Chapter 16

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Brunna não sabia o que lhe havia levado até onde estava no momento. Depois da quarta cerveja ela havia ficado mais solta, rindo animada enquanto conversava com todos. Suas constantes mudanças de lugar ao longo do dia se deveram à aproximação de Chloe o tempo inteiro, esbarrando em sua mãe propositalmente, acariciando suas coxas, se deitando em seu colo. Isso definitivamente tirada a paciência de Brunna.

Ela não soube quantas cervejas havia tomado ao total, mas se lembra de que houve um momento onde se sentiu cansada. Se despediu de todos e subiu as escadas; um banho rápido foi tomado e ela entrou dentro de seu pijama, se enfiando embaixo das cobertas, porém o sono não vinha.

Constantemente a imagem dos olhos castanhos aparecia em sua mente, foi então que, de supetão, se levantou, se trocou, se agasalhado bem, e saiu. Nem trinta minutos depois ela se via na recepção do hospital, esperando a autorização de Silvana para poder entrar.

Não era permitido mais de uma pessoa passar a noite, mas a quantidade de dinheiro que Silvana tinha deixava todo o hospital bastante receptivo aos seus pedidos.

-- Desculpe vir a esta hora. -- Brunna sussurrou para Silvana, não querendo acordar Ludmilla. -- Mas o barulho em casa não me deixou dormir e resolvi vir. Trouxe café. -- Ela disse, estendendo o copo de café para a mulher, que aceitou de bom grado.

-- Abriu mão de uma cama confortável? -- Silvana perguntou rindo e Brunna assentiu. -- Fique à vontade. Vou aproveitar que veio e ir em casa tomar um banho rápido, se importa?

-- Se quiser pode dormir por lá. Eu passo a noite aqui. -- Brunna disse e Silvana sorriu.

-- Minha filha escolheu a voz certa para ouvir quando decidiu abrir os olhos. -- Silvana disse gentilmente, vendo Brunna sorrir de canto. -- Então eu vou mesmo. Pela manhã eu venho, tudo bem?

-- Certo. Boa noite, Silvana.

-- Boa noite, norinha. -- Silvana disse, vendo Brunna corar. -- Ops, quis dizer Brunna. -- Silvana disse rindo. A mulher deixou um beijo na têmpora de Brunna antes de pegar sua bolsa e se retirar do recinto.

-- O que foi isso? -- Brunna perguntou para si mesma, rindo e negando com a cabeça.

Sem protelar, a garota simplesmente retirou seus sapatos e subiu na cama, se emaranhando entre os braços de Ludmilla e caindo no sono em poucos minutos.

[...]

Algo macio, porém que tinha locomoção acordou Brunna, fazendo ela abrir um olho, já que o outro estava impossibilitado de ser aberto.

-- Dói? -- A voz rouca de Ludmilla enquanto um dedo estava cutucando o olho fechado de Brunna fez a menina rir.

-- Não, Ludmilla. -- Brunna disse, vendo-a colocar a mão completa sobre seu rosto.

-- Você consegue me ver assim? -- Brunna riu e negou. -- E agora? -- Perguntou, abrindo uma fresta em seus dedos, deixando a visão de Brunna levemente aberta.

-- Agora sim, mas ainda estou em dúvida.

-- Dúvida de quê? -- Ludmilla indagou.

-- Se eu estou vendo a Ludmilla ou um anjo. -- Brunna disse. -- Ah, não, espera! Ambos são sinônimos. -- Disse, vendo Ludmilla apertar seu nariz.

-- Consegue respirar assim? -- Ludmilla perguntou e Brunna mordeu o próprio lábio, tamanha fofura que Ludmilla transmitia.

-- Só pela boca. -- Ela disse, vendo Ludmilla tapar sua boca.

-- Consegue falar? -- Brunna abriu a boca e arrastou seus dentes pela pele da mão de Ludmilla, fazendo a maior rir.

-- Não conseguia, mas conseguia morder. -- Ela disse, vendo Ludmilla sorrir de forma doce enquanto admirava seus olhos.

-- Eu achei que estava sonhando. -- Ludmilla disse após suspirar. -- Acordei e não vi a mamãe, mas aí eu vi você.

-- Sua mãe foi dormir na sua casa. -- Brunna disse. -- E eu vim dormir com você. Se importa?

-- Não. Eu gosto. -- Ludmilla revelou, se virando de lado e percorrendo seu dedo pela sobrancelha de Brunna. -- Por que quis vir?

