Capítulo Vinte e Um - 2°parte

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Victor Decker:

Minha jornada através do espelho era muito menos emocionante do que quando eu andei da casa de Morfeu até a localização da jóia do cetro. Minha mente estava consumida por pensamentos de Caleb, Bond e minha família.

Eu pressionei a palma da mão contra o rosto, em uma tentativa vã de afastar o pensamento mais sombrio que se instalava em meu peito. Se ele ferisse Zack, Brian ou meus pais de qualquer forma, eu o mataria. Mesmo que isso significasse afundar ainda mais nas sombras do meu coração.

Doente de preocupação e lutando contra o desespero que ameaçava me derrubar, finalmente alcancei o fim do túnel mágico no espelho. À minha frente, uma simples porta de madeira se destacava a poucos passos de distância. Mesmo na escuridão difusa do outro lado, eu a reconheci. Era a porta do banheiro da minha casa. Saltei para fora do espelho.

As sombras, repletas de ódio assassino, se abateram imediatamente sobre mim, tirando-me o fôlego. Elas pairavam no ar enquanto eu tremia, olhando ao meu redor com horror, meu estômago retorcendo-se de forma tão dolorosa que quase vomitei. Espinhos pareciam brotar de todos os lados no corredor, fazendo-me dar um salto assustado e tampar a boca para abafar um grito. Então, ouvi um ruído vindo do sótão e me dirigi naquela direção. Uma figura espreitou pela porta quando me aproximei.

— Victor? — Zack disse, olhando atentamente, e então se lançou sobre mim.

Ouvi vozes vindas do mesmo lugar: meus pais, Brian, Mark e Blue, todos com roupas rasgadas.

— Olá, pessoal! — Alívio inunda meu ser enquanto abraço Zack com força. Ele estava gelado ao toque, tremendo violentamente em meus braços.

— Você voltou. — Ele sussurra enquanto Puck cruza o quarto e fecha a porta silenciosamente.

Meus pais se aproximam e me abraçam com força, e até Brian se junta ao abraço.

— Precisamos sair daqui o mais rápido possível! — Mark diz, olhando ao redor com urgência.

Uma sensação de pânico toma conta de mim.

— O que aconteceu? — Pergunto, segurando Zack com um braço e tentando sentir a magia de Caleb ou Bond.

— Ele veio — Zack sussurrou, agarrando minhas mangas com suas pequenas mãos. — A pessoa que saiu das sombras e fez esses espinhos, Adelaide, me disse que ele estava vindo. Ela nos disse para nos escondermos no sótão, que ela iria mantê-los afastados até que conseguíssemos sair iria levar ele para longe de casa.

— Adelaide? Quem é essa? — perguntei com curiosidades e confuso.

— Ela é uma duende que vive em nosso jardim desde que você desapareceu. — minha mãe explica. — Um fadinha adorável que adora comer chocolate e me ajuda a cuidar do jardim todos os dias.

Imagino que isso deve ser ela querendo amenizar as coisas para o meu pais, que pelo que convivi com as fadas nos últimos tempos elas nunca são muito fofinhas.

— Entendi. — Franzo a testa, esfregando os dedos de Zack entre os meus. Por que uma criatura das sombras estaria ajudando? — E então, o que aconteceu?

— Adelaide desapareceu, e nós entramos no sótãoquando esses espinhos começaram a surgir por toda a casa. — Brian relata.

Meu pai parece o único confuso com toda essa situação, enquanto Mark e Blue parecem ter aceitado as peculiaridades desde a última vez que nos encontramos. O feitiço de Mirna sobre minha família finalmente parece ter desaparecido completamente, revelando os traços feéricos de meus irmãos e uma mãe que é uma cópia perfeita de Morgana.

Anjo das sombras | Livro 3: O País Das MaravilhasOnde histórias criam vida. Descubra agora