Frio, fraqueza e escuridão juntos, formam uma combinação perigosa em qualquer contexto. Mas para Sarah Romero, tudo isso não é nada, considerando que a militar escapou há apenas alguns minutos atrás de incontáveis mortos-vivos que estavam no presídio de segurança máxima de Teich, onde, por imprudência do seu superior, os presos formaram uma rebelião contra o exército e essa situação findou em dezenas de mortes e na queda completa da instalação para os canibais. Caminhando curvada pela floresta densa, ela mantém a mão sobre um ferimento na sua coxa esquerda, enquanto a destra segura a Glock 9 milímetros. A mulher esbarra com o ombro direito em uma árvore, mas não se fere graças ao traje militar, ao invés disso, ela pragueja pela situação em que se encontra, mas segue em frente mesmo assim.
ㅤㅤㅤㅤAndando mais alguns metros, ela chega ao fim da floresta e se vê diante de uma colina não muito íngreme. Sarah suspira, guardando a pistola em seu coldre e começa a subir a pequena colina coberta por grama. Assim que chega em um terreno plano, a primeira coisa que Romero vê é um guard rail de metal e, mais à frente, ela pode ver as sombras de vários prédios altos, destacadas pela luz laranja de centenas de incêndios que castigam a cidade de Clerittown.
ㅤㅤㅤㅤ— Ah, merda… — Sarah chega até o guard rail e, com dificuldade, passa por cima da peça, chegando em uma estrada de mão dupla.
ㅤㅤㅤㅤEla tateia os bolsos e abre um do seu uniforme, pegando o pedaço de papel amarelo e lendo a última mensagem que um homem de bom coração escreveu. Sem saber direito em que direção seguir, ela olha para a sua direita, onde vê uma bifurcação na estrada e resolve ir para aquele lado. Após mais algum tempo de caminhada, a mulher avista, acima dos galhos nus de árvores, um grande letreiro ainda iluminado. Abraçando os cotovelos para se proteger do frio, um suspiro de alívio é seguido por uma fagulha de esperança que se acende dentro dela, fazendo-a se apressa para chegar até o estacionamento do Restaurante Jefford's.
ㅤㅤㅤㅤ— Isso… isso… — sua voz sai fraca devido ao frio. Ela vai o mais rápido que a sua perna machucada permite e assim que chega no estacionamento, a visão que pousa diante dela a faz cessar seu avanço.
ㅤㅤㅤㅤVários carros estão parados de qualquer jeito no grande pátio de asfalto, alguns com as portas abertas e bolsas espalhadas. Ao olhar para a fachada do restaurante, Sarah vê o primeiro dos três andares com todas as janelas quebradas, e o interior revirado com mesas e cadeiras empilhadas no salão escuro. As duas portas da entrada estão abertas. Engolindo em seco, ela tira novamente a Glock do coldre e caminha na direção do Jefford's, tentando ficar o mais alerta possível, já que o cansaço vem sendo o seu pior inimigo até o momento, junto da perna esquerda que lateja e lhe dá pontadas de dor à cada passo.
ㅤㅤㅤㅤTodo o local está calmo, sem a presença de aparentemente mais ninguém além da soldado. Porém, quando ela chega perto de uma caminhonete Hilux, sente algo agarrar seu tornozelo esquerdo, o puxando logo em seguida. O movimento na sua perna fraca a faz se desequilibrar e ir de encontro ao chão. Ao cair, seu dedo aperta o gatilho da Glock e o disparo destrói uma janela no segundo andar do restaurante. O barulho ecoa por toda a área e Sarah logo pode ouvir sons de grunhidos.
ㅤㅤㅤㅤ— Desgraçado! — ela grita se virando e olhando diretamente para o homem sem um dos olhos, que segura seu tornozelo com as duas mãos e morde o bico de ferro da sua bota.
ㅤㅤㅤㅤEm um movimento de fúria, ela pisa na face do morto-vivo com o pé direito, afastando sua cabeça e puxando a perna esquerda tão rápido, que pode sentir mais sangue saindo pelo corte em sua coxa. A mulher olha para a entrada do estacionamento e pode ver várias silhuetas saindo de trás de carros e sendo iluminadas pelo letreiro à oito metros do chão. Sarah tenta se levantar, mas sua perna falha e ela volta a cair. O desespero começa a tomar conta dela ao ver o canibal que a derrubou se arrastando no asfalto úmido e ficando de pé, com sangue pingando da sua boca e do buraco onde antes ficava seu olho esquerdo. Sem conseguir se por em pé, Sarah se arrasta até a calçada na frente do restaurante e ao chegar, ela se vira já mirando a Glock na direção do necrosado.
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Sangrentos: A Estrada
AventuraO apocalipse já começou. Infectados mortos se erguem para assombrar aqueles que deram o azar de ficarem vivos. Nesse cenário, Sarah Romero, a única sobrevivente de um massacre, está em busca de um lugar seguro e de uma pessoa que conhece apenas por...