Capítulo 5

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Depois das aulas acabarem, eu e Susan fomos procurar minha agenda na sala de música. Ir para aquela sala de novo me trazia muitas lembranças. Boas e ruins. Aquele garoto cantava bem. Porém, em vez de simplesmente passar reto pela sala, fui espionar aquele garoto para descobrir a quem pertencia aquela linda voz. Droga! Por que sempre caio nessas ciladas? Vamos procurar logo essa agenda para acabar logo com isso.


— Nunca vim aqui antes. Que estranho... — Susan comenta.

— É verdade. E a primeira vez que vim aqui, foi pra espionar um garoto que eu nem conhecia. Que irônico.

— Só passou vergonha — Susan fala e depois ri.

— Deixa disso! Vamos procurar essa agenda logo. Não posso deixar que aquele garoto leia aquilo.

— Você quis dizer isto aqui? — Ouço uma voz familiar e de repente fico nervosa. Era ele. O garoto. Me viro e olho para aquele lindo cara alto de lindos olhos azuis. Eu disse "lindo" duas vezes. Ai não...

— Kate, essa é a sua agenda? — Susan pergunta, vendo que estou paralisada, olhando para aquele garoto. Será que ela percebeu que eu estava encarando-o por muito tempo?

— Sim... — Murmuro. — Você poderia me devolver, por favor? — O garoto olha para a agenda, olha pra mim, olha para a agenda de novo e sorri. Será que ele leu? Tomara que não. Senão estarei ferrada.

— Posso, mas seria mais divertido se eu ficasse com ela — Ele olha para mim, me desafiando.

— E-eu.. — Gaguejo.

— Ei, cara, devolve a agenda pra ela. Tamanho não é documento. E a agenda nem é sua. Devolve logo — Susan ordena firmemente.

— Tudo bem. Eu já li tudo o que tem aqui mesmo — O garoto sorri de canto, se aproxima de mim e coloca a mão no meu ombro. — Da próxima vez que for espionar alguém, tente ficar mais quieta — Ele sugere, entregando a agenda pra mim. Não conseguir dizer nenhuma palavra. Apenas abaixei a cabeça e fitei o chão. Depois de me entregar a agenda, ele vai embora.

— Não acredito que ele disse isso. Eu vou... — Antes de Susan terminar a frase, a segurei pelo ombro.

— Deixe-o, Susan. Aliás, não deveria ter espionado ninguém, mesmo. Isso é errado...

— Você só queria ouvir a música, não é? Não tem nada de errado nisso. Ele só está tentando te dar uma lição.

— De qualquer modo, ele está certo. Espionar as pessoas é errado. Porém não me arrependo muito de ter feito isso...

— Rebelde... Amo. Bom, tanto faz. Pelo menos conseguimos recuperar sua agenda de volta, certo?

— Sim... — Fico sorrindo e olhando para o nada.

— Em que você está pensando, Katherine Hill? — Susan pergunta, curiosa. Ela provavelmente já sabia a resposta. — Ou melhor... Em quem estava pensando?

— Nesse garoto... Digo... Em ninguém. Não estava pensando em ninguém... — Tento disfarçar, mas acho que falhei. Susan ri da minha cara e me dá um pequeno soco no ombro.

Aquele garoto diferenteOnde histórias criam vida. Descubra agora