A culpa é das pequenas estrelas

15 - E se...

Esse capítulo não tem interação entre personagens, e será um capítulo curto apenas para expressar a confusão mental de Hazel.

Boa leitura
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Quase 5 meses, todo esse tempo foi preciso para que eu me conformasse.

É natural que as pessoas sofram com o luto por um tempo, pode levar semanas, meses e até anos. Eu só me perguntava quando esse sentimento ia passar.

Eu sentia diariamente um aperto no peito, como se algo quisesse chegar ao coração, e ao mesmo tempo parecia que algo entalado em minha garganta queria sair pela boca. O sentimento de confusão era comum a essa altura, eu estava rodeada de pessoas preocupadas com a minha saúde física e mental, pessoas que queriam me ver bem, mas de alguma forma, eu estava exausta daquela luta constante.

Todos os dias o pesar vinha sobre a minha cabeça, algumas vezes me fazendo me encolher e me esconder de qualquer pessoa que fosse. Meus dias eram parados mas ao mesmo tempo, o relógio voava.

Eu estava me conformando que essas tentativas fúteis de preservar lembranças boas da minha vida não dariam em nada, o garoto de pele clara e ombros largos não voltaria, e nossas memórias morreriam comigo.

O curioso de se ir em um cemitério é ver tantas lápides, tantos nomes e histórias enterradas. Aquelas pessoas viveram, amaram, sofreram e até mesmo salvaram pessoas, e de qualquer forma foram parar ali, enterradas a sete palmos da terra.
É comum que seus entes queridos se lembrem de você, principalmente das boas memórias, mas ainda sim eles também morrerão. Em um determinado tempo, não sobrará ninguém que conheceu a sua história para se lembrar, e você morrerá novamente nas lembranças de seus familiares.

Havia tanto que eu ainda tinha para dizer, tantos sentimentos juntos, uma mistura louca que me afogava. Eu não tive a chance de dizer tudo isso, é como nas discussões, a gente diz muita coisa na hora da briga e quando a discussão acaba você pensa em milhões de coisas que poderiam ter sido ditas. Assim é na morte, quando a pessoa é arrancada brutalmente de você, é quando você percebe tudo que queria que ela soubesse, tudo que você poderia ter dito. De qualquer forma nada traria ela de volta, pode ser que em algum lugar essa pessoa ouça tudo o que você diz a ela em suas orações, ou a vida simplesmente acaba e ela passa a não existir.

Eu nunca tive medo de morrer, eu tinha medo da dor das pessoas próximas a mim quando percebessem que tinham me perdido, sem nem entender que a dor não era minha e eu não poderia fazer nada para salva-las dessa perda trágica.
No final de tudo, eu entendi que nada poderia ser feito, quando eu, por pura vontade do universo, perdi a única pessoa em que eu amei de forma mágica, o ar dos meus pulmões pareceram faltar, a minha cabeça latejou e fui inundada por um sentimento de vazio, uma onda caótica de confusão, um misto de lágrimas e soluços tomaram conta e eu me afundei na dor de perder o garoto na qual eu mais amei. Augustus Waters foi o grande e único amor da minha vida.

Eu tinha aceitado que ele foi um doce presente da vida, veio e me trouxe paz, mas em um determinado tempo ele se foi a levando consigo. Eu não teria outra oportunidade de sentir aquilo, eu nunca amaria outro alguém, mesmo sabendo que amores vem e vão o tempo todo.

Eu nunca tive a ambição de querer viver por muito tempo, mas por ele eu viveria, pra mantê-lo vivo por mais tempo nas lembranças das pessoas.

A verdade é que o mundo é um grande "E se". E se isso tivesse dado certo, e se isso não tivesse acontecido, e se eu tivesse tentado de outra forma. Mas nada muda, são perguntas retóricas que fazemos a nós mesmos para nos culparmos por algo dar errado. A sempre algo que poderíamos ter feito de diferente e que mudaria tudo.

Passamos toda a vida nos preocupando com o futuro. Fazendo planos para o futuro. Tentando prever o futuro. Como se desvendá-lo fosse aliviar o impacto. Mas o futuro está sempre mudando. O futuro é o lar dos nossos medos mais profundos e das nossas maiores esperanças. Mas uma coisa é certa: quando ele finalmente se revela, o futuro nunca é como imaginamos.

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Eu amo esse último parágrafo, foi tirado de Greys anatomy. Recomendo pra quem gosta desse tipo de drama.

Alguns podem achar que é um pouco dramático e melancólico demais esse tipo de capítulo, mas é uma forma de conhecer o que o personagem sente e como ele se vê. Espero que tenham gostado, logo mais eu posto capítulos novos.💗

(Como eu parei de escrever ano passado e voltei agora, vocês vão perceber algumas mudanças na forma de pensar e na escrita também, estou buscando melhorar e trazer capítulos ainda mais intensos pra vocês)

Deixem a estrelinha pra me ajudar e se possível comentem pra que eu saiba que estão gostando.❤️