ALEC LIGHTWOOD
A claridade incomodou meus olhos, a visão ainda era turva diante dos rostos que estavam na minha frente e as vozes zumbiam como abelhas em meus ouvidos. Minha mente girava apenas em torno de um nome, uma coisa. Nuriel, Nuriel viva.
Levantei bruscamente e minha cabeça colidiu com outra que resmungou, e nem sequer me importei com a dor que senti, apenas queria a ver. Nuriel está viva. Eu só quero vê-la viva e bem, sentir sua pele quente, seus lábios macios, o cabelo sedoso.
— Onde está Nuriel? — minha voz saiu rouca e arrastada. Minha visão retornou ao normal e reconheci os rostos sendo Jace, Clary e Isabelle.
— Isso é preocupante, ele não voltou a ficar assim desde esses três anos — Isabelle sussurrou. Céus, não estou louco.
— Nuriel está viva — afirmei com todas minhas forças. Os olhares eram preocupantes, me veem como algum problemático se afundando depois da morte de alguém que ama. Talvez eu estivesse assim, mas não agora.
— Alec, por favor. Chega disso. Nuriel se foi há três anos — Jace suspirou. Seus olhos estavam fundos, sua expressão é cansada. Sei o quanto é duro para ele me ver nessa situação por sua irmã, mas estou falando a verdade.
— Você precisa de um descanso, Alec. Será melhor se afastar do cargo por um tempo, podemos falar com a clave — disse Isabelle e balancei a cabeça em negação.
— Não, pode olhar a mensagem no meu computador. A clave enviou uma mensagem, a Nuriel está vindo para cá. Ela está viva.
— Alec, já chega — Isabelle disse chateada.
Eu queria provar que estava certo, mas não foi preciso. Underhill entrou correndo na sala, ofegante.
— Nuriel está viva! — exclamou.
— Eu disse isso — falei para eles. Me levantei em um pulo. Isabelle tentou me segurar pedindo calma, mas me soltei das suas mãos.
Corri o mais rápido que conseguia, nem sequer parecia que eu havia desmaiado, mas nem me importo.
Apenas eu sei o inferno que passei nesses três anos, ninguém pode tentar me segurar de ver a minha caçadora.
Parei no topo das escadas para o coração do Instituto, eu a vi ali com ombros encolhidos — algo que nunca aconteceu antes — o desconforto estampado em seu rosto. Isso até que nossos olhares se encontraram. O sorriso estampou em seu rosto e eu não contive o meu.
Nesses três anos, ela não havia mudado nada.
— Alec — disse alto se aproximando receosa. Se passou três anos, ela deve achar que eu mudei de alguma forma em relação a ela.
Não havia mais outros caçadores, um instituto inteiro ali, apenas eu e ela. Corri na sua direção,ne o meu corpo se chocou contra o dela no momento em que abracei com força e a tirei do chão.
Eu senti sua pele em uma temperatura normal, quente e macia como de alguém vivo. O seu cabelo ainda cheirava como alga-marinha. Nada havia mudado, é a minha Nuriel.
— Você está viva — sussurrei tocando seu cabelo e o beijando. Ela riu e se apertou mais em mim — Você tá aqui comigo, Nuriel.
— Eu nunca morri, Alec — sussurrou beijando minha bochecha e fechei os olhos com a sensação.
Eu não consigo acreditar que ela está em meus braços depois de tanto tempo, a mesma Nuriel, a mesma Herondale pela qual eu me apaixonei.
Senti braços fortes e mais finos ao nosso redor. Isabelle, Clary e Jace também nos abraçavam. Eu ouvi os soluços vindo do meu parabatai, ninguém nem sonharia em um dia vê-lo chorando na frente de todos.
— Minha irmã — Jace sussurrou enquanto ela descia do meu colo e o abraçava — Você está viva.
— Devemos um pedido de desculpas ao Alec — disse Clary me olhando com pesar — Não acreditamos em você. Sentimos muito.
— Clary tem razão — Isabelle sorriu fraco.
