Livro II da série MEU PRIMEIRO AMOR
Depois da morte executar mais uma jogada nas vidas do nosso casal, Anelyn e Nicolas, eles se separam de todas as formas possíveis.
Anelyn muda para uma cidade distante para morar com o pai que não vê há mais de d...
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Nicolas
Como eu imaginei, a forma como o orfanato conduziu a situação foi completamente errada, principalmente se tratando de uma criança. Tentei proteger Dave o máximo que pude dos detalhes de toda a investigação, mas isso foi realmente difícil e eu sei que tudo isso vai ficar marcado dentro dele pra sempre. Mais uma vez, não deixo de questionar o porquê de um garoto como ele ter que passar por tantas coisas horríveis na vida. É injusto. Muito injusto.
Depois que entreguei os desenhos de Dave ao advogado e contei tudo o que sabia, ele conduziu toda a denúncia, o colhimento dos depoimentos necessários e tudo o mais. A Madre teve uma queda de pressão ao saber a maneira como o psicólogo corrompia a mente de Dave durante as sessões de "atendimento" e tudo isso rendeu grandes problemas ao orfanato, por ninguém ter notado pelo que Dave vinha passando.
Agora, todas as crianças vão ter que passar por um acompanhamento muito mais rigoroso para saber se aquilo acontecia com mais alguma delas ou somente com Dave e quanto à Dave, simplesmente decidiram mantê-lo onde está. No orfanato. Tento conseguir que me deixem levar ele comigo pelo menos por essa noite para que não fique sozinho naquele lugar depois do dia cheio que tivemos, mas eles me lembram de que eu não sou nada do garoto e isso não é permitido, então, com meu coração partido, me despeço de Dave já perto das dez horas da noite.
— Amanhã eu volto. Eu prometo. E não tenha medo. Aconteça o que acontecer, eu só vou parar quando ver aquele cara na cadeia. — digo a ele. — Você é muito forte e corajoso, Dave. É um bom garoto. Nada vai mudar isso. Se cuida, beleza? — bagunço seus cabelos no momento em que uma das freiras aparece.
— Sr. Nicolas, o senhor precisa ir. Já excedeu mais tempo do que seria permitido visitar um órfão.
Ignoro o comentário da mulher e saio do quarto de Dave para poder ir embora. Me sinto exausto e ao mesmo tempo completamente inútil. Como eu gostaria de poder tirar Dave dali. Mas para onde ele iria? O coitado não tem nenhum parente, não tem nenhuma família na fila de espera para adotá-lo... Ele não tem ninguém.
De qualquer forma, não menti quando disse que só vou descansar quando aquele bandido estiver preso. Por enquanto, ele está sendo tratado no hospital, depois de ter sofrido danos — que eu espero que sejam irreversíveis —, a suas partes íntimas. Quando eu digo que Dave é um garoto muito forte e corajoso, eu não estou brincando. Que outra criança teria feito isso? Realmente não é de se surpreender com a reação da Madre e das outras freiras ao terem sido surpreendidas com a situação, mas a forma como elas acusaram e trataram Dave, eu não vou esquecer nunca mais.
Chego em casa e tomo um banho frio, sinto a exaustão e a fraqueza do meu corpo depois de um dos piores dias da minha vida e percebo que nem se quer fiz alguma refeição, mas agora isso vai ter que ficar pra amanhã. É difícil pegar no sono sabendo o quanto Dave ainda deve estar se sentindo sozinho e assustado, mas em algum momento minha consciência se perde sem que eu nem perceba.