CAPÍTULO 23

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Eu sabia que todas as roupas que estavam naquele armário ridículo e caro que Cláudio montara para mim eram do meu tamanho correto

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Eu sabia que todas as roupas que estavam naquele armário ridículo e caro que Cláudio montara para mim eram do meu tamanho correto. Provavelmente meu pai, chantageado e coagido, lhe passara as informações ao meu respeito, mas, naquele momento, nenhuma delas parecia me servir perfeitamente. Todos os vestidos estavam largos.

Precisei optar por um que contava com um cinto, para não parecer estar vestida em um saco de batatas.

Tentei compensar alisando meu cabelo com secador, deixando-o bem escorrido, porque não estava com paciência de fazer qualquer penteado elaborado. Maquiagem simples, apenas para esconder o que eu não podia demonstrar. O cansaço, a dor, as noites mal dormidas, a tristeza.

Mesmo assim, lá estava eu novamente interpretando a noivinha de Sérgio Mondego.

Tentei comer mais daquela vez, porque sabia que acabaria ficando doente, mesmo que a comida não descesse bem. Tentei fingir sorrisos mais uma vez, mas eu sabia que não estava dando muito certo.

Todas as vezes que eu olhava para Cláudio, sentia o ódio me corroer. Sentia uma imensa vontade de gritar aos quatro ventos tudo o que estava fazendo comigo e com o próprio filho. Queria bancar a louca e falar a verdade, não importava o que iria acontecer depois.

E foi tomada por esse sentimento tão perigoso que ouvi meu nome sendo chamado pela esposa do casal, enquanto eu brincava com meu garfo, totalmente alheia a tudo ao meu redor.

Voltei-me para ela quando ouvi a voz de Cláudio também me chamando, com um pouco mais de ênfase.

— Não perguntei ainda como você e Sérgio se conheceram... — Ela era toda sorrisos, o que mexeu ainda mais com a minha mente.

Queria ver se ela iria sorrir se eu contasse tudo...

Bem... eu poderia tentar.

Meus lábios se curvaram em um sorriso falso, e eu tomei coragem:

— Ah, foi uma linda história de amor. Cláudio me enganou, dizendo que eu seria secretária de Sérgio, mas, no final das contas, ele apenas me chantageou para aceitar me tornar uma noiva de conveniência.

Completo silêncio.

Eu podia sentir a tensão como algo palpável.

Voltei meus olhos para Cláudio, e ele estava fumegando de ódio.

Deixei todos assustados por mais tempo, mas rapidamente comecei a rir, mesmo sem nenhuma vontade.

— É brincadeira, claro. Foi quase amor à primeira vista. Não foi, querido? — Voltei-me para Sérgio, sentindo-o tenso ao meu lado, especialmente quando peguei sua mão, tentando tornar a história mais plausível.

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