancelhas deixando transparecer um pequeno choque com o meu comentário, porém achando graça. Ele balançou a cabeça positivamente, pressionando a ponta da língua sobre os lábios como se estivesse concentrado no que estava pensando.
— Já entendi o que você quer. — Soltou uma risada nasalada. — Na verdade eu sabia desde o começo, mas pelo show que você deu quando nos encontramos aquela vez, até que duvidei. — Ele alcançou algo dentro do seu bolso, e tirou uma carteira de couro com listras douradas. Lá de dentro arrancou seis notas de dólares altos e me estendeu.
Ele queria me comprar?
— O quê? É pouco pra você? — Questionou ao perceber que eu não iria pegar o dinheiro em sua mão. — Eu posso te dar mais, querida; não seja tão gananciosa. Tenho um belo talão de cheques prontinho pra você.
— Ai William... — Me aproximei mais dele, que mantinha o sorriso irônico no rosto. — Você é tão burro, que praticamente já deu a entender que realmente está escondendo algo. Caramba, eu só joguei um verde e colhi a porra da verdura inteira madura. — Alcancei seu palitó e o segurei firme, o contato causou um pequeno susto no homem que logo ergueu o peitoral tenso. — Você não pode comprar a minha lealdade, seu pequeno micróbio feio. E agora, se preparem, vocês terão de revelar diretamente para Elliot o que eu queria saber. — Apertei mais o palitó, fazendo William pigarrear sem ar e logo alcançar minha mão e jogá-la para longe.
Os avós de Elliot acompanhavam a cena em completo silêncio; apenas quando William agarrou meu pulso perdendo o controle de sua raiva pude ver o impulso de Zoe vindo em nossa direção talvez para apartar, mas logo foi barrada pelos fortes braços do marido.
— Você conhece a história da raposa e dos lobos, doçura? — William perguntou. Quando abri a boca na mensura de responder, seu aperto em meu pulso ficou ainda mais forte, ele o virou me fazendo soltar um grunhido baixo. Eu poderia pará-lo e chuta-lo se quisesse, mas pretendia ver até onde ele iria. — Um dia, um filhote de lobo foi repreendido por sua família, claro, apenas por proteção... o pequeno e nebuloso lobo tinha a mania de brincar perto de precipícios. Com raiva dos pais, fugiu para a floresta, encontrando a raposinha. — Apertou mais meu pulso, lambendo os lábios como se se deliciasse com a incomodidade que estava me causando. — A raposinha encheu a cabeça do bebê lobo, fazendo-o ficar contra a sua família. Dizia que perto do precipício, a adrenalina na hora de correr era mais intensa... o lobo e a raposa foram para lá, e enquanto brincavam, o pequeno lobo se desequilibrou e caiu. Os pais lobos viram toda a cena, e prometeram caçar a raposa por ter incentivado e orquestrado a morte de seu filhote. Eles a encontraram, e lhe arrancaram a cabeça.
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𝗖𝗢𝗡𝗦𝗧𝗘𝗟𝗟𝗔𝗧𝗜𝗢𝗡
RomanceNo auge da sua juventude, Elliot Clifford, dono e herdeiro de um patrimônio avaliado em bilhões é sequestrado. Em meio à escuridão do seu cativeiro, um barulho de botas em passos atrapalhados e uma boca um tanto suja anunciam que o socorro havia fin...