1 - okay

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Volto a lembra-los que nem tudo nessa fanfic é fictício.

Boa leitura♡

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Olá, não que isso importe agora mas meu nome é Hazel Grace Lancaster.
Acabo de fazer 18 anos, vivo ainda em Indianópolis e inevitavelmente vitima do câncer.

Vocês conhecem a minha história: câncer terminal de tireóide que se espalhou para os pulmões, viva pela graça do Falanxifor (uma droga experimental) e anos de quimioterapia.

Um certo dia meus pais decidiram que eu estava deprimida, me fizeram ir a um grupo de apoio cristão com pessoas vítimas de câncer (sim, pessoas que também tem ou tiveram um raio culposo de câncer).

Foi lá que minha verdadeira historia linda e ao mesmo tempo triste começou, foi onde eu conheci o único, verdadeiro e falecido amor da minha vida, e possivelmente amor da minha morte. Mas vou polpa-los de ouvir essa história de novo, e também de chorarem comigo..

Fiz 18 anos, foi o aniversário mais triste que pude ter, faz apenas 5 semanas que meu amado Gus se foi.
Eu nunca imaginei que iria chegar a comemorar meus 18, assim como nunca imaginei que Augustus Waters morreria antes dos seus 18.

Meu ânimo para sair de casa ainda é o mesmo, só fui ao médico, ressonâncias e tomografias, como de rotina, visitas a Isaac e ao Sr. e Sra. Waters e aquele playground de esqueletos, ossos maneiras, aquele onde eu tive um piquenique com Augustus Waters, onde comemos um sanduíche de queijo holandês com um decepcionante tomate mexicano e tomamos suco de laranja. Minha rotina tem sido monótona.

Eu voltei lá porque precisava de algo que me fizesse me sentir perto da vida dele, já parecia não me lembrar mais do cheiro dele. Eu poderia facilmente ir até o túmulo onde ele estava, mas queria estar perto da vida dele e não da morte.
Eu me sentei no mesmo lugar onde estávamos a primeira vez e me lembrei de cada sentimento e frases daquele dia.

Ouvi repetidas vezes a música all i want do Kodaline, não que tenha sido escolha dele me deixar, mas era como Van Houter disse em nossa visita a sua casa: "não são as bobagens em que as vozes estão dizendo e sim o que elas estão sentindo"

Os sentimentos e a vibe que a música me passava era sobre tudo que eu estava sentindo, tudo que estava acontecendo dentro e fora de mim.

Os pais de Gus me ligam três vezes na semana para "saber como eu estava", mesmo que eu ache que é para verem se eu ainda sofro como eles. Não os culpo, entendo pouco o que sentem.

Ainda penso como será depois que eu morrer, provavelmente minha mãe vai ter aquele diploma de mestrado em serviços social, meu pai vai passar horas no trabalho tentando imaginar que eu estou em casa lendo poemas.

Meus pais dobraram a atenção que me davam, já era suficientemente bom o que eu me davam.. Agora tem sido difícil mesmo ter privacidade pra chorar por muito tempo, entendo que não querem que eu me sinta sozinha.

Eu ainda tento respirar fundo nas madrugadas e tento imaginar a voz dele saudável dizendo okay antes de desligar o telefone.

"Eu devia ir dormir

Okay

Okay

Okay

Okay

Talvez "okay" venha ser o nosso sempre"

Eu sinto falta dos seus pensamentos quase narcisistas e de querer deixar sua marca no mundo antes de morrer, e sinto muita falta da forma como ele entendia meus argumentos tirados de "Uma aflição imperial" e respondia com argumentos e conclusões tirados de "O preço do alvorecer"

Eu ainda posso imaginar ele com seu cigarro apagado e o sorriso torto e cafajeste mesmo contendo uma pitada de inocência junto, ao som de "The Hectic Glow" tocando ao fundo.

Eu adoraria dizer que ele se manteve corajoso até seu último dia, mas o medo é inevitável em certas circunstâncias... Principalmente quando você sabe que vai partir mas não sabe pra onde e nem o que há do outro lado.

Quando o câncer feito dele parou o coração dele que também era feito dele 
eu soube o quão injusta eu era com todas as pessoas que pairam ao meu redor.
Eu sempre me conformei que iria morrer, que a morte é inevitável e isso não me incomodava. Eu descobri que a verdade é que ela incomoda sim, a mim e a outras pessoas.. eu só fui entender isso quando o quase nada de câncer levou Augustus Waters, eu entendi porque eu percebi que a perda dói e que não doía em mim porque não se tratava da minha perda.

Um fato irrelevante de viver na cancervânia é que você não sonha com castelos, vestidos rodados com mangas bufantes e nem um príncipe encantado em um cavalo branco. Tudo que você quer é respirar sem aparelhos por um momento e que seu peito não queime por ficar 5 segundos  sem o cilindro de oxigênio. Você passa o tempo pensando se futuramente seus pulmões vão nadar em águas cancerosas de uma cor amber novamente ao envés de almejar um emprego e uma casa de praia.

"A dor é inevitavelmente o preço de se viver"

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bem vindo ao meu primeiro livro-fic

Obrigado por ler até aqui♡

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