Capítulo 5 - Borboletas e Sanguessugas.

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— Elli? — Uma mão pousou levemente sobre o meu ombro

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— Elli? — Uma mão pousou levemente sobre o meu ombro. Eu sabia de quem era.

Estava sentado na areia da ilha particular da família, Pumpkin Key. Meus pés afundavam na areia fofa e morna, dando uma sensação boa, a mesma que tive quando visitei essa ilha ainda criança assim que papai comprou-a. O sol que batia contra os meus ombros largos não o queimavam, apenas aqueciam, era uma tarde maravilhosa. Eu tinha paz ali.

— Trouxe sorvete. — Mamãe se sentou ao meu lado e me entregou a taça pesada com o sorvete de chocolate. — O tempo está bom, não? — Comentou, pousando as mãos sobre as minhas costas e acariciando, do jeito que só ela sabia fazer.

Seus cabelos castanhos e ondulados caiam perfeitamente entre seus ombros, destacando o vestido branco de praia que usava. Os olhos escuros agora estavam verdes por conta do sol. Mamãe tinha a mesma pinta na bochecha que eu, apenas eu e Gus herdamos isso dela. Ela era linda, e eu entendia o porquê papai era apaixonado por ela, sempre fora. Isabel Clifford mantinha a mesma aparência bela e jovial de quando faleceu.

Uma borboleta azul turquesa a acompanhava, pousando sobre seu joelho. Ela sorriu graciosa.

— Que linda... — Suspirou extasiada, mas a borboleta logo se foi batendo suas asas para longe.

— Senti sua falta, mãe. — Admiti derrotado, remexendo o sorvete com a colher.

Mamãe deixou de admirar a visão do mar azul marinho e me encarou, estava atenta no que eu queria falar.

— Mary, os gêmeos, papai. Todos sentimos. — Meu coração estava apertado, um nó se formando em minha garganta. — Não é a mesma coisa sem você. — Virei meu rosto para olhá-la de volta, estava com uma expressão cheia de compressão e carinho.

— Eu entendo a dor de vocês, Elli. E sinto muito por ela. — Aproximou os lábios rosados em minha bochecha e a beijou. Seus dedos subiram para o meu rosto e limpou a lágrima quente que caiu. — Eu estou tão orgulhosa de você, meu amor, por ter aguentado passar por esse episódio sozinho, pelo menos até ela chegar. — Agora mamãe se referia ao sequestro, e a moça que me salvou.

Endureci o maxilar e a olhei desconfiado, aonde mamãe queria chegar?

— Mas você sabe que não acabou, não é? — Suas duas mãos acolheram meu rosto, prendendo toda a minha atenção em si. Mamãe mudou seu olhar de compreensiva para séria, era importante o que tinha a dizer. Meus sentidos se aguçaram, sabia que não viria coisa boa. — Siga seus instintos, Elli, você saberá o que fazer, e em quem deverá confiar. Confie naquela que enxerga o amor com o coração.

A taça de sorvete começou a borbulhar em minhas mãos, criando uma coloração preta como petróleo, gosmenta muito parecida com lama. Me assustei e a joguei do outro lado da areia, a taça não quebrou mas ficou caída despejando o líquido escuro no chão, larvas pretas se movimentavam entre a gosma nojenta.

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