Até que esteja pronta

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Quando Aaron acordou pela manhã, não passou pela sua cabeça, nem por um momento, que ele estaria em um carro com sua namorada e sua ex-esposa. Era uma situação embaraçosa. Aaron estava dirigindo, Haley estava ao seu lado no assento da frente e Emily estava sozinha no assento traseiro. Ela insistiu para sentar-se atrás.

- Vocês estão juntos?- Haley perguntou, não se importando em ultrapassar limites.

- O que você quer dizer com juntos?- Aaron perguntou sem tirar a atenção do volante. Emily continuava em silêncio e olhando pela janela.

Emily não trocou uma palavra com ele depois daquela "conversa" que tiveram minutos antes, nem como chefe, muito menos como namorado. Aaron nunca a viu tão zangada, nem mesmo quando ele disse que praticamente não a queria na equipe. Aaron não sabia porque ele estava tão preocupado dela descobrir daquela forma, sem ser por ele. Em outros tempos ele não estaria preocupado. O que mudou agora?

- juntos como namorados- Emily e Aaron ficaram em silêncio, ele ainda olhava para frente e ela ainda olhava pela janela- esse silêncio me diz que sim.

- Por que acha isso?- ele olhou para a mulher do seu lado, mas logo voltou a atenção para a estrada.

- Quando eu apareci, a primeira pessoa que você procurou foi ela, não porque ela era a agente nova, mas porque você estava preocupado com a reação dela, e eu aposto meu salário que ela não sabia sobre mim e por isso ela está te evitando- eles continuaram em silêncio- você continua fazendo isso, seu idiota!

- Ei!- Aaron exclamou

Tudo que Hotch menos queria era que Haley se aliasse a Emily. Uma mulher já é dificuldade demais para um homem. Duas então, era uma batalha perdida.

- Você contou a ela que tem AIDS?- Emily olhou assustada para Aaron. Ele viu pelo o espelho o pavor tomar conta dela.

- Ei!- ele gritou para Haley que estava sorrindo- Emily, isso não é verdade- ele se defendeu- não acredito que você acreditou nisso.

- Desculpa, mas você não me dá muita escolha.- ela disse pela primeira vez desde que entrou no carro.

- Eu te contaria se tivesse AIDS.

- mesmo?- perguntou com a sobrancelha levantada- olha, melhor pararmos. Estamos em serviço e não estou confortável com essa conversa.

- só estou dizendo que sei como se sente, Agente Prentiss- disse Haley em um tom compreensivo. Emily notou isso, mas desdenhou, não queria da brecha para continuar a conversa.

Eles estavam indo para o hospital, queriam tentar conversar com a vítima sobrevivente. Era doloroso olhar para ela, estava coberta por queimaduras. Era doloroso imaginar a dor dela. Porque com certeza ela estava sentindo muito dor. 

Primeiro eles conversaram com a médica responsável. Perguntaram se ela havia dito algo relevante. A médica negou. Apenas afirmou que estava dando o máximo de analgésico possível para dar a ela um pouco de conforto.

- Ela perguntou pelo marido e o filho. Ela desmaiou antes que eu pudesse falar alguma coisa- disse a médica.

- Então ela não sabe- presumiu Emily.

- O que quer você conte, ela não viverá o bastante para saber a diferença- afirmou a mulher de jaleco branco. 

Mesmo eles sabendo que as vítimas de incêndio que saem gravemente queimado não sobrevive muito tempo, foi doloroso de ouvir assim mesmo.

- Ela simplesmente nos disse para mentirmos para nossa principal testemunha?- Emily perguntou baixinho e suave para Aaron.

- Não- ele disse olhando para a mulher estado grave atrás do vidro que os separavam. A voz dele estava triste- ela nos disse que nós podíamos.

Em seguida, o homem e as duas mulheres foram trajar-se adequadamente para tentar falar com a vítima.

- Olá- ele saudou- eu sou o Agente Especial Aaron Hotchner- ele esperou um pouco esperando uma reação dela. Ela somente soltou um gemido de dor.- essas são Agente Especial Emily Prentiss e chefe de gabinete Haley Brooks.

- onde está Paul?- ela disse quando finalmente conseguiu falar.

