CAPÍTULO 3

5.2K 793 85
                                    

Havia algo de muito fascinante em tempestades

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

Havia algo de muito fascinante em tempestades.

Claro que se eu estivesse debaixo do meu cobertor, com um bom livro e uma caneca de chá, estaria apreciando mais. Ainda assim, era lindo de se ver.

E fotografar também, é claro.

O voo estava atrasado e não havia muitas coisas que eu pudesse fazer. Poderia ler, ficar na internet, ouvir música... mas no momento em que abri minha bolsa, minha câmera pareceu se destacar lá dentro mais do que qualquer outra coisa.

Peguei-a, tirando o protetor de lentes, ajustando o foco e esperando o momento certo. O mundo lá fora apresentava uma atmosfera sombria, como se um poderoso mago fosse surgir em meio às nuvens, e de seu cajado os raios se materializariam. Diferentes tons de púrpura manchavam o entardecer, trazendo uma noite precoce, que deveria me assustar, mas só me deixava ainda mais ansiosa para uma foto inesquecível.

Quando ela surgiu, com um raio perfeito cortando o firmamento, registrei o momento, pesando o dedo para tirar mais de uma, esperando captar várias nuances.

Eu poderia ficar ali a noite inteira – ou ao menos até que meu voo chegasse –, apenas fotografando a bela tempestade, mas uma voz masculina me interrompeu.

— É uma forma interessante de passar o tempo.

Afastei a câmera e me virei na direção da pessoa que falava, com uma expressão séria, querendo passar um claro recado de que não estava interessada em conversinha fiada. Só que o rosto familiar chamou a minha atenção.

Era o cara da cafeteria e em quem esbarrei diante do guichê da companhia aérea. O cara que eu ouvi pedir o mesmo tipo de café que o meu, aliás.

Eu normalmente não reparava em desconhecidos em meio a multidões, mas aquele era o tipo de homem que não passaria despercebido. Primeiro porque ele era grande. Enorme, se eu fosse mais honesta. Era mais de uma cabeça mais alto do que eu, o que lhe dava provavelmente mais de um metro e noventa. Além disso era bonito. O que não queria dizer nada. Eu conhecia outros homens de boa aparência que não valiam porcaria nenhuma.

Tá ok, novamente eu estava sendo econômica. Ele não era bonito. A beleza dele gritava: perigo.

Um sorriso quase antipático curvou meus lábios, mas, novamente, eu não estava interessada. Um cara tão bonito quanto ele não iria insistir muito, para a minha sorte.

Ou talvez eu estivesse enganada.

Ele ficou parado ao meu lado, com ambas as mãos entrelaçadas nas costas, os ombros enormes retesados, postura quase militar. Assim permaneceu, observando pelas vidraças o mesmo que eu via através da minha câmera.

Bem, se ele queria ficar ali, eu não poderia proibi-lo. O aeroporto era público, afinal.

Ergui mais uma vez a minha câmera, tirando mais algumas fotos, tentando ignorar sua presença.

Questões do DestinoOnde histórias criam vida. Descubra agora