Episódio 01 - Piloto

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Eu estava infeliz, o que para a maioria das pessoas seria no mínimo estranho, visto que estava em um Uber para o aeroporto, onde iria com a minha família passar quinze dias "incríveis" nos Estados Unidos. E pensar que vinte e quatro horas antes estava planejando uma bela férias com a minha melhor amiga, Inês!

...

Era um belo domingo, com sol alto e bastante calor. Eu estava deitado na beira da piscina, a Inês estava deitada com a cabeça perto da minha e os pés na direção oposta.

-Então a gente pode ir no shopping hoje comprar meu novo patins e depois ir estrear ele lá na pista do Oscar Niemeyer, e para encerrar o fim de semana comer um sushi. Que tal? – Inês falou com a sua voz fanha de sempre. Ela era uma garota de pele morena, cabelos pretos curtos e belas curvas.

- Eu não sei não! – Falei, me virando de barriga para baixo, ficando de bruços me apoiando nos meus cotovelos. Eu tenho dezesseis anos, sou um garoto branco, algumas espinhas no rosto, olhos castanhos e uma magreza que não ajudava em nada minha aparência. – O Dante e a Linda passaram a última semana cochichando e planejando algo e esperava que pudesse me ajudar a descobrir o que é.

- Ai Luke, você não se cansa de achar que eles sempre estão aprontando algo pelas suas costas? – ela ficou de bruços também, revirando os olhos para mim.

Eu amo esta garota, e por mais que a gente tenha benefícios na relação nunca namoramos, já que eu não acredito nesse tipo de coisa e ela foi criada em uma comunidade hippie em Pirenópolis, e mesmo não admitindo foi muito influenciada pelo ambiente.

Eu comecei a roer a unha do meu dedão direito quando vi meu pai saindo de nossa casa, quase que para confirmar meus temores. Meu pai parece o Rei do Crime dos quadrinhos da Marvel, alto, branco, careca e nos últimos anos andou engordando um pouco além da conta. Quando vi a expressão dele e suas mãos dentro da sua bermuda eu sabia que queria falar algo comigo e que já sabia que eu não ficaria feliz.

- Bom dia crianças! – A voz dele era grossa e bem dura, do tipo que demonstrava a disciplina de um diretor de uma firma de construção civil que mexia com peão todos os dias.

- Bom dia Senhor Alvarenga.

- Bom dia Senhorita Inês.

- O que você quer Dante? – Desde os meus doze anos eu não chamava ele de pai, e não seria agora que isso iria mudar. De forma bem curta, meu pai traia minha mãe, e a largou pouco antes dela descobrir que estava com câncer, se casando com a amante em seguida.

- Eu preciso que você entre pois teremos uma reunião de família antes do almoço! – Ele tirou as mãos do bolso e cruzou os braços na frente do corpo. Era um alerta de que não iria se curvar a minha vontade. – Me desculpa Inês mas é algo somente para a família.

- Tudo bem Senhor Alvarenga, já estou indo. – Ela disse ficando em pé, vestindo um short preto por cima do seu maiô rosa. – Obrigado pelo café da manhã incrível.

- Pai eu tenho planos com a Inês para hoje! – Falei também ficando de pé, usava um short verde limão naquele momento, e percebi que a minha madrasta estava na porta nos observando.

- Infelizmente os planos vão ter que mudar! Agora entre em casa, troque de roupa e te vemos na sala em dez minutos. – E me deu as costas.

...

E foi assim que depois de dez minutos enrolando no meu quarto fui para a reunião, apenas para descobrir que iriamos viajar por quinze dias em família. Olhando pela janela do carro, soltei um longo suspiro, eu era a peça sobressalente da família perfeita que meu pai tinha criado com a sua nova mulher, Linda e que ainda incluía dois lindos filhos gêmeos, o Ângelo e o Bernardo.

Loucuras no Universo das SériesOnde histórias criam vida. Descubra agora