CAPÍTULO 18

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ALEXANDER

Trancada.

A porta do quarto de Brianna estava trancada.

Queria acreditar que fora ela quem fizera isso para se proteger, mas algo me dizia que não.

Eu não pretendia entrar sem permissão, mas girei-a só por curiosidade. Qual não foi minha surpresa ao constatar que estava certo?

Bati algumas vezes e não obtive resposta.

Novamente.

O silêncio começava a me deixar ainda mais tenso.

— Brianna! — chamei, ainda batendo, mesmo sabendo que era errado, que alguém poderia nos ver, embora Cláudio já tivesse descido há algum tempo, pelo que pude ouvir. — Por favor, só me diga se está bem.

Mais alguns instantes de silêncio. Pura agonia.

— Estou — uma voz frágil e embargada veio do outro lado da madeira, soando pouco abaixo de mim, como se Brianna estivesse sentada no chão, encostada na porta.

Agachei-me também, esperando ouvi-la melhor e constatar se estava certo. A imagem dela daquela forma, quase derrotada, se projetou na minha mente, enchendo meu peito de sentimentos muito conflitantes.

— Você se trancou aí? — perguntei com cuidado e medo da resposta.

Outros segundos de hesitação.

— Não — foi sua única resposta.

Lá estava o meu receio.

— Ele prendeu você? — o questionamento saiu como um rosnado. Ela não respondeu. Nem precisava. — Brianna, o que ele fez? Tocou em você? Te machucou?

— Não — ela repetiu, parecendo ainda mais ferida, como se falar fosse doloroso.

— Porra! — exclamei, transtornado, levando meu punho à porta e socando-a, como se isso pudesse minimizar minha raiva. — É só você pedir, Brianna. Só pedir que eu arrombo essa merda e te tiro daí.

Ouvi um soluço um pouco mais alto, e a vontade que me deu foi de fazer o que tinha acabado de falar que faria, mesmo sem o consentimento dela. Mas não era tão simples.

— Não, por favor. Ele sabe sobre nós. Se você fizer isso, não sei quais serão as consequências.

— Então me deixe ir à polícia. Você está sendo mantida sob cárcere privado. É crime.

— Se eu o denunciar, meu pai vai junto. Ele vai usar o que tem.

— Mas que merda, Brianna! Talvez o seu pai mereça ir preso pelo que fez — alterei-me, mas logo me acalmei e percebi o erro. — Me desculpa. Eu não queria dizer isso.

— Ele não teve culpa, Alex! Talvez só por ser ingênuo, mas eu acredito no meu pai. Nunca faria nada que pudesse me prejudicar. Por favor... não vá à polícia... — Ela chorava de soluçar, e aquela maldita porta entre nós me impedia de poder confortá-la.

— Tudo bem, linda. Calma. Não vou fazer nada que você não queira, mas entenda o meu lado — pedi, suavizando o tom de voz.

— Eu entendo. Mas entenda o meu também. Prefiro que seja eu, ok? Que seja eu — repetiu de forma mais enfática. — O meu preço não vai ser tão alto quanto o deles.

Questões do DestinoOnde histórias criam vida. Descubra agora