-- Eu não estava conseguindo dormir. -- Brunna disse, vendo as orbes castanhas atentas no contorno de sua outra sobrancelha.

-- Sentiu saudades do meu cheirinho? -- Brunna sorriu embasbacada ao ouvir tal pergunta.

-- Muita saudade. -- Ela confessou em um sussurro.

-- Por que nasce florzinhas quando eu te vejo? -- Ludmilla perguntou, deslizando seu dedo vagarosamente ao longo do rosto de Brunna.

-- Nasce florzinhas onde? -- Brunna perguntou confusa.

-- Aqui. -- Ludmilla apontou para o próprio coração. -- Nasce tanta florzinha que eu sinto que mal consigo respirar. Por quê?

Brunna sentiu seu estômago se revolver ao ouvir aquilo. Ludmilla conseguia se explicar facilmente, apesar de seu jeitinho doce e inocente.

-- Desculpe por isso. -- Brunna sussurrou.

-- Quando você está pertinho assim aumenta. -- Ludmilla murmurou. -- E eu queria te dar as florzinhas, mas eu não sei como.

-- Eu também sinto essas florzinhas quando eu te vejo. -- Brunna confessou.

-- Mas elas não param de crescer, Bu. -- Ludmilla disse. -- Elas cresceram muito quando eu acordei e te vi aqui comigo.

-- Oh, meu Deus. -- Brunna sussurrou para si mesma, não acreditando que aquilo realmente estava sendo dito. -- Você podia ficar grandinha logo. -- Brunna pensou alto sem nem perceber.

-- Não gosta de mim assim? -- Ludmilla perguntou confusa e Brunna afundou seu rosto na curva do pescoço de Ludmilla e enlaçou seus braços ao redor do corpo da menina.

-- Sabe por que eu vim? -- Brunna perguntou.

-- Porque estava sem sono. -- Ludmilla disse e Brunna riu abafado, já que seu rosto estava contra a pele de Ludmilla.

-- Eu vim porque você vai sair logo do hospital e eu não vou mais poder dormir com você. -- Confessou. -- Então vim ficar com você pela noite.

-- Eu peço para a mamãe deixar você dormir comigo lá na minha casa, Bu. -- Ludmilla disse como se tivesse achado a solução para seus problemas.

-- Eu aposto que sim, princesinha, mas vai ser mais complicado.

-- Eu tenho uma coberta rosa fofinha que a mamãe disse que comprou para mim. Eu divido ela com você.

-- Depois discutimos isso, tudo bem? Agora dorme porque amanhã cedo você tem consulta com a Ohanna.

-- Eu estou com frio. -- Ludmilla sussurrou como se fosse um segredo e então Brunna retirou seu moletom e o colocou em Ludmilla com cuidado, puxando a menina para seus braços a enlaçando os mesmos ao redor dela.

-- Obrigada por me manter quentinha. -- Ludmilla disse, erguendo o rosto e se inclinando ligeiramente, depositando um beijo no rosto de Brunna. As orbes Brilhantes fitaram demoradamente as castanhas e, sem perceber, Ludmilla começou a piscar quando olhou para os lábios de Brunna, fazendo a menor prender a respiração.

-- De nada. -- Brunna murmurou em um fio de voz. Ludmilla se inclinou e deu mais um beijo no rosto de Brunna; e depois outro. Não se contentando com isso ela se inclinou uma última vez e deixou um beijo no canto dos lábios de Brunna, para logo se deitar sobre o peito da menina.

-- Desculpe. -- Ludmilla sussurrou, piscando não tão rápido, porém de um jeito fora do normal. -- Eu queria saber como era. Eu vi na TV.

-- Só fez isso porque viu na TV? -- Brunna perguntou curiosa. Ludmilla começou a piscar muito mais rápido antes de suspirar.

-- Boa noite, Bu. -- Disse, afundando seu rosto contra o peito da menor.

-- Boa noite, Lud. -- Brunna disse, mordendo seu lábio inferior e respirando fundo. Ludmilla havia piscado, pensou sorrindo.

Talvez ela... Não! Pensou Brunna. Não crie expectativas; não crie ilusões, repetia em seu interior.

Porém, foi inevitável sorrir com aquilo, sobretudo pela ação ter partido de Ludmilla. Naquela noite Brunna foi dormir com seu coração cheio de florzinhas.

Em um Piscar de Olhos (Brumilla)Onde histórias criam vida. Descubra agora