Capítulo 6

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Mais um dia de trabalho. Costumo dizer que trabalhar aqui é como estar nos Jogos Vorazes. Porém, às vezes, é como estar no País das Maravilhas. Tem dias que recebo clientes perfeitamente educados. E tem outros dias que... Ah, você entendeu. Mas sabe de uma coisa? Mesmo assim eu amo meu trabalho. Meu chefe pode não me tratar bem, mas eu ganho a maior grana aqui. Espero que hoje seja um dia no País das Maravilhas. Eu estava atendendo os clientes no caixa, anotando seus pedidos, quando aquela música do Harry Styles começa a tocar. Sunflower Vol. 6. Amo demais essa música. Quando eu a ouço, sinto uma sensação tão boa. É como se eu tivesse vivido um momento bom sem mesmo o ter vivido. É estranho? Sim. É confuso? Também. Porém é bom. Sempre fui apaixonada por música. Acho que herdei essa sensibilidade à música do meu pai. Ele sempre tocava violão para mim. Quando eu era pequena, eu tinha um ukulele. Ukulele é como um violão, só que de quatro cordas e é havaiano. Bem, entreguei o pedido dos clientes e depois fiquei mexendo no celular enquanto não recebia mais clientes. Hoje a cafeteria estava bem vazia. Um milagre. Os clientes foram embora e fiquei sozinha na cafeteira durante uns 20 minutos. De repente Sunflower Vol. 6 começa a tocar novamente. Achei estranho, porém não liguei muito pra isso. Foi quando uma silhueta familiar entrou na cafeteria. Era aquele garoto. O garoto diferente. Por que diferente? Por causa daquela vibe diferente que senti na sala de música. Mas isso não importa agora. Ele está vindo em minha direção! Ai, Deus. Preciso ficar calma. Virar um tomate ambulante não iria adiantar nessas horas.

— Oi — O garoto me cumprimenta.

— O-oi... Como vai? O que você gostaria de pedir? — Perguntei, tentando parecer o mais normal e profissional possível.

— Um momento... — O garoto sorri e lê o cardápio.

— Fique à vontade.

— Vou querer um americano e um milkshake — Ele faz o pedido e eu anoto.

— Ok. Qual sabor você deseja?

— Qual você recomenda?

— Olha, meu sabor preferido é o de chocolate misto. Chocolate branco e ao leite. É muito bom! — Digo.

— Pode ser esse, então — Anoto o pedido e logo depois começo a prepará-los. Conseguia sentir um olhar me seguindo. Com certeza era daquele garoto. Não sei o porquê, mas mesmo tendo o conhecido naquele mesmo dia, sinto que já o conhecia a muito tempo.

— Pronto. Aqui seu americano e seu milkshake de chocolate misto.

— Obrigado — Ele agradece e pega o americano.

— E o milkshake? — Pergunto.

— É pra você — Ele sorri e senta em uma mesa. Por que será que ele fez isso? Pego o milkshake e coloco na mesa dele.

— Foi gentil da sua parte, mas não vou aceitar.

— Por que não? Não é gentil da sua parte negar — Ele diz e eu penso um pouco. Não quero aceitar. Nem o conheço. — Sente-se. Não tem ninguém pra você atender mesmo — Penso. É, não tem ninguém mesmo... Me sento na cadeira a frente dele e começo a beber.

— Então...

— Lukas. Me chamo Lukas.

— Lukas... Então, Lukas, por que você me pagou um milkshake? Nem nos conhecemos.

Aquele garoto diferenteOnde histórias criam vida. Descubra agora