Prólogo

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Nicolas

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Nicolas

Por seis meses eu tenho vivido no fundo do poço. Por uma garota. Eu sei que é patético dizer isso e, acredite, eu digo isso à mim mesmo todos os dias, mas mesmo assim não consigo sair do fim da linha onde estou. Não sem ela.

Logo depois que Anelyn decidiu terminar nosso namoro e ir embora com o pai dela para a Flórida, eu perdi completamente o sentido da minha vida, sentido este que, curiosamente, eu havia acabado de ganhar. Acabei me afundando de tal forma que não sei até hoje como consegui terminar o último ano do ensino médio. Tudo bem que, quando ela se foi, as aulas já estavam quase no fim, mas mesmo assim eu ainda precisava de nota, o que me faz pensar que os professores somente me aprovaram para se verem livres de mim e isso, na verdade, para mim tanto faz.

Meu pai já está a ponto de me internar em uma clínica de reabilitação, alcoólicos ou qualquer coisa desse tipo e eu não tiro a razão dele. Depois que um filho se forma no colégio, um pai espera que o elemento faça algo de útil e promissor com sua vida, o que, definitivamente, não é o que eu estou fazendo.

Eu saio todas as noites, são aproximadamente cento e oitenta dias sem Anelyn. Cento e oitenta dias tentando me distrair — ou seria destruir? —, com festas, álcool, drogas e mulheres de todo o tipo. Estou jogando o dinheiro do meu pai pela janela e acabando com minha vida, minha reputação e a dele de uma só vez e, apesar de me sentir péssimo pelo que tenho me tornado, eu não consigo mudar. Ou não quero. Não se for pra viver sem o bem que ela me fazia. Eu sei que vivendo assim acabo enganando à mim mesmo. Criando a ilusão de que dessa forma consigo mascarar pelo menos um pouco a situação em que meu coração se encontra. Mas é apenas isso. Uma ilusão.

Depois do fatídico acidente onde Anelyn e eu perdemos nosso bebê — que ainda estava sendo gerado dentro dela — ela perdeu a mãe e meu pai perdeu a segunda esposa, eu e ele chegamos a nos entender e eu achei que a partir dali nossa relação iria somente melhorar, mas me enganei, pois eu destruí todas as chances disso acontecer.

O que eu acho é que meu pai não tem expectativas boas para a minha vida. Penso que ele espera acordar qualquer dia desses com um telefonema no meio da madrugada dizendo que eu sofri um acidente de moto, ou uma overdose, ou estou em um coma alcoólico, ou qualquer outra coisa que resulte na minha morte iminente. E ele não sofrerá, porque sabe que o caminho que estou trilhando só poderá me levar à isso.

Minha amizade com Carter e Trevor já não é mais a mesma pelo simples fato deles serem jovens responsáveis que fazem faculdade e dão orgulho aos pais e eu ser o extremo oposto. Eles se importam comigo, percebo isso cada vez que algum deles me manda uma mensagem perguntando se ainda estou vivo ou algo do tipo, mas sempre que tento me aproximar deles como antes, parece que a falta de Anelyn dói ainda mais — talvez por Melissa estar sempre junto e eu saber que ela e Anelyn ainda mantém contato —, por isso os evito.

Parece que sempre que Melissa olha para mim, seu olhar está carregado de pena. Eu não ouso perguntar sobre Anelyn, pois tenho medo da resposta. Eu apenas queria ser forte para esquecê-la, para não lembrar dela a cada segundo do dia mesmo com as coisas mais cotidianas da vida, e seguir em frente de uma maneira decente, mas a forma como as coisas acabaram, me deixam sempre com a sensação de que não colocamos um ponto final na nossa história e isso nunca vai deixar essa ferida no meu coração cicatrizar.

Em teu caminho (CONCLUÍDO)Onde histórias criam vida. Descubra agora