— Isso é para aprenderem que não minto — brinquei e voltei a minha atenção a Nuriel. Cada milímetro dela é perfeito, tão bela.
Ela e Jace sussurravam coisas que não entendia, mas aparentava ser ameaças de um bater no outro e juras de amor.
— Eu ainda não estou acreditando nisso — Isabelle colocou as mãos sobre o rosto.
— Nuriel está cansada, vamos levá-la ao seu antigo quarto. Não mudamos nada — Jace disse enxugando as lágrimas que caíram — Se alguém contar que me viu chorando, sofrerá consequências graves.
— Tenho certeza que sim — Nuriel riu e me encarou com um sorriso — Me acompanha até meu quarto, Alec?
— Sim, senhorita — estendi o braço pra ela.
Nuriel entrelaçou nossos braços e pra mim é como se meu coração fosse sair do peito a qualquer momento. Acompanhei ela até seu antigo quarto, não havíamos tirado nada de lá. Nunca tivemos coragem.
— De volta ao lar — sussurrei abrindo a porta e fiz um sinal para que entrasse primeiro.
O olhar de Nuriel brilhava ao observar seu quarto da mesma forma que antes.
Entrei e fechei a porta atrás de mim, me aproximando dela.
— Tudo do jeito que você deixou nesses últimos três anos. Não tem ideia do quanto senti sua falta, do quanto queria você aqui comigo de alguma forma — toquei seu ombro e ela se virou pra mim.
— Eu nunca quis ficar por tanto tempo longe, mas não tive culpa. Foi necessário.
Minhas mãos acariciaram seu rosto e não consegui controlar a preocupação.
— O que aconteceu com você todo esse tempo? — indaguei.
— Apenas fique comigo.
Eu entendi que ela precisa apenas da minha companhia, não de questionamentos. Não faço ideia do que pode ter acontecido, mas ela pode querer esquecer.
Aproximei nossos rostos, sentido nossos narizes se tocarem, um acariciando o outro. Nossos lábios se encontraram com timidez, como se fosse a primeira vez, até que tomou velocidade em um beijo apaixonado e cheio de saudade, até mesmo desesperado.
Foi como receber um presente sentir seu beijo de novo, a forma como seus lábios se moviam com maestria contra o meu. Eu queria sentir mais e mais, porém ela precisa descansar. Ela precisa que eu esteja do seu lado a apoiando no que precisar.
Nuriel se deitou na cama e eu me deitei ao seu lado, passando os braços ao seu redor e a puxei para meu peito. Acariciei seu cabelo olhando para o teto e sabia que seus olhos estavam em mim, até que eles se fecharam e eu me fui com ela, dormindo de verdade depois de tudo.
Meu coração batia tranquilo ao saber que Nuriel está ao meu lado agora, nos meus braços.
[...]
O pequeno instrumento estava em suas mãos, o sangue escuro e gosmento escorria sobre ele a medida que o apertava mais entre as mãos. Observava o presente nas dimensões do limbo, mais precisasamente aqueles que o interessava.
O olhar vazio percorria cada acontecimento do presente com um sorriso sádico nos lábios.
— E quando usado ele for, a alma dos nephilims será corrompido ao vazio das trevas e o céu repudiara. O apocalipse está chegando. Eles estão vindo por você. Que Jonathan Morgenstern seja mais rápido que o boomerang cortante de Nuriel Herondale, assim, as trevas o serviram para sempre...
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𝘼 𝘿𝙚𝙨𝙘𝙞𝙙𝙖 𝙙𝙤𝙨 𝘼𝙣𝙟𝙤𝙨 • 𝖇𝖔𝖔𝖐 2
FanfictionSEGUNDO E ÚLTIMO LIVRO DE ANGELS BLOOD. Nuriel Herondale finalmente retornou dos céus, mas vai se deparar com uma situação em que nem tudo é mais como antes. Agora tem em mãos a missão de encontrar o colecionador de almas para impedir uma catástrof...