Não posso

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O ferimento de bala de Emily demoraria mais ou menos 28 dias para sarar, ela usaria muleta enquanto isso. Hotch deu uma semana de folga para ela. Emily não trabalharia em campo enquanto seu ferimento não tivesse completamente sarado, isso não fora ordens médicas e sim de Aaron Hotchner. Ela viajaria com eles, ajudaria na montagem dos perfis, mas não realizaria nenhuma perseguição ou efetuaria alguma prisão.

— Olha quem está de volta! — exclamou Derek ao vê-la e foi abraçá-la, JJ fez o e Spencer a saudou, pois não gostava de contato físico.

— É bom está de volta — falou olhando para cada um- cadê o Hotch? Preciso falar com ele.

— Está na sala dele — respondeu Spencer.

— Certo, mais antes vou falar com a Garcia e com o Rossi, depois vou vê-lo.

Assim ela vez, primeiro foi cumprimentar Garcia, que ficou muito, mais muito feliz em ver que a amiga estava de volta. Depois Rossi, que lhe recebeu com beijos em cada lado do rosto e por fim Hotch. Ela bateu na porta e logo escutou a voz dele dando permissão para entrar.

— Oi — um lindo e grande sorriso estava estampado no rosto dela, ele respondeu o cumprimento e baixou o olhar. Ele não tinha expressão e nem empolgação na voz. Ela continuou — Não te vi esses dias, te esperei naquela manhã quando estava no hospital, mas você não apareceu. Também esperei um visita sua durante essa minha semana de folga.

— Desculpa, mas estive ocupado — fez descaso. Ele continuava a olhar para baixo, fingindo está concentrado em algo.

— Quer jantar na minha casa hoje? — ele se ajeitou na cadeira, Emily percebeu que algo estava errado, mas não quis questioná-lo.

— Você vai continuar a viajar conosco, vai nos ajudar a montar os perfis, realizará entrevistas...

— Hotch...

— ...mas não irá perseguir nenhum suspeito....

— Hotch!

— E nem efetuará nenhuma prisão. Estamos entendido?

— Sim, mas...

— Então é só isso. Tenha um bom dia — ele se levantou abriu a porta fazendo sinal para ela sair. Ela levantou e ficou na frente dele.

— Você não respondeu minha pergunta — insistiu. Ele não olhava nos olhos dela.

— Não. Tenho planos hoje à noite. — Mentiu. Ainda olhava para baixo, ele não conseguia, não conseguia olhá-la nos olhos, não depois daquele dia, não mesmo.

Emily saiu com o coração apertado, ele estava estranho com ela, mas não sabia o porquê. Quando chegou estava tão feliz por ter voltado, está no trabalho e com os amigos que tanto ama era muito melhor do que ficar em casa sozinha, sem motivo para rir. Penelope havia visitado todos os dias em que esteve fora, era os únicos momentos em que sorria, os outros foram uma ou duas vezes, mas Hotch não foi nenhuma. Agora ela não estava mais feliz, Hotch estava desgostoso com ela, e ela não sabia por quê. Emily procurou fundo nas lembranças dos dias passado tentando lembrar de algo que tivesse feito ou dito, mas falhou.

Depois que Emily saiu da sala de Aaron, ele fechou as persianas, escostou-se em uma parede e deixou algumas lágrimas de tristeza cair. Ele caminhou até uma pequena mesa em um lado da sala, pegou uma jarra com água e colocou o líquido em um copo e bebeu. Logo o que era tristeza virou raiva e o copo que estava em sua mão foi lançado contra a parede. Os agentes nas mesas escutaram o barulho do copo quebrando, somente olharam para a sala com as persianas fechadas. Pensaram que fosse algo que tivesse quebrado acidentalmente. 

Ainda com raiva, Hotch bateu suas duas mãos contra a mesa. Dessa vez os agentes não escutaram, apenas Dave na sala ao lado que logo apareceu testemunhando a crise do amigo.

— O que diabos está acontecendo aqui, Aaron?! — questionou Dave. O amigo voltou a chorar.

— Me deixa sozinho, Dave. — disse virando para que o amigo não o visse chorando.

— Se eu sair quem garante que essa sala não vai ser destruída?

— Só... só me deixa sozinho — Aaron chorava e passava as mãos no cabelo um tanto desesperado.

— Okay, okay. Eu sei que não vai me contar nada, e pelo que vejo você não está em condições de trabalhar hoje. Então, tira o dia de folga, descansa, relaxa ou chora, quebra e soca coisas. Conheço um lugar ótimo onde eles quebram objetos, derrubam paredes para desestressar.

— Não, David. Eu estou bem. — não sabia se queria convencer o Dave ou a si.

— Não está. Vai. Faz o que eu te falei. Eu falo com a Strauss. A equipe sobrevive um dia sem você.- ele quis negar, mas logo cedeu.

— Tudo bem.

Hotch arrumou suas coisas, pegou suas chaves e foi para casa. Quando ele passou pelas mesas sentiu o olhar de Emily em suas costas, e mais uma vez ele não conseguiu encará-la. Quando o elevador fechou as portas ele fechou os olhos, deixou a cabeça cair para trás e respirou fundo. E se ele não conseguir? E se ele não conseguir separar o sentimental do profissional? Alguém teria que sair, mas quem?

— Eu não posso sentir, não posso. Não por ela — falou baixinho pra si deixando uma lágrima cair — não posso...

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