Capítulo 9

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- A informação em itálico foi juntada via algumas pesquisas no google e tudo
referente a doença será assim.
- Como prometido não terá uma final triste aqui então as informações que eu 
escrever sobre o tumor podem ou não ser verídicas. 
Segue mais um capítulo e espero que estejam curtindo a história :)

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POV MACARENA

Entro na caravana limpando em vão a enxurrada de lágrimas que insistiam em cair, olho o local com a visão embaçada pelas lágrimas e me pergunto em que momento deixei aquela Macarena vulnerável despertar novamente, como eu pude me permitir afundar tanto nesse sentimento a ponto de chorar dessa maneira e na frente dela, tinha como premissa desde o dia que pisei nesse lugar não criar nenhum tipo de vínculo com Zulema e hoje me vejo sofrendo por amor. O destino é realmente uma caixinha de surpresas.

Procuro por onde começar a juntar minhas coisas quando meu olhar cai no frasco de remédio em cima da cama, vou ate ele e leio a embalagem novamente, então pego o celular e digito no google as informações contidas ali, escrevo todos os componentes da fórmula e clico para pesquisar.

"... ajuda a reduzir o inchaço do cérebro, além de aliviar dores de cabeça e outros sintomas. Também utilizado para prevenir convulsões em pacientes com tumores cerebrais e controla os níveis de diferentes hormônios no corpo..."

Deixo o celular cair ao chão com o impacto da informação e um filme passa na minha cabeça com todas as nossas brigas e todas as vezes que a vi passar mal, uma mistura de choque, tristeza e raiva e outros milhões de sentimentos tomam conta de mim ao tempo. Ouço a porta bater anunciando a entrada dela e me viro para olhá-la, Zulema franze o rosto e vejo sua expressão endurecer ao ver o frasco do remédio em minhas mãos.

— Você não iria me contar sobre isso? – chacoalho o frasco mostrando a ela e rapidamente ela avança em mim, com a mão esquerda segura meu pescoço erguendo um pouco meu corpo e com a outra puxa com uma certa agressividade o objeto de minhas mãos — Não adianta Zulema, eu já sei de tudo!

— Isso não é da sua conta, arruma suas coisas e cai fora daqui – ela me solta e me dá as costas, novamente fala sem me olhar e cada palavra era como um soco em meu estômago. Sigo parada, mas minha cabeça está em movimento, processando tudo que estava acontecendo quando de repente começo a entender tudo.

— Eu vou ficar! – ela se vira me olhando enfurecida — Já entendi tudo Zulema, você não quer ajuda, não quer que eu te veja definhando com essa doença não é mesmo? Você não aceita o fato de estar perdendo aquilo que você mais aprecia em você mesma, mas sabe de uma coisa? Uma hora você vai precisar de ajuda, você vai precisar de alguém que limpe sua bunda e te dê comida na boc- Sinto a bochecha arder e a cabeça virar para o lado com o tapa que ela me deu.

— A verdade dói? – insisto, meus sentimentos estão em total conflito, algo dentro de mim quer esbravejar e o outro quer me fazer chorar pedindo que aquilo tudo seja um engano. Vejo sua expressão vazia me olhando como se buscasse alguma resposta para me dar, mas nada sai, então como todas as vezes resolvo baixar a guarda, respiro profundamente antes de falar — Zulema vamos conversar pelo menos uma vez como pessoas normais.

— Não tenho nada o que falar, você já disse tudo, então pode ir.

— INACREDITÁVEL!!!! Você não é invencível e esse tumor tá aí pra te mostrar isso, eu te pedi tantas vezes pra dividir o que estava acontecendo porque queria estar com você e te ajudar, eu não vou embora.

— Macarena eu não tenho tempo pra isso...

— Então me diz olhando nos meus olhos, não seja covarde – ela desvia o olhar e dessa forma permanecemos por longos segundos — você não quer que eu vá... você não tem coragem de dizer... – minha voz sai baixa e como uma afirmação, ela nada diz e apenas sustenta a cabeça para o lado encarando o armário.

— Zulema olha pra mim – peço de forma calma, entendo agora todos seus conflitos internos e porque ela está tão distante e tão agressiva, eu a conheço mais que a mim mesma e posso afirmar que ela tem medo, pela primeira vez ela está sentindo medo de algo. Não é medo da morte e sim de começar a perder o juízo, sua sanidade e o principal, sua inteligência e confesso que isso me apavora também, não consigo imaginar uma Zulema sem vida, vegetando em cima de uma cama — Eu te entendo, mas você não precisa lidar com isso sozinha, você não tem que provar nada a ninguém, não tem nenhum bando de presas aqui querendo tomar seu posto ou nenhum bandido o qual você precise mostrar que é durona, só tem eu, que te conhece como ninguém... – me aproximo dela e levo as palmas das mãos até seu rosto e o viro em direção a mim — Eu conheço a outra Zulema que ninguém mais viu e eu sei que ela quer que eu fique, que ela quer desabrochar e tirar esse sofrimento de dentro de você.

— Rubia... eu... – uma tentativa falha de tentar dizer algo que não sai, mas agora eu sei que é só uma questão de tempo.

— Shhh... – levo o polegar até seus lábios e faço um leve carinho — eu espero ok? Quando você estiver pronta estarei aqui pra ouvir – ela assente positivamente sem dizer nada e então retiro o polegar dando lugar a minha boca, inicio um beijo apenas tocando nossos lábios para em seguida introduzir a língua e ela abre passagem prontamente, nossas línguas se tocam e entrelaçam numa sincronia perfeita, num beijo carregado de pedidos de desculpas após uma briga e com desejo que tudo dê certo de agora em diante.

Odio que no te odio | ZURENA Onde histórias criam vida. Descubra agora