- Seu filho...- ela e Aaron se olharam. Haley apenas os observava, ela concordou que somente eles falariam.

- Estava com você na noite do incêndio, é por isso que estamos aqui. Somos do FBI, nós achamos que o fogo pode ter sido ateado intencionalmente.

- Eu estou muito cansada- ela lutava para manter os olhos abertos.

Emily já tinha visto coisas piores, mas não tornava as coisas mais agradáveis. Vê-la ali deitada, lutando. Lutando para fica de olhos abertos, lutando pela vida, era muito doloroso de se ver, Emily queria sair dali o quanto antes. A mulher estava sozinha e com medo, ela só queria o filho e o marido, mas para completar ainda mais seu infortúnio, eles estavam mortos.

- Eu entendo- Aaron falou com uma calmaria que chegou irritar Emily- isto é muito importante. Você poderia nos dar alguns minutos?- a mulher concordou com a cabeça- eu quero que se lembre daquela noite. Tinha alguma coisa fora do comum?

- Pense nas coisas que você faz regularmente- Emily incentivou notando a dificuldade da vítima- uh, tirou a roupa, lavou o rosto...

- Eu não pude escovar meus dentes- a mulher interrompeu para falar o que lembrou- a água não estava funcionando. Denis foi olhar e em seguida a água voltou. Então... eu fui para cama- ela falou a última frase com dificuldade.

- Você se lembra o que a acordou?- Hotch perguntou delicadamente.

- Paul.

- Não foi os alarme nem a fumaça?- Haley falou pela primeira vez.

- Foi o Paul- ela começou a chorar.

O coração de Emily apertou. Ela não sabia porque estava tão sensível, se era por causa da natureza do caso ou por causa de Aaron e sua insistência de ser desconhecido para ela. Devia ser o caso, porque ela queria dá um soco nele por está sendo tão frio com a vítima que está quase cruzando a linha da morte. Ela sabia que essa linha de questionamento era necessário para eles conduzirem a investigação e para montar o perfil. Mas ainda sim ela queria socá-lo. É, talvez fosse as duas coisas.

- Do que mais se lembra?- Hotch continuou seu questionamento, Emily não estava conseguindo falar.

- Denis destrancou a porta e ela não abria- ela chorou ainda mais se agitando na cama, ela estava revivendo o pior momento de sua vida e a culpa era deles- a porta da frente- ela se agitou mais- socorro!- ela começou a gritar- nos ajude, por favor, por favor!

Emily não queria fazer aquilo, foi um movimento involuntário de seu corpo. Ela segurou a mão de Aaron e apertou. 

- E então eu vi o bombeiro. E soube que tudo iria ficar bem- ela ficou um pouco mais calma- Denis? Paul? Onde está o meu bebê? Onde eles estão? Eles estão bem?- ela olhava nos olhos de Aaron. 

- Eles estão bem- ele respondeu. Os olhos de Emily encheram de lágrimas, ela estava lutando para elas não caírem- eles estão lá fora na sala de espera.

- Ooh! Certo- ela sorriu, feliz com a falsa notícia, mas logo ficou triste novamente- não quero que eles me vejam assim. Eu não estou pronta.

Aaron olhou para Emily que ainda segurava sua mão, ela ainda não tinha percebido. Ela o olhou confusa, não entendendo a razão pela qual ele o estava olhando. Eu ele baixou os olhos para as suas mãos coladas e ela soltou envergonhada de sua fragilidade. Em seguida Aaron puxou uma cadeira e sentou próximo ao leito da vítima.

- Posso ficar aqui até que esteja pronta- ele disse carinhosamente para ela- se você desejar.

Emily ficou feliz por ver esse sentimentalismo nele. Significava que sua frieza era apenas seu profissionalismo e que ele também não estava contente em fazê-la reviver tudo aquilo.

- Eu gostaria disso.

Ele olhou para as duas mulheres que logo entenderam o que ele quis dizer. Ele queria ficar a sós com ela.

Poucos mais de dez minutos depois ela estava pronta para encontrar sua família. Seu coração parou de bater, seu peito parou de descer e subir porque ela não estava mais respirando. Aaron viu a vida deixar seu corpo.

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